Apesar de uma efectiva margem de incerteza, a fazer fé nas sondagens, a vitória da direita nas próximas eleições tem surgido como provável nos últimos dias. Mas sendo provável, não é certa. De facto, o desgaste do PS, sendo uma realidade, ficará longe das indicações existentes no momento em que as oposições, lideradas pelo PSD, precipitaram a crise política que conduziu a estas eleições. As actuais oposições de esquerda, apesar de terem fortemente flagelado o PS, encarando-o como o inimigo principal, não parecem ter conseguido engrossar à sua custa. Assim, em termos práticos, se o pior ocorrer, arriscam-se a ter apenas contribuído para que a direita no seu todo e o PSD, em particular, atinjam os seus objectivos.
Os interesses económicos instalados e os poderes fácticos soltaram todos os seus cachorros mediáticos e envolveram-se, eles próprios, ostensivamente no selvático ataque ao PS e a Sócrates, perpetrado pelos partidos da direita. Mas fizeram-no, menos como se tivessem esse propósito estratégico como um objectivo pensado, do que como uma matilha enlouquecida que se deixasse guiar por pulsões de hostilidade primária, por ódios recalcados e por uma sofreguidão imensa de salvaguarda e ampliação dos seus insustentáveis privilégios estruturais. As oposições de esquerda, distantes de uma estratégia de combate autónoma, deixaram arrastar-se demasiadas vezes, para o coro dominante, ficando com o modesto papel de serem seus instrumentos. Desse modo, combateram-se, em larga medida e em última instância, também a elas próprias.
O PS, e nomeadamente José Sócrates, bateu-se com galhardia, funcionando a sua máquina eleitoral com a eficiência necessária, ao ponto de, apesar de uma aparente desvantagem, não estar ainda afastado, por completo, de uma possível vitória eleitoral. No entanto, não soube organizar as suas segundas linhas para as poder fazer avançar em momentos que se revelassem como decisivos, em contra-ataques contundentes, que permitissem desbaratar os seus adversários. Sendo também evidente que tudo poderia ser, para si, muito mais fácil, se o PS tivesse estado presente, nos últimos anos, nalgumas áreas de intervenção social que deixou vazias, bem como se tivesse sabido melhorar substancialmente a sua estruturação organizativa e o seu funcionamento interno, como há vários anos alguns dos seus militantes repetidamente têm proposto.
Ou seja, a hipotética derrota eleitoral do PS, anunciada como fragorosa há uns meses atrás, veio minguando até se ter transformado numa simples probabilidade que apenas nos últimos dias parece reforçada. Não é pois uma parede intransponível que temos pela frente. Há uma janela que ainda pode ser aberta. Basta convencer o eleitorado de esquerda ainda indeciso ou que tenha decidido votar em branco ou abster-se. E mesmo aqueles que sintam irremediavelmente quebrado o elo afectivo ou racional que os fazia votar no PS podem ainda reconsiderar.
Os interesses económicos instalados e os poderes fácticos soltaram todos os seus cachorros mediáticos e envolveram-se, eles próprios, ostensivamente no selvático ataque ao PS e a Sócrates, perpetrado pelos partidos da direita. Mas fizeram-no, menos como se tivessem esse propósito estratégico como um objectivo pensado, do que como uma matilha enlouquecida que se deixasse guiar por pulsões de hostilidade primária, por ódios recalcados e por uma sofreguidão imensa de salvaguarda e ampliação dos seus insustentáveis privilégios estruturais. As oposições de esquerda, distantes de uma estratégia de combate autónoma, deixaram arrastar-se demasiadas vezes, para o coro dominante, ficando com o modesto papel de serem seus instrumentos. Desse modo, combateram-se, em larga medida e em última instância, também a elas próprias.
O PS, e nomeadamente José Sócrates, bateu-se com galhardia, funcionando a sua máquina eleitoral com a eficiência necessária, ao ponto de, apesar de uma aparente desvantagem, não estar ainda afastado, por completo, de uma possível vitória eleitoral. No entanto, não soube organizar as suas segundas linhas para as poder fazer avançar em momentos que se revelassem como decisivos, em contra-ataques contundentes, que permitissem desbaratar os seus adversários. Sendo também evidente que tudo poderia ser, para si, muito mais fácil, se o PS tivesse estado presente, nos últimos anos, nalgumas áreas de intervenção social que deixou vazias, bem como se tivesse sabido melhorar substancialmente a sua estruturação organizativa e o seu funcionamento interno, como há vários anos alguns dos seus militantes repetidamente têm proposto.
Ou seja, a hipotética derrota eleitoral do PS, anunciada como fragorosa há uns meses atrás, veio minguando até se ter transformado numa simples probabilidade que apenas nos últimos dias parece reforçada. Não é pois uma parede intransponível que temos pela frente. Há uma janela que ainda pode ser aberta. Basta convencer o eleitorado de esquerda ainda indeciso ou que tenha decidido votar em branco ou abster-se. E mesmo aqueles que sintam irremediavelmente quebrado o elo afectivo ou racional que os fazia votar no PS podem ainda reconsiderar.
