Vou transcrever de imediato, na íntegra, o texto ontem divulgado pela Plataforma Socialista na qual participo.
A Plataforma Socialista não concorre, mas continua.
Com o objectivo de contribuir para dar relevância política à disputa inerente às próximas eleições para a Comissão Política Concelhia de Coimbra do Partido Socialista foi constituída uma Plataforma Socialista que escolheu Luís Santarino, para encabeçar a sua participação nessas eleições.
Verificamos hoje que só muito limitadamente o conseguimos. A alergia dos outros dois candidatos a tomarem uma posição clara e a assumirem responsabilidades inequívocas, quanto às questões políticas cruciais que corroem o Partido Socialista em Coimbra, bem como quanto às que o atingem no plano nacional e às que trazem todo o país em sobressalto, fez com que estivesse para além das nossas forças a possibilidade de o conseguirmos por completo. Também por isso, chegado o momento de avaliarmos o sentido, a oportunidade e o significado político da nossa participação nesse acto eleitoral, tomámos três decisões que vimos tornar públicas.
1º Não concorremos às próximas eleições para a Comissão Política Concelhia de Coimbra do Partido Socialista;
2º A nossa Plataforma Socialista manter-se-á activa, como instância de intervenção política no concelho de Coimbra, sem que isso signifique alheamento, nem quanto à globalidade da vida interna do PS, nem quanto ao combate político em geral;
3º Nesta eleição abstemo-nos de votar em qualquer dos dois outros candidatos anunciados, o que significa que a nossa opção, muito provavelmente, coincidirá com a posição que irá ser tomada pela larga maioria dos membros do PS, filiados no Concelho de Coimbra.
De facto, apesar de algumas cerimónias públicas de análise de temas cívicos, postas em prática pelas outras duas listas, no essencial, a campanha que fizeram cuidou mais de elogiar as qualidades pessoais dos candidatos, do que tratar da conjuntura política e das dramáticas dificuldades vividas actualmente pelo Governo, pelo PS e pelo país. No essencial, foi como se a grande questão que aflige os cidadãos de Coimbra seja a de saberem se é Carlos Cidade ou Paulo Valério, quem merece ser investido na qualidade de guia do PS de Coimbra.
Mas se já foi negativo que a campanha dessas duas listas tivesse ignorado no essencial, quase por completo, a dramaticidade política do momento que atravessamos, pior foi a baixa qualidade democrática de todo o processo eleitoral. Na verdade, não podemos ignorar que esta campanha eleitoral interna, seguindo o modelo adoptado nos últimos anos, ficou muito longe do nível democrático necessário para que a contenda fosse limpa e equitativa, e eticamente irrepreensível, de modo a poder originar um poder que realmente todos os militantes do PS encarassem como legítimo, de um ponto de vista democrático.
Nomeadamente, uns por ostensiva escolha outros por consentimento tácito, inviabilizaram o caminho que teria feito da campanha uma sucessão de debates abertos e esclarecedores, entre todas as candidaturas, de modo a que nenhuma delas pudesse tirar vantagem do seu possível domínio do aparelho, ou de qualquer outro tipo de renda de situação, para, a seu favor, congelar fidelidades ou petrificar sindicatos de votos.
E para tornar o horizonte ainda mais enublado, se olharmos para alguns sinais políticos, dados por alguns episódios que têm envolvido a difusão da lista liderada por Carlos Cidade, nomeadamente, lendo com atenção, nome a nome, a sua enormíssima Comissão de Honra, constatamos com alarme que em aspectos nevrálgicos do bom nome e da credibilidade externa do PS de Coimbra, parece querer retroceder-se rumo à difícil posição para onde foi arrastado o PS de Coimbra há uns anos atrás.
Paralelamente, os seus opositores, embora alheados dessa deriva, parecem encarar o sentido da sua afirmação como alternativa, não como uma outra forma de se ser partido, mas como a substituição de um aparelho por outro, o que podendo, na melhor das hipóteses, suscitar algumas melhorias, ficará sempre longe da grande metamorfose por que o PS precisa de passar.
Por fim, não podemos deixar de constatar que ambas as candidaturas em liça revelaram, embora em graus diferentes, uma tal exuberância de meios que, ou estamos perante candidatos ricos, ou pairou nesta pugna eleitoral a sombra generosa de ignotos mecenas.Ora, de uma vez por todas, não pode continuar admitir-se que em eleições internas do PS os resultados dependam, mesmo que parcialmente, do dinheiro de que disponham ou que consigam angariar as diversas candidaturas.
Somos um colectivo de militantes que, com base numa plataforma política substancialmente diferenciada e identificável, quer contribuir para retirar o PS no concelho de Coimbra do cinzentismo para onde foi arrastado. Não quisemos ser um terceiro saco de apoiantes de um terceiro nome, fosse ele qual fosse. É claro, que um de nós foi escolhido para liderar a nossa lista, mas é de toda a plataforma política, de todos os participantes na Plataforma Socialista a responsabilidade por tudo o que nesse plano foi feito e decidido.
Compreende-se pois que, se nunca nos quisemos reduzir a uma simples soma de apoiantes fosse de quem fosse, não estejamos agora dispostos a deixarmo-nos meter dentro de qualquer dos dois grupos de apoiantes que disputam entre si uma competição pouco mais do que numérica.
terça-feira, 25 de maio de 2010
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2 comentários:
Se substituir os nomes dos candidatos e de Coimbra, o texto assenta plenamente ao que se passou (passa) em Lisboa, Sintra, e muitas outras concelhias, federações e ....
Este modo de ser partido e de estar na política tem de mudar, sob pena de o PS implodir.
Zé T.
Coitada da Plataforma Socialista!
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