Não deixes que os teus dedos
se percam
nas harpas da tristeza
como folhas de outono
Dá-lhes o calor dos teus erros
a pele azul do sonho
o sabor tão relativo
das tuas verdades
Engana-te generosamente
a favor de um mundo melhor
tropeça na realidade sem inibições
colhe o impossível sem pudor
Nas arcas do sofrimento
não cultives as lágrimas
no exílio da alegria
não cedas ao desespero
Se a revolta subir
ao longo dos teus braços
dá-lhe todas as asas
vai com ela
Que nas cidades justas
do futuro
entre os que enfim
se olharem inteiros e libertos
alguém possa dizer sobre ti:
enganou-se
mas era nosso irmão
[RUI NAMORADO]
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