quarta-feira, 18 de maio de 2011

CONTRACAPA DA VÉRTICE PROIBIDA PELA CENSURA - 1

Vou publicar hoje, de novo, o segundo dos dois textos que desapareceram inexplicavelmente do meu blog, na passada semana. Suponho não ter sido uma avaria privativa do GZ. Embora ambos os textos tenham parcialmente sobrevivido no Facebook, não sobreviveram completos. Por isso, resolvi publicá-los uma segunda vez.



1. No dia 6 de Fevereiro de 2010, iniciei a publicação neste blog das frases que, em cada número, mês após mês, surgiam na contracapa da revista de cultura crítica, "Vértice", cuja primeira série se editou em Coimbra, entre Maio 1942 e Dezembro de 1986. A segunda série iniciou-se em Lisboa em Abril de 1988, sob a responsabilidade da Editorial Caminho, e ainda hoje está em curso.De início quase publiquei uma por dia. Depois, a frequência de publicação dessas frases foi diminuindo. A mais recente, a quinquagésima, foi publicada em Dezembro passado.



Recordo alguns extractos do que então escrevi neste blog : "Fiz parte da Redacção da revista "Vértice", entre 1964 e [Dezembro de ]1974. (...) Durante dez anos, (...) integrei a redacção que se reunia na sede da revista na Rua das Fangas. As reuniões eram dirigidas por Joaquim Namorado, director de facto, que coordenava toda a vida da revista. (...) Durante cerca de ano e meio, cheguei mesmo a ser secretário da redacção da revista, como antes o haviam sido, entre outros, José Carlos de Vasconcelos e Fernando António de Almeida, e depois, viriam a sê-lo Carlos Fraião, Fernando Moura e João Seiça Neves.



2. Há uns dias atrás, tive oportunidade de visitar em Vila Franca de Xira, o Museu do Neo-Realismo, uma preciosa instituição cultural que honra o município que a acolheu e ilustra o acerto da decisão de ter sido escolhido este local como sede. Uma parceria feliz entre a associação que é a alma do Museu e a Câmara Municipal que soube incorporá-lo e acarinhá-lo. Uma parceria que oferece à cultura portuguesa um precioso instrumento, perpetuando muito justamente a memória de um dos mais importantes movimentos culturais do século XX português, o movimento neo-realista.



Como não podia deixar de ser, é neste Museu que está o espólio documental correspondente à primeira série da revista "Vértice". Espólio que a Fernanda foi consultar. Tendo-a acompanhado, na sua peregrinação documental, acabei por encontrar uma série de frases da contracapa que foram cortadas pela censura. Encontrei cerca de uma dezena. Resolvi publicá-las aqui no GZ, numa série autónoma a que hoje dou início. Os números a que se vão referir são os que constam das provas censuradas, sendo por isso natural que na série das frases realmente publicadas surjam menções de números que repetem os que nesta série são referidos. A publicação desta nova lista não exclui que vá dando continuidade à lista de frases da contracapa efectivamente publicadas na Vértice, das quais já divulguei cinquenta e cuja numeração própria naturalmente respeitarei.




3. Eis a primeira da série de frases, destinadas à Contracapa da Vértice, cuja publicação a Censura na altura proibiu.




Vértice - Nº 341 – Junho de 1972

"São as classes chamadas superiores que têm perdido Portugal, serão as classes trabalhadoras, as mais humildes, mas as mais úteis e activas, as de maior fé e de maior dedicação, as que contribuirão para o salvar".



Afonso Costa (discurso parlamentar de 06/02/1907)

Sem comentários: