quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Pintores solidários com a origem da vida


É saudável contribuir para que se contenham os ímpetos púdicos da PSP, tão recatada e exuberantemente revelados num recente episódio ocorrido na cidade dos arcebispos. Mas não quero cair num excesso de arremesso de palavras demasiado grandes para caberem na pequenez do episódio.

Por isso, optei por convocar um ajuntamento de pintores que acorressem por intermédio das suas obras a um singelo acto de homenagem a Gustave Courbet e à origem da vida.

Picasso- Les demoiselles d'Avignon

Matisse- Música

Manet - Olympia

Velasquez- A Vénus do espelho


Jules Lefebvre - Maria Madalena na gruta

Ingres- Banho turco
Goya - La maja desnuda

Giorgione- Vénus adormecida Ticiano- Vénus de Urbino
Boldini

Dali - O castelo de Gala

Modigliani
O sono - G. Courbet
A origem da vida - G.Courbet

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

O meu bairro ao ritmo do samba


O Carnaval passou na minha rua. Não atingiu ainda o perfume tropical do samba carioca, nem o colorido esfusiante de desvairadas rebolações. Mas permitiu já o arejamento de algumas elegantes carnações. E principalmente pôs na rua a discreta alegria portuguesa, com um visível apimentamento brasileiro. Não faltaram no cortejo, saudavelmente anárquico, as plácidas avós e os irrequietos netinhos, numa mistura de amáveis bruxas, índias e senadores romanos, todos dançando numa vertigem quase tropical de sambas e corridinho, com as janelas polvilhadas de pacatos cidadãos, que hesitavam entre o contido espanto e uma bonomia alegre de fim de tarde .
Durante um breve pedaço de tarde, no Bairro Norton de Matos, na plácida cidade de Coimbra, pareceu sentir-se a brisa colorida de Copacabana.


Mudar o PS para Mudar Portugal



Segundo um comunicado difundido pela moção"Mudar para Mudar”: “cumprindo os prazos definidos pela Comissão Organizadora do Congresso, um vasto número de militantes e independentes que apoiam e subscrevem a Moção "Mudar Para Mudar" apresentaram 9 Moções de Política Sectorial que pretendem ver profundamente discutidas e pretendendo igualmente vincular a política do Partido e a sua acção governativa. É mais um gesto de militância plena, determinada, enérgica, e no sentido desse entusiasmo, as Moções vêem de todo o país”.

Eis as moções apresentadas:

“NOVO CONTRATO SOCIAL, NOVA FORMA DE ESTAR NA VIDA PÚBLICA”
Delegado Proponente: Fernando Pegas (Militante nº 37602)
Autores: Fernando Pegas, José Carlos Pinheiro de Sousa, Manuel Magalhães Oliveira

“MILITÂNCIA: SECÇÕES SECTORIAIS E CIBERSECÇÕES”
Delegado Proponente: Fernando Pegas (Militante nº 37602)
Autores: Fernando Pegas, José Carlos Pinheiro de Sousa, Manuel Magalhães Oliveira

“HABITAÇÃO E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO”
Delegado Proponente: Rui Namorado (Militante nº 19862)
Autores: Luís Duarte Coelho e Pedro Bingre do Amaral

“EDUCAÇÃO – LIBERTAR E DESENVOLVER”
Delegado Proponente: José Castelo Monteiro da Gama (Militante nº 19856)
Autores: Rui Namorado, José Gama, Fernanda Campos, Júlio Mota, Margarida Antunes

“ESTIMULAR O COOPERATIVISMO E A ECONOMIA SOCIAL”
Delegado Proponente: Rui Namorado (Militante nº 19862)
Autores: Rui Namorado,Guilherme Vilaverde,Valentim Campos,Fernando Santos,Margarida Antunes,Emília Gil
“ELEIÇÕES PRIMÁRIAS: MOBILIZAÇÃO CÍVICA E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA”
Delegado Proponente: Gaspar Santos (Militante nº 20036)
Autor: António Fonseca Ferreira

“CONSTRUÇÃO RODOVIÁRIA: DESENVOLVIMENTO OU SUB-DESENVOLVIMENTO?”
Delegado Proponente: Cristina Fragoso (Militante nº 77967)
Autor: Rómulo Machado

“SOCIALISMO NA CRISE”
Delegado Proponente: Dieter Dellinger (Militante nº33)
Autor: Dieter Dellinger

“EMPREGO: PMEs”
Delegado Proponente: Gaspar Santos (Militante nº20036)
Autora: Maria Salomé Rafael
[ Os textos integrais das nove moções podem ser consultados no site "Mudar para Mudar" ( primeira janela do blog, em cima, à direita) no Menu “A Força das Ideias – Moções Sectoriais” ]

Coelho: à procura do livro perdido


Um dos coelhos lançado como lebre, para fazer correr a Dama de Cinza, é um exemplar liberal ainda jovem.

Como acontece nas corridas a sério, uma vez ou outra, a lebre entusiasma-se e ganha , ou tenta ganhar, a corrida.

Talvez por isso, o dito coelho vai aflorando na comunicação social com poses cada vez mais graves. É certo que amarrado a uma cartilha, que os últimos meses envelheceram cem anos, o dito coelho diz por vezes umas coisas, sobre o que diz pensar que deve ser o país, que parecem tiradas de um filme dos irmãos marx. Mas, justiça lhe seja feita: di-las sempre com ar grave e com uma voz ponderada que parece vir directamente de um cérebro atento, diligente e arguto.

O povo olha desconfiado, nem sabendo, por vezes, se há-de rir se há-de chorar. Se há-de rir com o humor neoliberal do desfasamento completo com a realidade, se há-de chorar com a angústia ainda que remota de ver um tão fogoso coelho destroçar o país e arruinar-lhes as vidas já tão difíceis.

Angustiado com o que ele pensa ser a distracção popular, o azougado coelho resolveu respirar um pouco de cultura, sorver uns bons tragos de filosofia, adornar-se com a patine dos anos 60. E se bem o pensou , melhor o fez. Na primeira oportunidade mediática, reuniu algumas frases que lhe pareceram inteligentes, salteou-as com alguns nomes de escritores e com algumas discretas alusões a livros, e revelou-se denso, profundo, complexo. E inebriado pelo perfume chique dessa suave cultura, resolveu dar o retoque final, pôr a marca indelével do patamar da exigência. Na modesta arca do seus filósofos preferidos, buscou o que lhe pareceu mais adequado a um fim de tarde mundano num café de Paris: Sartre. Sartre, com o seu perfume ousado de um existencialismo que a direita pode usar como um retoque de modernidade e ainda por cima com a vantagem de já não estar entre os vivos. E na vertigem da náusea sartriana, o jovem coelho feito lebre inventou para Sartre uma nova obra: "Fenomenologia do Ser".

Espantado, o velho Sartre teve um arrepio na alma e enviou o seu espectro ao mundo dos vivos para conhecer tão inesperada figura. De regresso, o espectro sossegou a alma atormentada do filósofo.
" Não tem inportância . É só um candidato a líder do PSD! É como aquela história dos violinos e dos tomases".

