Compreendo que, estando já a decorrer uma batalha, os soldados, os sargentos, os tenentes, os tementes e mesmo alguns brigadeiros na reserva queiram fazer alguma coisa. Dar um tiro em alguém, cortar uma orelha a algum adversário. Compreendo até que montem no cavalo branco das pequenas ambições e corram à desfilada no campo de batalha, de um lado para o outro. Quando a refrega vai ribombando já, por montes e vales, é difícil aguentar os cavalos.
Já me custa mais perceber qual a razão pela qual alguns impulsivos e desinteressados guerreiros se põem a atirar pedras ao seu próprio candidato. Pedras, às vezes vestidas de palavras planas, mastigadas e previsíveis, mas apesar de tudo pedras, uma vez que podem quebrar a credibilidade do candidato. Pedras do género: "Eu Diocleciano da Purificação, dirigente muito antigo do PS, Presidente da Comissão Concelhia de Pica-Pau de Baixo, apoio o Candidato X que, sendo primo do meu vizinho, é um homem com causas que se pauta por princípios com muito valor e por valores plenos de princípios. Permito-me ainda lembrar que o Candidato Y não ajudou uma velhinha a atravessar a rua o ano passado no Algarve".
Consta que, precisamente por isso, um assessor de imagem aconselhou: " Ó Xis, manda o Purificação purificar-se de moscas aos quadrados. Pede-lhe mas é que apoie o Ypsilon para ver se ganhas uns votos". Mas o Xis não quis fazer uma desfeita dessas ao Presidente e preferiu amarelar apenas um sorriso e deixar andar.
Por isso, o candidato Ypsilon teve que fazer constar nos corredores da comunicação social que nem viu a velhinha, nem foi ao Algarve no ano passado. E o Diocleciano veio insistir publicamente: " É o que vos digo, votem Xis porque é isso que eu digo".
Permito-me por isso, humildemente, sugerir a libertação imediata dos apoiantes de Xis e Ypsílon, que estão há três dias fechados em salas, a escrever os programas das respectivas candidaturas. Só eles os vão ler, uma vez que as hostes estão já quase todas alinhadas por razões muito mais ponderosas do que os detalhes programáticos que possam existir num programa. De facto, é voz corrente que o candidato Xis, faz agora seis meses, levantou respeitosamente um dedo crítico numa pequena reunião de bairro, enquanto o candidato Ypsílon se limitou a acenar desaprovadoramente com a cabeça, na mesma reunião.E essa enorme diferença de atitudes faz toda a diferença.
Já no que me diz respeito, na minha qualidade de militante embirrento, prefiro perguntar uma coisa mais simples: "Qual é a posição dos candidatos à liderança do PS quanto a uma proposta de revisão constitucional,vinda da direita, que insista em pontos ( nalguns ou em todos) que foram repudiados pelo PS na legislatura anterior?"
7 comentários:
Importa também, saber se algum dos candidatos está disposto a avançar com o compromisso de aceitar as primárias para escolha dos candidatos a deputados e a outros cargos de cariz político...
Vamos aguardar...
Eis q ouço a minha consciência dizer - é o carisma. Que pena, digo eu. José N. Fonseca
Boa questão, bem como o primeiro coment´rio. A pressa com que se reuniram as tropas dos dois lados indicia que nos ficamos pela fulanização: mais proximo do ex-lider; opositor do ex-lider. E quanto aos programas, a substância, nada...
Mais uma oportunidade perdida?
Aquando do Congresso de Matosinhos, estavam todos, ou quase, com o Zé. Menos de dois meses e meio depois, os mesmos, todos ou quase, estão com o Chico e com o Tó. Todos, ou quase, aclamaram o Zé, o único!Alguns, pelo menos um, elogiaram o Chico!
E muitos deles, estiveram quase sempre de forma incondicional ao lado do Zé, o seu idolo e um verdadeiro artista nacional, apoiando e elogiando as desastrosas políticas que conduziram o país à triste condição de indigência internacional.
Rosnaram palavras de apreço às "políticas educativas" de uma sinistra ministra que em quatro anos quase destruiu o edifício educativo que levou décadas a erguer.
Findo o reinado anterior, os boys, carreiristas, aparelhistas, e outros que tais, não perderam tempo. Que se lixem a ideias!O importante é apoiar de imediato um dos candidatos a líder, de preferência aquele que estiver em melhores condições de vencer a pugna interna que se avizinha, pois será ele que , em última instância, terá uma palavra em relação à manutenção do cargo x ou y, ou a muitas outras coisas que são importantes para quem fez/faz do Partido rampa de lançamento para voos a que se não alcandoraria por méritos pessoais e/ou profissionais.
E os apoios não tardaram. Alguns foram até divulgados com pompa e circunstância através de sms por figuras que não conseguem enxergar a sua insignificância e irrelevância política em termos de influência social, apesar dos cargos que possam deter, pelo menos internamente.E como o hábito não faz o monge...!
Contudo, coloca-se a questão: os "progressistas de esquerda" que que sempre apoiaram acriticamente o "progressista de esquerda" do Zé, irão, agora, apoiar quem?
O importante seria o PS partir para um debate onde fosse questionado o papel da esquerda na sociedade actual, e em função disso, "redefinir" o seu espaço ideológico no estrito respeito pelos princípios e valores da esquerda democrática.
Socialista de Coimbra
1. O socialista de Coimbra tem a exemplar coragem de permanecer anónimo.
2. A sua visão nalguns aspectos é um espelho acrítico do modo como a direita lê a governação do PS. Noutros é tão tremendidta que perde a conexão com a realidade.
3. Em toda a diatrbe não mostra a sombra de uma ideia que mereça ser preferida em comparação com tudo aquilo em que zurze.
4. Se foi ele o único que não se calou, tendo antes criticado o que critica agora não se percebe porque não se identifica.
- Rosnaram palavras de apreço às "políticas educativas" de uma sinistra ministra que em quatro anos quase destruiu o edifício educativo que levou décadas a erguer.- este parágrafo basta para identificar um bloquista disfarsado de PS.Com amigos destes dentro do PS, não necessitaria o PS de ter inimigos, pois estes conseguem ser muito mais perigosos que os que se afirmam ser. Há dias enviaram-me um video onde na rua se perguntava a jovens com mais de 20 anos, quem foi o OTELO, quem foi Salazar, etc etc fiquei siderado com as respostas desses jovens.Foram as "políticas educativas" existentes anteriormente ao Governo de Socrates com professores avaliados por eles proprios que educaram estes jovens. Tenho 65 anos de idade e teria vergonha de ter voltado aos bancos da escola para ser ensinado pela maioria dos professores que existem neste pais.
Concordo inteiramente com a questão levantada pelo Rui Namorado sobre a revisão constitucional.
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