quarta-feira, 20 de outubro de 2010

PS -COIMBRA : uma luta, todos vencidos.


Nas eleições para a Federação de Coimbra do PS gerou-se uma situação de incerteza quanto ao vencedor das eleições para a Presidência da Federação, uma vez que um candidato foi apontado como tendo mais dois votos do que o outro, num universo de cerca de 4500 votantes, mas o segundo impugnou as eleições invocando irregularidades.

As instâncias de jurisdição interna do PS não tomaram ainda uma decisão final, mas o caso já transbordou para a opinião pública com contornos políticos desprestigiantes para o PS. Não sei se a candidatura que obteve os tais dois votos de vantagem também tem vantagem quanto ao número de delegados eleitos para o Congresso. Mas, seja qual for a candidatura, que tenha vantagem nesse aspecto, não a terá por uma grande margem. E não está excluído que o candidato que venha a ser declarado vencedor possa vir a estar em minoria na Comissão de Federação.

Mas do que ninguém pode duvidar é que, seja qual for o resultado das contendas que estalaram na praça pública, há um equilíbrio quase total na relação de forças entre as duas facções que se têm enfrentado. O simples bom senso político aconselharia a que tivesse sido este o ponto de partida óbvio. E se assim fosse, a primeira preocupação de cada um dos lados deveria ter sido a de negociar com o outro lado. Falo de uma negociação política e não de uma partilha de lugares, presentes ou futuros. Uma negociação que desdramatizasse o facto de haver um lado que tem mais dois votos e outro que tem mais dez delegados. Mas que poderia também permitir que fosse pacífica a repetição de eleições nas secções em que isso se justificasse se fosse esse o caso.


De facto, se é objectivo que ninguém ficou esmagado nesta eleição, também não o ficaria se uma eventual repetição de algumas eleições invertesses posições;e, mesmo que essa inversão ocorresse, o novo perdedor continuaria a ter como apoiantes quase metade dos votantes.

Este mútuo reconhecimento teria tornado, objectivamente, muito improvável um tipo de transvase para a praça pública como aquele que ocorreu e teria certamente evitado que se atingissem os níveis de crispação e acrimónia entre militantes do PS que foram atingidos.

Não foi isso que aconteceu. As dúvidas que emergiram do acto eleitoral, em vez de serem analisadas com serenidade, para serem confirmadas ou desfeitas, foram ampliadas politicamente. E chegado o clima de confronto interno aos níveis a que chegou, é muito provável que a querela aberta não se encerre com as decisões dos órgãos de jurisdição interna do PS, transbordando para os tribunais.

E mesmo que as coisas não vão tão longe, o ponto a que chegaram já foi suficiente para lesar gravemente a imagem do partido. E, como já antes disse, se é legítimo esperar-se que não sejam trazidas para a praça pública as questões internas do partido em termos desbragados, não é menos de esperar que não se pratiquem falcatruas nas eleições internas do partido.

Faço votos para que se vá retomando o sangue frio com a celeridade possível, mas não me passa pela cabeça que não se altere por completo o modo como decorrem as eleições internas no PS, no sentido de completa transparência, total igualdade de oportunidades e plena democraticidade. Se isso for conseguido, não teremos tido este grave prejuízo político, em vão. Se assim não for, receio bem que se tenha apossado de nós uma pulsão suicidária.

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