Citação Inesperada


Se há meia hora atrás me tivessem dito que eu iria citar um texto de Adriano Moreira, no meu blog, para concordar com ele, eu não teria considerado como minimamente verosímil essa premonição. Não estaria com isso a desconsiderar os seus méritos intelectuais, mas apenas a extrair as consequências previsíveis da distância ideológica que nos separa. No entanto, tendo lido no DN de hoje um pequeno texto de Adriano Moreira, não posso deixar de vos dar a conhecer, convergindo com ele, o modo como o conclui:

"O pessimismo da tese da luta das civilizações, que tenta ser inspiradora de uma defesa da frágil organização mundial em vigor, não encontra resposta satisfatória neste utopismo que espera uma iluminação criativa de uma nova democracia, nascida das carências absolutas, e desesperos. O que a experiência documenta é que se o reformismo, com autenticidade e poder legitimamente conferido, não assume a mudança, a violência escreve a narrativa da passagem para uma nova ordem. Pelas cidades europeias vão explodindo anúncios de que o tempo avisa no sentido de os poderes vigentes assumirem a urgência de reformularem procedimentos, objectivos, e éticas de comportamentos."

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Coimbra- parque verde




Ao Domingo no Parque Verde do Mondego





domingo, 22 de fevereiro de 2009

Esclarecendo "As Beiras"


Comentando uma adivinha que coloquei neste blog alguns dias atrás, o diário "As Beiras" tentou, na edição de ontem, encontrar uma resposta, tendo-a apresentado num dos Postigos, através dos quais nos permite de vez em quando espreitar.

Não acertou. O curriculado objecto da adivinha nunca foi do PS, nem acho provável que algum dia venha a ser. A adivinha nada tem a ver com a vida interna do PS.

Não há demérito nenhum nesse erro, já que qualquer adivinha que se preze não é fácil de adivinhar.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Descoberta Embaraçosa


Cavaco Silva descobriu a falta de médicos. É uma descoberta importante.

Mas o mais distraído dos observadores sabe que para se obviar a esta falta de médicos teria sido necessário agir pelo menos há 15 ou 16 anos atrás.

Pela minha parte, eu descobri que, há 15 ou 16 anos atrás, quem liderava o Governo em Portugal era o próprio Cavaco Silva. O mesmo acontecia há 18 e há 20 anos.

Mas não foi sob o seu Governo que foram lançadas, e depois abertas, duas novas Faculdades de Medicina.

Por isso, a descoberta do Sr. Presidente só pode ser uma embaraçada autocrítica, quanto ao que nesse campo não fizeram os seus governos.
[ A foto acima publicada foi retirada do blog kaosinthegarden]

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

À procura da esquerda perdida


Veltroni demitiu-se da liderança do Partido Democrático (PD), tornando ostensiva a gravidade da crise vivida pela esquerda italiana. A gota de água que o levou a esse gesto dramático foi uma derrota pesada que o PD acabou de sofrer na Sardenha.

O partido que se apresentou como feliz mutação renovadora de uma esquerda fragmentada e incapaz de governar em conjunto, ao assumir-se como pólo hegemónico de toda essa parte do espectro político, parece afinal atolado no seu próprio labirinto, incapaz de se assumir como contraponto forte do pesadelo “berlusconiano”.

O cimento de uma escolha participada do líder, em Outubro de 2007, na qual participaram mais de três milhões de italianos, dos quais 75,6% optaram por Veltroni, tendo os restantes 25% sido repartidos por vários outros candidatos, não foi suficiente para gerar uma verdadeira consistência política.

O Partido Democrático é a fase mais recente de uma longa evolução, iniciada em 1990 pelo Partido Comunista Italiano, que então se transformou em Partido Democrático da Esquerda, tendo-se mais tarde transformado em Democratas de Esquerda e pertencendo ao Partido Socialista Europeu, desde 1992. Força liderante da Coligação da Oliveira, que deu suporte a governos liderados por R. Prodi e por M. d’Alema , os DS viriam a fundir-se, em 2007, com uma parte dos destroços da defunta democracia cristã italiana, agrupados na “Margarida”, dando assim origem ao referido Partido Democrático.

Durante esse acidentado trajecto, o ex-PCI, foi perdendo fragmentos, que deram origem a novos partidos. Foi o caso da Refundação Comunista, do Partido dos Comunistas Italianos e mais recentemente da Esquerda Democrática, todos eles resultantes de cisões do ex-PCI.

Estas organizações, mais alguns dos restos do velho Partido Socialista Italiano e Os Verdes, conseguiram apresentar-se unidos nas últimas eleições legislativas italianas na Coligação Arco-íris, que, olhando-se para anteriores eleições, poderia aspirar, com realismo, a ter entre oito e dez por cento dos votos.
No entanto, ao contrário do que viera acontecendo nas últimas eleições, essa área da esquerda apresentou-se a sufrágio completamente diferenciada do partido hegemónico da esquerda, agora sob a veste do novo Partido Democrático, o qual fora aberto a acordos com forças de esquerda moderada, como é o caso da Itália dos Valores, mas recusara qualquer acordo com a Coligação Arco-íris.

Os partidos dominantes da esquerda e da direita entenderam-se numa engenharia eleitoral, alegadamente destinada a favorecer a chamada governabilidade, mas de facto apostada em encostar à parede os partidos com menor expressão eleitoral.

A direita ganhou as eleições legislativas e Berlusconi voltou ao poder. O Partido Democrático, embora derrotado, ficou como a força larguissimamente dominante da oposição de esquerda. Surpreendentemente, a Coligação Arco-íris foi varrida quer do Senado, quer do Câmara de Deputados.

Desde então, as cores do arco-íris parecem ter-se desagregado e várias têm sido as cisões nos partidos que o constituíam. O caso mais visível foi o da cisão na Refundação Comunista, que ficou quase reduzida a metade.

Mas, desde as derrotas nas legislativas, têm-se sucedido os maus resultados eleitorais para o Partido Democrático(PD). Uma excessiva mansidão, no modo de combater Berlusconi, fez com que a Itália dos Valores se viesse afirmando como o foco mais decidido de oposição, pese embora a sua reduzida expressão parlamentar. Nas sondagens tem-se aproximado do PD.

Estão à porta eleições europeias. O PD aderiu a mais uma manobra de engenharia eleitoral, ao concordar com uma cláusula barreira de 4%, abaixo da qual os partidos italianos não elegerão ninguém para o Parlamento Europeu.

A saída de Veltroni, à beira de eleições europeias, especialmente dramáticas par o PD pode ser prelúdio da implosão do próprio partido. Na verdade, para além do mau momento, em termos de sondagens, que os resultados na Sardenha só confirmaram, a Europa é uma instância, em que a vida do PD se complica: uma parte quer continuar dentro do Partido Socialista Europeu, enquanto a outra se recusa peremptoriamente a isso.

