domingo, 1 de fevereiro de 2009

A decadência do capitalismo


Título de um texto publicado no "El País" de hoje: Davos asume la decadencia del capitalismo a la americana.
Ou seja: É preciso que algo mude, para que tudo fique na mesma.
Essa é já a estratégia dos senhores do mundo, cujos privilégios, cuja ganância, cuja falta de escrúpulos, cujo egoísmo social estruturante do seu domínio, levaram o mundo para o abismo em que está. Um abismo que como palavra é forte, mas como vivência é miséria, desgraça, aflição, infelicidade para milhões, para muitos milhões de seres humanos. E incerteza para muitos outros.
Eles sabem que o capitalismo não é eterno. Procuram agora subliminarmente atrelar a crise que provocaram ao desmoronamento da Casa Bush, essa criatura que eles próprios inventaram e alimentaram. Querem agora misturar-se com a esperança, assumindo um novo rosto e procurando garantir mais algumas décadas de privilégios para si próprios e de pesadelo para milhões de seres humanos.
O oráculo de Davos falou. Não podendo fugir ao destino da sua própria morte, não podendo fugir ao seu destino, procurou empurrar essa morte anunciada para dentro de um rosto que lhe pareceu descartável e para o futuro.
Falemos de nós, socialistas. Eles sabem que o capitalismo não é eterno. E nós, socialistas, continuaremos ouvindo essas decrépitas sereias teóricas do neoliberalismo mole que pretendem fazer-nos aceitar o absurdo de que é na mansidão perante o neoliberalismo que se revela a inteligência do socialismo?
Abandonemos as cinzas da terceira via. Os seus deuses eram afinal apenas os criados que traziam o café para os senhores do mundo beber. Queremos ser nós próprios ou queremos continuar presos à ladainha de um funeral que já acabou ?
Os senhores de Davos vão ligar-se à máquina da sobrevivência, para que o seu poder e os privilégios que o integram durem o mais possível.
E as direcções dos partidos da Internacional Socialista vão continuara a sujeitar-se a servir cafés aos senhores do momento? Ou vão pôr os pés em cima da mesa e dizer: "A festa acabou!"? Se os puserem, estejam certos, os povos ficarão do nosso lado e nós, socialistas, voltaremos todos ao nosso lugar. Só então, haverá uma unidade de todos nós com o nosso passado e com a esperança dos povos. E essa é a única unidade que realmente interessa.
Poderemos então ajudar a pilotar a transição, longa e difícil, do capitalismo para o pós-capitalismo, aproximando o futuro da liberdade, da solidariedade e da justiça.
Eles estão acordados . E nós ?

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