Um dos coelhos lançado como lebre, para fazer correr a Dama de Cinza, é um exemplar liberal ainda jovem.
Como acontece nas corridas a sério, uma vez ou outra, a lebre entusiasma-se e ganha , ou tenta ganhar, a corrida.
Talvez por isso, o dito coelho vai aflorando na comunicação social com poses cada vez mais graves. É certo que amarrado a uma cartilha, que os últimos meses envelheceram cem anos, o dito coelho diz por vezes umas coisas, sobre o que diz pensar que deve ser o país, que parecem tiradas de um filme dos irmãos marx. Mas, justiça lhe seja feita: di-las sempre com ar grave e com uma voz ponderada que parece vir directamente de um cérebro atento, diligente e arguto.
O povo olha desconfiado, nem sabendo, por vezes, se há-de rir se há-de chorar. Se há-de rir com o humor neoliberal do desfasamento completo com a realidade, se há-de chorar com a angústia ainda que remota de ver um tão fogoso coelho destroçar o país e arruinar-lhes as vidas já tão difíceis.
Angustiado com o que ele pensa ser a distracção popular, o azougado coelho resolveu respirar um pouco de cultura, sorver uns bons tragos de filosofia, adornar-se com a patine dos anos 60. E se bem o pensou , melhor o fez. Na primeira oportunidade mediática, reuniu algumas frases que lhe pareceram inteligentes, salteou-as com alguns nomes de escritores e com algumas discretas alusões a livros, e revelou-se denso, profundo, complexo. E inebriado pelo perfume chique dessa suave cultura, resolveu dar o retoque final, pôr a marca indelével do patamar da exigência. Na modesta arca do seus filósofos preferidos, buscou o que lhe pareceu mais adequado a um fim de tarde mundano num café de Paris: Sartre. Sartre, com o seu perfume ousado de um existencialismo que a direita pode usar como um retoque de modernidade e ainda por cima com a vantagem de já não estar entre os vivos. E na vertigem da náusea sartriana, o jovem coelho feito lebre inventou para Sartre uma nova obra: "Fenomenologia do Ser".
Espantado, o velho Sartre teve um arrepio na alma e enviou o seu espectro ao mundo dos vivos para conhecer tão inesperada figura. De regresso, o espectro sossegou a alma atormentada do filósofo.
Como acontece nas corridas a sério, uma vez ou outra, a lebre entusiasma-se e ganha , ou tenta ganhar, a corrida.
Talvez por isso, o dito coelho vai aflorando na comunicação social com poses cada vez mais graves. É certo que amarrado a uma cartilha, que os últimos meses envelheceram cem anos, o dito coelho diz por vezes umas coisas, sobre o que diz pensar que deve ser o país, que parecem tiradas de um filme dos irmãos marx. Mas, justiça lhe seja feita: di-las sempre com ar grave e com uma voz ponderada que parece vir directamente de um cérebro atento, diligente e arguto.
O povo olha desconfiado, nem sabendo, por vezes, se há-de rir se há-de chorar. Se há-de rir com o humor neoliberal do desfasamento completo com a realidade, se há-de chorar com a angústia ainda que remota de ver um tão fogoso coelho destroçar o país e arruinar-lhes as vidas já tão difíceis.
Angustiado com o que ele pensa ser a distracção popular, o azougado coelho resolveu respirar um pouco de cultura, sorver uns bons tragos de filosofia, adornar-se com a patine dos anos 60. E se bem o pensou , melhor o fez. Na primeira oportunidade mediática, reuniu algumas frases que lhe pareceram inteligentes, salteou-as com alguns nomes de escritores e com algumas discretas alusões a livros, e revelou-se denso, profundo, complexo. E inebriado pelo perfume chique dessa suave cultura, resolveu dar o retoque final, pôr a marca indelével do patamar da exigência. Na modesta arca do seus filósofos preferidos, buscou o que lhe pareceu mais adequado a um fim de tarde mundano num café de Paris: Sartre. Sartre, com o seu perfume ousado de um existencialismo que a direita pode usar como um retoque de modernidade e ainda por cima com a vantagem de já não estar entre os vivos. E na vertigem da náusea sartriana, o jovem coelho feito lebre inventou para Sartre uma nova obra: "Fenomenologia do Ser".
Espantado, o velho Sartre teve um arrepio na alma e enviou o seu espectro ao mundo dos vivos para conhecer tão inesperada figura. De regresso, o espectro sossegou a alma atormentada do filósofo.
" Não tem inportância . É só um candidato a líder do PSD! É como aquela história dos violinos e dos tomases".
1 comentário:
Boa piada!
Já agora vale a pena recordar o JN de hoje:
"No mesmo dia, Pacheco Pereira respondeu no blogue Abrupto, ironizando sobre "a mania muito portuguesa do dropping names para mostrar cultura ". "Esta lista de leituras tem um pequeno problema para além da sua implausibilidade, é que não existe nenhuma Fenomenologia do Ser de Sartre, que eu saiba. Basta percorrer a lista de obras de Sartre para ver que não há nenhum livro com esse título, a não ser que seja um obscuro artigo que desconheço".
"Só quando não se faz a mínima ideia do que são estas obras, é que se pode falar assim delas, mesmo das inexistentes", remata.
Afinal o que existe é, isso sim, "O ser e o Nada - Ensaio de ontologia fenomenológica" (1943), de Sartre. Terá sido a este livro que Passos Coelho se queria referir? Fica por responder por ter sido impossível chegar a falar com o militante social-democrata. Para a história ficaram os concertos para violino de Chopin, referidos por Santana Lopes ou A Utopia, de Thomas Mann, que esteve na cabeceira de Cavaco Silva."
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