O PD queria ser sujeito histórico, a sua longa marcha , porém, em vez de ser um arejamento aberto ao futuro , parece converter-se num penosos rosário de renúncias e de auto-descaracterização. E, aprisionada no seu protestativismo infecundo, a esquerda da esquerda , em vez de aproveitar a deriva direitista do PD para se reforçar e crescer, parece caminhar lentamente para a irrelevância.
Ou seja, as duas esquerdas italianas parecem apostadas numa competição perversa, em que cada uma delas se excede numa estranha procura de implosão.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Coimbra - despedida do Inverno









Um adeus do inverno


uma pequena luz de primavera

suave e tímida


ainda o frio vestindo as árvores

de um inverno

que incerto se despede


virão as flores

pétalas de luz


colher-se-ão os dias

as cores passearão pela cidade


hoje o inverno apenas se despede

e as árvores ainda nuas

são esculturas de um vento repetido


Rui Namorado

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Adivinha



Qual é o professor mediático e protestativo que, por duas vezes, forneceu informações fantasiosas, acerca do seu próprio currículo, para conseguir ascender a Professor Titular ?

Eleições no PS , em Coimbra


Ontem, tiveram lugar na Federação de Coimbra do Partido Socialista as eleições para Secretário-Geral e para delegados ao Congresso, que representem as moções de orientação geral apresentadas.

No plano nacional, José Sócrates concorreu à liderança sem adversários, tendo uma esperada e esmagadora vitória. Naturalmente, a sua moção, verdadeiramente uma moção oficiosa do aparelho do partido, elegeu uma larguíssima maioria de delegados. Quanto às outras duas moções, o que verdadeiramente está em causa é o eco político das suas propostas, o apuramento das suas virtualidades estratégicas e o seu potencial futurante. Quanto à expressão quantitativa do conjunto de delegados conseguidos, sabia-se, à partida, que seria muito reduzida.
Desde logo a Moção pela qual fui eleito delegado, “ Mudar para Mudar “, cujo primeiro subscritor é António Fonseca Ferreira, concorreu apenas a 24 secções, à escala nacional. A moção, cujo primeiro subscritor é António Brotas, chegou às sete. No plano nacional, a primeira elegeu 21 delegados, e a segunda elegeu um.

Em Coimbra, a moção “Mudar para Mudar” concorreu em cinco secções. Dessas cinco secções, venceu em duas ( Educação e PT Comunicações) e foi vencida em três pela moção oficial(Olivais, Sé Nova e São Martinho).

No conjunto dessas cinco secções, os candidatos da moção “Mudar para Mudar” obtiveram 39,6% dos votos e os candidatos a delegado pela moção oficial obtiveram 60,3% dos votos.

Nessas cinco secções, estavam em disputa 10 delegados, tendo a moção “Mudar para Mudar” conquistado 4 (Educação, PT, Sé Nova e Olivais) e a moção oficial conseguido 6 (Olivais-3, S. Martinho – 2 e Sé Nova). [ Em São Martinho, ficámos a um voto de eleger um delegado].

Como se pode ver, tendo como exemplo o caso de Coimbra, mesmo com a grande desvantagem de ser uma moção sem candidato a Secretário –Geral e sem qualquer enraizamento no aparelho do partido, nas secções onde conseguiu apresentar-se ao sufrágio dos socialistas a moção “ Mudar para Mudar “ esteve muito longe de ser esmagada.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Propostas generosas podem esconder omissões dolorosas


A moção oficial apresentada ao congresso do PS, sequiosa da mais ligeira brisa de novidade, retirou do seu arsenal de memórias incumpridas o casamento gay e agitou-o como sinal possível de uma radicalidade prudente.

Por mim, embora compreendendo a lógica de quem propõe para essa união um instituto jurídico novo, deixando o casamento limitado ao seu âmbito actual, não ignoro o peso simbólico, como factor anti-discriminatório, que tem o alargamento do âmbito do instituto do casamento nos termos propostos. E, por isso, nada tenho a opor na substância.

Quanto à oportunidade, se ela se reduzir a prudência eleitoralista, também me parece um factor irrelevante. Se achamos uma proposta certa, não é compreensível esperar que ela faça perder votos, a não ser que a não saibamos defender ou que não saibamos neutralizar ataques demagógicos dos seus opositores.

Já me parece menos pacífico recorrer a esta proposta como sinal de arejamento de uma moção que escolheu para si uma abafada atmosfera de conformismo.

Para quem olha para o PS como uma orquestra afinada que responde a todas as partituras, para quem atravessa a floresta dos problemas da educação como alguém que apenas se julga credor de aplausos e elogios, para quem passa pelas questões da saúde como cão por vinha vindimada, para quem embrulha a desigualdade estruturante das sociedades actuais, entre o capital e o trabalho, num manto de esquecimento, para quem olha para o jardim de esperança, cooperação e solidariedade, constituído pelo sector cooperativo e social como pouco mais do que uma ilha deserta, não basta o casamento gay para o arrancar desse limbo de monótona previsibilidade que caracteriza a moção oficial apresentada ao congresso do PS.

Este é para mim o verdadeiro cerne da questão e da sua circunstância, a marca conjuntural de uma questão intemporal.

A problemática da eutanásia, guardadas as suas óbvias diferenças, tem em comum a reacção esperada dos conservadores da nossa sociedade, indispensável para causar a impressão de que se trata de uma medida com marca de esquerda.

Sem prejuízo da autenticidade da convicção quanto à substância do problema dos anunciados vinte e seis magníficos, que não tenho qualquer razão para pôr em causa, o seu ribombante anúncio de que vão levar o tema ao Congresso do PS já me merece uma perplexidade paralela à que atrás exprimi. Perplexidade que assenta no facto de os nomes, que vieram a público anunciar tão enérgico desígnio, não terem sido conotados com qualquer moção de orientação geral distinta da moção oficial. Se com os outros não ocorrer o mesmo, para esses não valem as considerações seguintes.

Na verdade, fica a impressão de que, para esses vinte e seis reticentes, o que mais conta é isso mesmo: serem vistos como reticentes. Eles não querem ser tomados como incondicionais seguidores , como membros da claque da actual direcção do PS, mas também não querem ser vistos como críticos mesmo que razoáveis. Querem apenas que sejam públicos os sinais prudentes da sua reticência. É uma reticência mansa que não envolve críticas nem juízos de valor. Não se importam que os vejam aplaudir, mas fazem questão que se perceba nos seus aplausos a sombra de uma hesitação, a brisa de uma reserva discreta, o sussurro de uma pequena discordância. Este foi um dos sinais públicos possíveis dessa subtil e cautelosa demarcação. Não quiseram deixar de o dar.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Congresso do Partido Socialista



Embora não apresentemos um candidato alternativo a José Sócrates, vamos procurar fazer com que se discuta, no próximo Congresso do PS, uma moção claramente distinta da moção oficial, a Moção Política de Orientação Nacional : Mudar para Mudar. Uma moção preocupada com o PS que não ignora que estamos perante um congresso do partido e não perante um congresso do governo, mesmo que seja o nosso.

