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Em homenagem ao 1º de Maio resolvi transcrever aqui o poema integrado nesse livro, O Vinho Necessário, na medida em que foi de um dos seus versos que surgiu o título do livro. Os últimos três versos são aliás premonitórios, tendo sido escritos vários anos antes do 25 de Abril.
O Vinho Necessário
O meu país é um copo vazio
a um canto da Europa gangrenado
Os lábios usuais morreram já
falemos pois do vinho necessário
falemos das sementes e da esperança
da cólera madura repetida
do murro que se abate sobre a mesa
Critico a memória apenas doce
do tempo já perdido
critico os lábios em posição de espera
A sede só por si não é o vinho
e as uvas apodrecem na tristeza
o copo mais vazio e mais antigo
Abril consentido maio ausente
novembro muito triste sempre triste
apenas estar aqui não é viver
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