1. O Rómulo Machado acha que eu não devia achar algo que de facto achei sobre o Henrique Neto. Parece-me que todos esses achamentos somados não chegam a ter uma importância suficiente para que se gaste tempo a esmiuçá-los.
Talvez por isso, as palavras trocadas a propósito do incidente em causa não me parecem suficientes para que possamos falar de um debate e muito menos para que nos entusiasmemos com essa troca de ideias tão simples. Claro que exercemos um direito ao trocá-las, mas não há razão para que nos entusiasmemos demasiado com isso. Aconteceu, não temos de que nos arrepender nem de que nos orgulhar.
Pela minha parte, não fui mais explícito quanto às posições de Henrique Neto de que discordava, por não querer exagerar a importância do acontecido nem crispar desnecessariamente o tom em que a elas me referisse.
Chegados aqui, sou forçado a dizer que não me sobra tempo para diletantes esgrimas de pequenas palavras, demasiado presas à trivialidade daquilo que as ocupa. Por isso, para mim a esgrima acabou.
2. Mas o mesmo não pode acontecer com o incidente comentado em si próprio e com tudo o que se lhe seguiu. De facto, foi tudo isso que accionou alguns dos meus mecanismos de alerta.
Estou hoje convencido, na esteira de tudo isso, que a nossa corrente tem que abrir, quanto antes, um processo de debate interno, para que se apure se por detrás de aparentes discordâncias de fundo apenas se perfilam alguns equívocos conceptuais ou de linguagem, ou se realmente, no seio da COES coexistem posições políticas radicalmente distintas e entre si bem distantes.
Ora, se num partido como o PS a heterogeneidade ideológico-politica é, em si própria , uma riqueza que deve ser organizada e aproveitada e não abafada, numa corrente de opinião interna como a ES a falta de coesão ideológica e de consonância política podem paralisá-la e roubar-lhe qualquer fecundidade .
Não está em causa arregimentar dois ou três bandos ideológicos para que lutem entre si até haver um vencedor. Está em causa apurarmos se tem sentido continuarmos politicamente juntos ou se devemos separar-nos, para que cada uma das novas correntes assim surgidas, adquirindo uma nova homogeneidade, possa travar um combate político mais eficaz dentro do PS, continuando e potenciando o que até agora a Margem Esquerda e a Esquerda Socialista conseguiram.
Sem essa clarificação arriscamo-nos a deixar que cresça uma atmosfera de pequenas crispações, de desconfianças, de mal-entendidos, que acabarão por nos paralisar politicamente e por fazer degradar as nossas relações pessoais. Uma atmosfera que provavelmente irá ficando mais e mais carregada, até nos fazer explodir sem glória.
Rui Namorado
15-05-2010
2 comentários:
Eis aqui o texto fundamental resultante deste episódio-incidente. A COES irá tê-lo em consideração,com toda a certeza.
Alvaro Aroso
O que talvez esteja em causa é aquele equilibrio difícil entre pessoas e valores/princípios (linguagem e perspectivas de socialismo, democracia, política e economia).
Há que clarificar ..., mas também há que ponderar entre as vantagens da «união com discordâncias», a «dispersão com homogeneidade» e as «plataformas de entendimento e acção comum» perante objectivos concretos.
Xa2, Luminária
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