No essencial, esta moção é um acto de inconformismo. Como ela própria diz, não nos conformamos com:

1-“ o progressivo esvaziamento da vida partidária , que deixou de ser espaço de confronto de ideias, de mili­tância cívica e política, para só ter expressão através daqueles que ocupam cargos políticos e partidários;
2- o intolerável agravamento das desigualdades so­ciais, a injusta repartição do rendimento entre ca­pital e trabalho, o alastramento da pobreza e das exclusões;
3 - a persistência de uma economia dominada pelas actividades rentistas – negócios de terrenos e imo­biliários, construção civil e capital financeiro espe­culativo – responsáveis pela baixa produtividade, pelo atraso económico e social e pela crónica depen­dência externa.”

Mas esse inconformismo só pode ter tradução na prática, se conseguirmos “transfor­mar o Partido Socialista num espaço aberto, numa escola de democracia, de igualdade de acesso e oportunidades, um espaço de reflexão, de militância cívica e social."
Na verdade, “os militantes não são meras peças para aplaudir e ajudar a ganhar eleições. Têm de ser actores fundamen­tais da génese e do devir partidário. E, tema prioritário, o PS não são só os militantes. São, também, os apoiantes e os eleitores cuja intervenção tem de ser integrada na vida partidária activa (concretizando, assim, as disposições esta­tutárias). É necessário e urgente aprofundar a democracia interna do PS, abrir o partido à sociedade e modernizar as suas estruturas, práticas e imagem, adoptando, entre outras, as seguintes medidas:
1. Eleições Primárias para a designação dos candida­tos do Partido aos actos eleitorais, sendo o seu uni­verso eleitoral constituído por militantes, apoiantes e eleitores declarados, previamente recenseados;

2. Instituição de regras e meios de transparência nas eleições internas, que assegurem condições de de­mocraticidade efectivas, com igualdade para todos os candidatos e pesadas sanções disciplinares para as irregularidades processuais, as pressões e expedien­tes ilegítimos;

3. Obrigatoriedade da declaração de interesses dos dirigentes partidários (idêntica à que é exigida aos titulares de órgãos de soberania e altos cargos polí­ticos) com registo à guarda e controlo da Comissão Nacional de Jurisdição;

4. Recurso intensivo às novas tecnologias , para afir­mação activa do PS no ciberespaço e na blogosfe­ra, propiciando a comunicação entre militantes e apoiantes através da disponibilização de contactos de email."
Nas secções em que concorremos vale a pena votar nos candidatos desta moção. O PS precisa das nossas propostas , não precisa de coros laudatórios aos poderes do momento. O PS precisa de vozes críticas não precisa de dar a imagem de uma claque acrítica do governo, mesmo que seja o seu, ou precisamente, por ser o seu.
[ Na coluna da direita, há informações e indicação de ligações que vos podem fazer chegar uma ideia mais completa do que defendemos.]

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Israel - um crepúsculo



Em Israel, desde a morte de Rabin que os trabalhistas parecem ter perdido o norte. Paulatinamente, foram-se tornando imitadores da direita, cedendo-lhe sucessivamente a ribalta em governos por ela liderados que aceitaram integrar.

Na recente guerra contra Gaza, o Ministro da Defesa era o líder dos trabalhistas. O que parece ter dado oxigénio à líder do Kadima, um partido de direita moderada dominante no Governo, parece ter fragilizado ainda mais os trabalhistas.Realmente, o Kadima ficou por um lugar á frente do Likud ( direita) e os trabalhistas passaram para o 4º lugar, atrás da nova extrema-direita e com cerca de metade dos lugares ganhos pelas dois maiores partidos.

Os resultados das recentes eleições revelam o desmoronamento dos trabalhistas, relegados para um humilhante quarto lugar, quando já houve tempo em que verdadeiramente foi o partido dominante do regime e do estado. Um dos ícones institucionais que simbolizavam a própria existência do Estado de Israel.

Quando um partido de esquerda consente em mascarar-se de direita, pode acabar por ver a sua identidade de tal modo esbatida pelo predomínio dessa máscara, que os seus eleitores deixam de se reconhecer nele.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Sondagens e Assombrações


1. Impante pela a enormidade da sua auto-imagem o PSD, representado pelos Senhores e pela Senhora que o guiam, zanga-se com as sondagens que o mostram como se fossem um espelho. Devia zangar-se com ele próprio.
Eis mais uma para aborrecer a baronagem laranja, o barómetro Correio da Manhã/Aximage.

INTENÇÃO DE VOTO LEGISLATIVO

PS: 38,2% (Fevereiro) / 37,3% (Janeiro)

PSD: 23,8% (Fevereiro) / 23,3% (Janeiro)

CDU: 9,2% (Fevereiro) / 8,1% (Janeiro)

CDS: 7,7% (Fevereiro) / 7,7% (Janeiro)

BE: 12,0% (Fevereiro) / 11,4% (Janeiro)

Outros/Bra. e nulos: 4,7% (Fev) / 5,1% (Jan)

Indecisos: 4,5% (Fevereiro) / 7,1% (Janeiro)

Abstenção: 40,1% (Fevereiro) / 41,3% (Janeiro)

Olhando para este quadro, verificamos que de Janeiro a Fevereiro o PS subiu 0,9% e o PSD subiu 0,5%. Ou seja, apesar da campanha negra e das dificuldades económicas o PS distanciou-se ainda mais do PSD. No tal mês em que deveríamos ter visto a Dama de Cinza renascer como Fénix, para assombrara o Governo, apenas a vemos a contas com a sua própria raiva . Raiva por se recear sem engenho para atingir os altos cumes onde julgava poder chegar.

2. E o que já era mau para si, em virtude da comparação das intenções de votos nas legislativas, torna-se devastador, quando se coteja a evolução, que o CM também publica com parte do barómetro acima referido, entre os índices de confiança comparados de Sócrates e de MFL. Vejam-se:

Em qual dos dois líderes tem mais confiança para Primeiro-Ministro: Em José Sócrates ou em Manuela Ferreira Leite?