Nestas eleições, na verdade, há duas razões dominantes para se fazerem escolhas. A primeira é uma identificação forte com a linha política de um partido ou a existência de um vínculo formal de pertença que com ele faça conexão; a segunda é uma lógica de contenção de danos. De facto, tem plena lógica que eu vote num partido, de cuja linha política me tenha distanciado, se desse modo eu puder contribuir para evitar que as eleições sejam ganhas por um outro partido, cuja política representaria um agravamento das razões que me levaram a afastar do primeiro.
É este o caso. Na actual conjuntura, ou conquista a liderança do governo o PS ou o PSD. E se uma parte dos eleitores do PS deixarem de votar nele por acharem que se afastou da sua identidade histórica, aproximando-se da direita, estarão a pôr no poder um PSD que irá agravar todas as razões subjectivas de queixa que os levaram a afastar-se do PS. E o que vale para esses eleitores, vale para qualquer eleitor de esquerda que não seja militante do PCP ou do BE, ou que não seja um eleitor habitual plenamente identificado com esses partidos. Impedir o PS de ser o partido mais votado, consentir que o PSD ganhe as eleições e a direita tenha maioria absoluta na Assembleia da República, não é apenas uma derrota do PS, é uma vitória da direita.
Cada eleitor que se considere a si próprio de esquerda, não estando vinculado a qualquer dos partidos que a integram, terá de pensar as eleições de amanhã não só no quadro do binómio concordância / discordância em face do actual governo e do PS, mas também no quadro de um binómio de risco de maior força da direita/ maior risco para a esquerda. Neste contexto, quem não chegar a uma opção de voto pela primeira via terá de seguir a segunda, sob pena de se estar a flagelar a si próprio. E tudo isto é ainda mais claro nos círculos eleitorais em que só o PS e a direita elegem deputados: nestes casos, os eleitores de esquerda que não votem no PS não podem objectivamente deixar de beneficiar o PSD.
Não se trata, portanto, de apagar diferenças e ignorar discordâncias, trata-se de não tomar opções, cujo resultado agrave as condições de luta e de vida de quem as assuma.
Com alguma auto-ironia e com boa disposição, pode recordar-se uma história bem humorada, que corria nos corredores da política no final dos anos 70 do século passado. Estavam em causa os eleitores de esquerda descontentes com o PS. Diz-se que então o grande poeta Alexandre O’Neill( que era também publicitário) imaginou a seguinte frase: “ Ele não merece, mas voto no PS!”
Eu, tal como muitos e muitos portugueses, voto no PS por achar que o PS, além de ser o meu partido, merece o meu voto. Mas há razões objectivas que justificam que muitos outros eleitores de esquerda votem no PS, mesmo que, no quadro das suas opções próprias, achem subjectivamente que ele não merece o seu voto.
De facto, ser de esquerda e ajudar a sentar a direita no poder não é uma escolha é o resultado inevitável de um erro evitável. Evitável até que cada um vote.
Cada eleitor que se considere a si próprio de esquerda, não estando vinculado a qualquer dos partidos que a integram, terá de pensar as eleições de amanhã não só no quadro do binómio concordância / discordância em face do actual governo e do PS, mas também no quadro de um binómio de risco de maior força da direita/ maior risco para a esquerda. Neste contexto, quem não chegar a uma opção de voto pela primeira via terá de seguir a segunda, sob pena de se estar a flagelar a si próprio. E tudo isto é ainda mais claro nos círculos eleitorais em que só o PS e a direita elegem deputados: nestes casos, os eleitores de esquerda que não votem no PS não podem objectivamente deixar de beneficiar o PSD.
Não se trata, portanto, de apagar diferenças e ignorar discordâncias, trata-se de não tomar opções, cujo resultado agrave as condições de luta e de vida de quem as assuma.
Com alguma auto-ironia e com boa disposição, pode recordar-se uma história bem humorada, que corria nos corredores da política no final dos anos 70 do século passado. Estavam em causa os eleitores de esquerda descontentes com o PS. Diz-se que então o grande poeta Alexandre O’Neill( que era também publicitário) imaginou a seguinte frase: “ Ele não merece, mas voto no PS!”
Eu, tal como muitos e muitos portugueses, voto no PS por achar que o PS, além de ser o meu partido, merece o meu voto. Mas há razões objectivas que justificam que muitos outros eleitores de esquerda votem no PS, mesmo que, no quadro das suas opções próprias, achem subjectivamente que ele não merece o seu voto.
De facto, ser de esquerda e ajudar a sentar a direita no poder não é uma escolha é o resultado inevitável de um erro evitável. Evitável até que cada um vote.
1 comentário:
Bora lá,então votar Partido Socialista.
Enviar um comentário