José Sócrates: 37,9% (Jun 08) / 36,1% (Jul 08) / 37,0% (Ago 08) / 38,7% (Set 08) / 40,9% (Out 08) / 46,8% (Nov 08) / 47,9% (Dez 08) / 47,5% (Jan 09) / 47,9% (Fev 09)

Manuela Ferreira Leite: 33,3% (Jun 08) / 33,1% (Jul 08) / 33,2% (Ago 08) / 30,3% (Set 08) / 28,4% (Out 08) / 26,3% (Nov 08) / 24,9% (Dez 08) / 22,9% (Jan 09) / 22,3% (Fev 09)

Ou seja, entre Junho de 2008 e Fevereiro de 2009, o índice de confiança em Sócrates aumentou de 37,9 % para 47,9%, enquanto o MFL desceu de 33,3 para 22,3 %. Em Junho de 2008, Sócrates tinha uma vantagem 4,6% em relação a MFL. Oito meses depois a sua vantagem é de 25,6 %. Suas excelências os brilhantes que despontaram como pavões no palco do PSD, rodeando como arcanjos salvadores a nova Dª Sebastiana, são afinal uma colecção de pilecas políticas engravatadas.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Nova sondagem para um velho cenário



FEV - JAN - DEZ

PS - 40,3 % - 41,1% - 42,5 %

PSD - 29,1 % - 30,1% - 30 %

BE - 10,1% - 9,6% - 8,8 %

CDU - 8,8% - 8,3% - 8,4 %

CDS - 6,9% - 6,1% - 6 %


Foi ontem difundida pela SIC uma nova sondagem da Eurosondagem, cujos números ocupam a primeira das três colunas que podem ver acima. Ao seu lado, podem ver-se os números correspondentes às sondagens Expresso/Eurosondagem dos dois meses anteriores.
Em dois meses, o PS perdeu 2,2,%, mas o ritmo de descida neste segundo mês atenuou-se relativamente ao do mês anterior. O PSD perdeu 0,9 em dois meses, mas a sua evolução foi errática: primeiro subiu 0,1%, depois perdeu 1 %. Está agora a 11,2% do PS, quando há um mês estava a 11%. É uma fraca colheita das sequelas do caso Freeport.
O BE subiu gradualmente a um ritmo quase idêntico. Há dois meses era o terceiro partido ligeiramente à frente da CDU( 0,4%). Continua a sê-lo, mas agora com uma vantagem de 1,3%.
Aliás, a CDU desceu ligeiramente de Dezembro para Janeiro e agora voltou a subir moderadamente. Saldo positivo modesto: 0,4%.
Já o CDS acelerou o ritmo de subida: no primeiro mês subiu 0,1%, no segundo mês subiu 0,8%. Em dois meses, o CDS ganhou o que o PSD perdeu. O bloco de direita manteve-se estacionado nos 36%.
Já o conjunto dos partidos, alegadamente, à esquerda do PS passou de 17,2% para 18,9%. Chega par impedir a maioria absoluta do PS, mas não chega a metade do necessário para serem uma alternativa autónoma de poder. Como já declararam não querer coligar-se com o PS, em caso de maioria relativa deste, só lhes resta a hipótese da Coligação Canguru (coligação de toda a oposição, hegemonizada pela direita), para integrarem uma maioria de governo. Aliás, a Coligação Canguru viu as intenções de voto no conjunto dos quatro partidos ser reforçada nestes dois meses: passou de 53,2% em Dezembro, para 54,9% em Fevereiro.
Apesar da crise económica e das campanhas sujas, o essencial dos cenários políticos induzidos pelas sondagens manteve-se. Os eleitores vão optar entre duas hipóteses: ou dão maioria absoluta ao PS ou dão maioria absoluta à Coligação Canguru. No primeiro caso, o problema fica resolvido, por força dos resultados eleitorais. No segundo caso, ou a Coligação Canguru consegue entender-se para governar ou não. Se consegue, o problema também fica resolvido. Se não, abre-se a porta a um governo PS de maioria relativa. Se a Coligação Canguru , embora não tendo conseguido formar governo, der viabilidade a um governo PS, o problema também ficará resolvido. Se a actual oposição, maioritária nas urnas, nem conseguir formar governo, nem deixar o PS governar, certamente, que terão que se realizar de novo eleições.
Dir-me-ão que a ideia de uma Coligação Canguru é uma hipótese maliciosa inventada por um militante do PS. Haverá nisso uma dose de verdade, se nos limitarmos a dar valor ao que é ostensivo nos discursos dos quatro partidos. Mas já não acontecerá o mesmo, se nos reportamos à frieza objectiva dos factos. Realmente, o comportamento dos quatro partidos da oposição tem sido demasiado coincidente, para que se possa excluir objectivamente a hipótese de se virem a coligar. Conservariam todos eles os apoios que hoje têm se enveredassem de facto por tão aventuroso atalho? Julgo que não. Mas todos sabemos que, ao longo das suas histórias, foram muitas as direcções de partidos políticos que tomaram decisões suicidárias e contra-natura.
Por isso, também pode acontecer que no dia a seguir a uma vitória eleitoral relativa do PS, os quatro naipes do actual coro anti-PS se embrulhem numa implacável rivalidade, em que cada um procurará oferecer ao PS os seus discretos serviços e diabolizar a ideia de o PS poder aceitar as ofertas de qualquer dos outros três.
Quanto à hipótese de a direita subir dos seus actuais 36% a uma maioria absoluta, não sendo impossível parece improvável. Mais provável parece o seu estacionamento num patamar próximo do número actual, repartindo-se esse escasso bolo, entre a gula insaciável e felina de Portas e o azedume monótono da Srª Leite.
Vai, por último, também, perdendo força a hipótese de uma nova maioria absoluta do PS, sendo certo que ele se tem conservado suficientemente perto desse limiar para lá poder chegar num assomo final de energia quando chegar o tempo final da campanha. Mas, será realista dizer que se o PS não aproveitar, por exemplo, o próximo Congresso, para dar um sinal de efectiva novidade, pode ficar mais longe dessa hipótese de recuperação em última instância.
E lá ficaremos nós sob a ameaça sombria de uma Coligação Canguru que, podendo ser feroz como oposição, talvez olhe para qualquer hipótese de um correspondente governo, como se fosse uma ofensa que lhe estivesse a ser feita.
Como detalhes coloridos da conjuntura, permito-me, para concluir, registar três curiosidades: 1) MFL, que ameaçara começar a crescer nas sondagens a partir de Janeiro deste ano, rumo a uma vitória que alardeava ser certa, disputa afinal penosamente com o seu antecessor a primazia na impopularidade; 2 ) o PSD , por interpostos meninos, parece crer que as únicas armas de combate político de que dispõe no arsenal da sua imaginação, são as do insulto mais ou menos rasteiro; 3 ) dirigentes, notáveis e barões (do norte, sul e ilhas) do PSD assemelham-se, cada vez mais, a um rebanho tresmalhado à procura de pastor, de tal modo é errático e desafinado o coro com que julgariam poder seduzir os eleitores.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

As barbas do vizinho a arder!

No diário francês " Le Monde " de hoje, vem publicado o artigo que abaixo se transcreve, sob o título, "A greve nas Universidades alarga-se".

Na moção "Mudar para Mudar" que foi apresentada com vista ao próximo Congresso do PS , conclui-se assim a parte do do texto referente à educação : "A Universidade como espaço científico e crítico está em perigo. Parece claro que o PS não pode seguir para o ensino superior a mesma lógica que já recusa expressamente para a sociedade. Na verdade, o pensamento que guiou as acções que no plano económico conduziram o mundo para o drama que vivemos é do mesmo tipo daquele que informou o Processo de Bolonha e o RJIES. Seria trágico que só acordássemos para esse perigo, quando nas nossas Universidades eclodisse uma crise paralela à que hoje abala o mundo da economia ".

Será que o Ministro acordará, em tempo útil, da sua modorra altaneira ? Se ele ficasse com os seus pelouros do tempo de Guterres seria excelente : ganharia ainda mais a investigação científica e talvez olhasse pelas Universidades alguém que gostasse delas o suficiente para pensar mais em melhorá-las do que em castigá-las. Eis o texto que transcrevemos:


"La grève dans les universités s'amplifie".

"Le mouvement des enseignants-chercheurs, en grève illimitée depuis le 2 février, entre dans son quatrième jour et s'étend, rejoint par des syndicats de l'enseignement supérieur et des étudiants.
Une coordination nationale des universités – représentant 74 universités, écoles et instituts réunis à Paris-IV – a appelé, lundi soir, à une journée d'actions ce jeudi et à une manifestation nationale, mardi 10 février, à laquelle pourraient se joindre les étudiants, dont la principale organisation, l'UNEF, a appelé à la grève mardi prochain.
Au moins 22 manifestations sont prévues un peu partout en France ce jeudi – Paris, Lille, Lyon, Toulouse, Montpellier, Nantes, Le Mans, Strasbourg, Dijon... A Paris, un cortège partira de Jussieu à 14 h 30 pour se rendre aux abords du ministère de l'enseignement supérieur. A Strasbourg, un rassemblement est prévu jeudi matin devant le Palais universitaire "à l'occasion de la venue de
Valérie Pécresse pour inaugurer l'université fusionnée de Strasbourg", indique le Snesup-FSU.

Les raisons de la grève

La modification du décret de 1984 sur le statut des enseignants-chercheurs suscite un mécontentement croissant chez nombre d'entre eux qui craignent l'arbitraire des présidents d'université, une hausse des heures d'enseignement et l'atteinte à leur indépendance. Ils demandent le retrait de la réforme.
Ils protestent aussi contre la réforme de la formation des enseignants et les suppressions de postes (900 en 2009) dans l'enseignement supérieur, rejoints par les principaux syndicats du supérieur.
"Aujourd'hui, alors que le gouvernement reste sourd aux revendications, la mobilisation dans les universités s'amplifie, avec la multiplication des décisions de grèves", écrivent les syndicats FSU, CGT, CFDT, FO et Solidaires de l'Enseignement supérieur dans un communiqué commun diffusé mercredi.

Les universités en grève

Selon un communiqué de la coordination nationale des universités, la mobilisation s'est poursuivie mercredi dans certains établissements, avec des assemblées générales, comme à Aix-Marseille, Clermont-Ferrand, Nancy, Nantes, Paris-IV, Paris XII notamment. A Toulouse II, la grève a été votée par une assemblée générale d'étudiants. A Toulouse III, la grève a été décidée jusqu'à jeudi soir.
Certains IUFM (Instituts universitaires de formation des maîtres) sont aussi en grève, comme celui de Paris.

Le ministère campe sur ses positions

La ministre de l'enseignement supérieur, Valérie Pécresse, a écarté tout retrait de la réforme du statut des enseignants-chercheurs. Son ministère a recensé "70 enseignants-chercheurs déclarés grévistes" et une "dizaine d'universités concernées par la rétention des notes" (l'UFR de droit à Toulouse I, celle de lettres à Orléans, la littérature à Paris-III, entre autres), estimant "les perturbations sont limitées".

L'opposition soutient le mouvement

Le premier secrétaire du Parti socialiste, Martine Aubry, a demandé mercredi à Nicolas Sarkozy d'interrompre les réformes. "On ne peut pas à la fois dire qu'on prépare l'avenir comme le dit le président Sarkozy et prendre les mesures qu'il est en train de prendre, le changement de statut des chercheurs, la réduction des postes et des effectifs, le mélange des genres entre les enseignants et les chercheurs", a-t-elle déclaré en marge d'un déplacement au Parlement européen à Strasbourg. "

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Educação - a urgência de uma reforma


Dirigindo-me, principalmente, aos militantes do PS que tenham uma ligação forte à educação, vou aqui transcrever a parte da Moção Mudar para Mudar, de que sou um dos subscritores, que contém uma abordagem genérica da educação, encarando-a como prioridade política e como eixo central necessário do desenvolvimento social.

EDUCAÇÃO - A URGÊNCIA DE UMA REFORMA
Libertar e Desenvolver

A educação é um factor determinante do desenvolvimento. Dificilmente conseguiremos romper os actuais bloqueios que tolhem a sociedade, sem a sua impregnação profunda pelo binómio educar-e-aprender. Na verdade, o desenvolvimento do processo educativo, a conquista de condições de uma verdadeira aprendizagem ao longo da vida, não são apenas instrumentos de uma melhoria da qualidade do nosso desenvolvimento e da vida em sociedade, são também antecipações de um outro quotidiano mais universalmente humanizado.


A impregnação da sociedade pelo processo educativo não se faz sem limites. Não se pode exigir à escola o que só é alcançável através de profundas transformações económicas e sociais. Aliás, o excesso de expectativas pode inquinar a prossecução dos próprios objectivos que lhe são atribuídos.


É imperioso reafirmar o princípio da responsabilidade do Estado pela educação pública, encarada como um dos vectores estruturantes do desenvolvimento social, como um dos espaços centrais da qualificação e da civilização dos seres humanos, como um insubstituível gerador de cidadania e de humanidade.


Além disso, se é condição necessária, para se chegar a uma sociedade justa, uma equilibrada partilha do trabalho, do rendimento e dos tempos livres, é vital o papel da educação nesse processo. Por isso, é indispensável assegurar o papel propulsor do Estado, na permanente adequação do sistema de ensino às crescentes exigências da sociedade.


Devemos equacionar os problemas levantados pela sociedade da informação, cuja evolução aponta para nos conduzir a uma verdadeira sociedade do conhecimento. O que está em causa é um processo gradual e complexo, necessariamente longo, implicando uma cadeia de objectivos estratégicos devidamente conjugados e impondo uma pilotagem democraticamente legitimada e radicada no interesse público.


Tudo isto se complica porque um dos aspectos predatórios do capitalismo actual é a tentativa de tornar o ensino numa mera prestação de serviços mercantis. Sendo a educação um processo de humanização radicado na aquisição de conhecimentos, na integração social das novas gerações, na afirmação da identidade cultural dos povos, instância decisiva na construção do nosso futuro colectivo, não pode deixar de ser uma responsabilidade que cabe, em primeira linha, ao Estado, ao poder democrático, enquanto expressão política do bem público.


A política educacional deve desenvolver-se com base num conjunto bem determinado de vectores que a estruturem e é importante destacar um dos mais relevantes: o envolvimento dos professores na prossecução dos objectivos e na dinâmica de implantação dessa política. Esse envolvimento e a dignificação da profissão docente em todos os seus aspectos são condição sine qua non do êxito de qualquer política educativa. Êxito que também depende da clarividência dos seus impulsionadores políticos, quanto aos bloqueamentos que a tolhem e aos desafios que enfrenta. Registemos algumas das maiores dificuldades.

Esta globalização capitalista, ao eliminar quadros de referência tradicionais, ao apagar pontos de ancoragem identitária e ao abrir novos espaços de competição selvagem, representa, para cada sistema educativo, um vendaval de novos desafios. No caso português, corre em paralelo o processo de integração europeia, que não deixa de ser uma pressão autónoma para o sistema educativo.


O desabrochar da sociedade de informação e do conhecimento oferece novos meios à educação, mas obriga, a novos métodos e a novas atitudes, impondo, por si só, novas exigências, quer no plano científico, quer no plano didáctico, quer no plano pedagógico.


Os problemas da massificação do ensino, agravados pelo enfraquecimento da hegemonia da escola, como lugar difusor de conhecimentos e de cultura, não impediram que se tornasse mais ostensiva, em termos de futuro, a centralidade do conhecimento a que através da escola se pode ter acesso. Os cidadãos angustiados por bloqueamentos sociais e culturais, sem expressão política clara e imediata, tendem a esperar da escola uma excessiva realização dos seus anseios.


E assim, paradoxalmente, quando é maior a importância da escola, mais forte parece ser a deslegitimação social que a atinge. A estagnação estrutural da escola e os bloqueamentos sociais existentes levam às pulsões de anarquia que perturbam o seu quotidiano. E, neste contexto difícil, um outro dilema se perfila: é quando a autoridade dos professores parece mais precária, no dia-a-dia da escola, que se mostra mais necessária uma pedagogia mais convivial.


Tem ganho actualidade o imperativo de se empreender uma reforma da educação de largo alcance, necessariamente profunda e prolongada, que enfrente e resolva os problemas de que padece o nosso sistema educativo. Circunscrevendo-nos ao caso português, é indispensável encontrar novas respostas para os problemas atrás referidos


Destaque-se a entrada no sistema educativo de sectores sociais, na sua quase totalidade, antes arredados da escola ou, pelo menos, arredados dos níveis de escolaridade mais elevados, bem como o facto de essa democratização do ensino não ter sido acompanhada de um correspondente aumento de bem-estar social e do nível cultural das famílias que potenciasse e sedimentasse essa democratização.


Por outro lado, o progresso de todos os ramos do saber, quer científicos, quer humanísticos, indutor de novos horizontes de informação e complexidade, bem como o desenvolvimento das novas tecnologias, impregnaram o cerne do próprio processo de ensino/aprendizagem de novas oportunidades e de novos problemas.


Estes factores seriam suficientes para se justificar uma radical transformação do processo de formação de professores, mas essa necessidade tem vindo a ser enormemente potenciada pelas sequelas de uma política de desresponsabilização do Estado, lançada pelo cavaquismo, nos anos 80. Não houve, depois, capacidade ou vontade política para reverter essa deriva que degradou dramaticamente toda a formação de professores no nosso país, com base numa visão neoliberal da educação, cuja lógica está já a dar os seus frutos dramáticos na conjuntura económica mundial que atravessamos. Daí que defendamos que este deve ser o primeiro e urgente passo: preparar cuidadosamente e pôr em prática um novo sistema de formação de professores, em todos os graus de ensino, adequado aos tempos que atravessamos e aos problemas que enfrentamos.


Será nesse quadro que devem ser implantados novos processos de avaliação dos professores e das organizações escolares, que acompanhem a recuperação necessariamente lenta da qualidade da formação de professores, hoje drasticamente comprometida. Uma avaliação que, numa primeira fase, se irá testando a si própria e coadjuvando o processo de requalificação dos instrumentos e das práticas de formação de professores, entretanto desencadeado, para que se chegue a um tempo em que possa desempenhar, com justiça e equilíbrio, uma função apreciativa do mérito dos professores, com um reflexo adequado nas suas carreiras e remunerações.
Pode compreender-se que, quanto às dramáticas querelas que têm perturbado o funcionamento das escolas e a atmosfera política do país, a propósito da avaliação dos professores, o essencial não é saber quem tem razão, pois pequeno será sempre o benefício para o sistema educativo, se continuar a ser esquecida a degradação do sistema de formação de professores que o cavaquismo iniciou e se arrasta há mais de vinte anos. Empolar a importância da avaliação dos professores, desconsiderando a degradação da sua formação, é apenas a estéril inversão de um problema, atacando-lhe as consequências e deixando intactas as causas.


Vejamos, sinteticamente, a importância de algumas vertentes da política educativa.
Um elemento nuclear dessa política é a generalização e a qualificação do ensino pré-primário, na esteira do que tem vindo a ser feito. Apenas se chama a atenção para as virtualidades do envolvimento do sector cooperativo e social como protagonista deste processo numa perspectiva de incentivo à dinamização endógena do tecido social, numa área em que a proximidade é um factor do máximo relevo.


É tempo também de ser reapreciada, no seio do PS, a política seguida no que diz respeito ao modelo de gestão das escolas, adoptado nas mais recentes opções assumidas nessa matéria. Efectivamente, elas representam uma ruptura com as opções políticas há muito seguidas pelo partido nesta, sendo nalguns casos visivelmente tributárias de perspectivas conservadoras, alheias aos valores que estruturam a identidade do PS.


No mesmo sentido, é muito importante que se proceda a uma avaliação objectiva das consequências do chamado processo de Bolonha e do Regime Jurídico do Ensino Superior que procurou projectá-lo no nosso país. Desse modo, poder-se-á preparar um sério processo de correcção dos aspectos que prejudicam a qualidade e o desenvolvimento do ensino superior em Portugal.


Algumas incongruências parecem, na verdade, evidentes. Procurou estimular-se a aquisição de novas competências, como se elas não dependessem do alargamento dos conhecimentos correspondentes. Exacerbou-se um certo imediatismo do concreto, como se o raciocínio abstracto não fosse um esteio determinante da capacidade de pensar. Quando a complexidade do real e a quantidade da informação crescem exponencialmente, reduziram-se as cargas horárias e o número de anos lectivos, aligeirando-se os currículos. Toda a lógica dos novos órgãos de poder nas Universidades e no Politécnico reflecte uma enorme desconfiança no papel que deve ser protagonizado pelos estudantes, bem como na própria democracia.


A Universidade como espaço científico e crítico está em perigo.
Parece claro que o PS não pode seguir para o ensino superior a mesma lógica que já recusa expressamente para a sociedade. Na verdade, o pensamento que guiou as acções que no plano económico conduziram o mundo para o drama que vivemos é do mesmo tipo daquele que informou o Processo de Bolonha e o RJIES. Seria trágico que só acordássemos para esse perigo, quando nas nossas Universidades eclodisse uma crise paralela à que hoje abala o mundo da economia.


Em síntese, defendemos o início de um amplo processo de reforma da educação, à luz do qual iremos compreendendo quais os caminhos que merecem continuar a ser percorridos, quais os que devemos abandonar.


Ter uma política de educação errática, tributária de instâncias internacionais, hoje de credibilidade duvidosa, numa navegação de cabotagem à vista, é correr um enorme risco de comprometer por décadas o futuro do nosso povo.

Os Fantasmas de Davos

Os ecos da reunião do Forum Mundial de Davos de 2009 vão chegando, na sua dimensão completa, ao conhecimento público. Vai ficando claro que ali se reuniram alguns fantasmas espantados, vindos de um tempo desaparecido. Mas não nos iludamos. Se a expressão política dos explorados continuar errática e dispersa, esses fantasmas podem continuar a assombrar o mundo por várias décadas.
Neste tempo de interrogações e dilemas, neste tempo de drama e de viragem, é preciso estimular a inteligência e a imaginação, reunir uma infiormação limpa sobre o que ocorre no mundo , superar imediatismos e procurar com determinação um futuro.
Por isso, achei útil transcrever da revista brasileira CartaCapital, um pequeno texto de Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa , recentemente divulgado.
Moldar o mundo pós-crise.”
"Nenhuma das edições mais recentes do Fórum Econômico Mundial (WEF, segundo a sigla em inglês) permitia prever o tema de Davos 2009 e seu caráter imperativo e intervencionista. De “O Imperativo Criativo” (2006) a “O Poder da Inovação Colaborativa” (2008), os temas eram tão banais e otimistas quanto títulos de livros de autoajuda para executivos. Palestras estendiam-se sobre temas como “a necessidade de renovação constante dos negócios como elemento-chave de um alto desempenho” e questionamentos tão pouco polêmicos como “a União Europeia enfrenta desafios-chave como a Constituição e o crescimento econômico sustentado”. Agora, o clima é de seriedade e urgência. Klaus Schwab, fundador e presidente do WEF, fez seu discurso em tom de mea-culpa: “Somos todos responsáveis por não reconhecer os riscos de um mundo totalmente desequilibrado. Deveríamos ter prestado mais atenção naquelas pessoas que conseguiram prever os sinais e falaram desses riscos aqui nesta sala. A negação de uma verdade politicamente inconveniente ou desagradável, em conjunto com o instinto de manada, nos levou a depender de sistemas irreais e insustentáveis, enfraquecidos ou abusados de maneira antiética ou fraudulenta”. Os encontros precedentes haviam sido abertos por alguns dos líderes ocidentais mais confiantes na livre empresa, como Angela Merkel (2006 e 2007) e Condoleezza Rice (2008). Desta vez, o discurso de abertura foi proferido em 28 de janeiro pelo primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, como “principal interventor sobre esse tema (moldar o mundo pós-crise)”, segundo seu chefe de gabinete, Yuri Ushakov. Se a intenção foi sublinhar que é o momento de deixar de lado a fé na mão invisível do livre mercado e ponderar a necessidade da mão visível do Estado, a escolha não podia ser mais apropriada, inclusive para lembrar os riscos de abusos na direção oposta. Putin resgatou a Rússia do caos provocado pelas reformas neoliberais, mas cobrou um preço muito alto, na forma de excessos autoritários mais que notórios. Muitos dos astros do setor financeiro e empresarial que lá brilharam nos anos anteriores não foram ouvir o líder russo. Alguns faliram (como Richard Fuld, do Lehman Brothers), outros foram demitidos (como John Thain, do Merrill Lynch), vários têm problemas com a Justiça (como Ramalinga Raju, presidente da indiana Satyam Computer Services, detido por fraude) e outros estão simplesmente embaraçados ou ocupados demais para aparecer, inclusive os presidentes do Citibank e do Bank of America, dependentes de socorro estatal para manter à tona aqueles que ainda em 2007 eram os dois maiores e mais poderosos grupos bancários do mundo. Hoje, o alto do pódio está ocupado pelo ICBC, o equivalente chinês do BNDES. O novo governo dos EUA, em cujas mãos estão as decisões mais importantes para realmente moldar o mundo pós-crise – ou, se falhar, para levar a crise a se estender por anos e anos –, também está ocupado demais com fazer aprovar suas propostas pelo Congresso para dar maior peso político ao evento. Seu representante foi Larry Summers, presidente do Conselho Nacional de Economia. Um assessor de peso, mas sem responsabilidade executiva que no governo Obama, dedicado à intervenção estatal, terá de contradizer o que fez em nome da desregulamentação de Clinton."

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Feira dos 23

Um grupo de semeadores lançou um novo Blog : Feira dos 23 . Um deles apresentou-o numa mensagem reveladora, na qual manifesta um louvável desejo de discutir Coimbra. E de, fazendo-o com elevação e racionalidade, contribuir para melhorar o ambiente político da nossa cidade. Promete um particular protagonismo de gente jovem.

São desígnios louváveis, que honram quem os assume. Quase sempre os semeadores são inventores de futuros. Por isso mesmo, revelarão uma saudável prudência se, desde já, quando começam a semear rumo a possíveis frutos também se preocuparem com quem os virá a colher.

Se Coimbra fosse uma princesa reclinada no Mondego, colhendo docemente as flores de todas as imaginações, tudo estaria bem. Tudo o que agora se semeasse seria por ela mansamente colhido, quando fosse tempo disso. Mas não é. Coimbra é uma cidade de um país e de um mundo lavrados por antagonismos sociais e políticos, que estão longe de ser apenas invenções perversas de mentes mal formadas. Coimbra, tendo uma identidade única, é também uma cidade, como todas as outras, sulcada por interesses e opções ideológicas diferentes e, muitas vezes, conflituais e antagónicos. É por isso que o ecumenismo, tão desejável na esfera religiosa para combater o fanatismos, corre o risco de ser insípido, quando se projecta na política. Estou certo que não será esse o caso.

Por isso, mesmo sabendo que a Feira dos 23 há-de ser o que os seus feirantes livremente quiserem, julgo não praticar uma intromissão abusiva, se manifestar a esperança de que a Feira dos 23 se vá colorindo com nitidez crescente, para vir a assumir, desse modo, um lugar próprio, no lado esquerdo da vida e da cidade.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Sondagem [Marktest- SE]

Sondagem recente feita pela Marktest, para o Semanário Económico, cujo trabalho de campo teve lugar de 20 a 23 Janeiro, deu os seguintes resultados:


PS: 39,6% [ 40,1%]

PSD: 24,9% [ 26,4 %]

CDU: 11,9% [ 10,1%]

BE: 10,1% [ 13,1%]

CDS-PP: 9,7% [ 6,2%]

Os números entre parêntesis, correspondem a uma sondagem , cujos resultados foram publicados em 29 de Novembro passado, também realizada pela Marktest para o Semanário Económico.

Sublinhe-se o ostensivo: o PS desceu 0,5 % e o PSD desceu 1,5%. O BE perdeu 3% e o CDS subiu 3,5%. A CDU subiu 1,8%.

Para o PS , o resultado é murcho. Para o PSD, o resultado é amargo. Para o PCP, é reconfortante. Mas para o BE , o resultado é alarmante , pois perdeu 25% das expectativas de voto de há dois meses. Em contrapartida o resultado para o CDS é quase exaltante, pois viu alargadas em mais de 50% as expectativas de votos que tinha em Novembro passado.

O conjunto de partidos, alegadamente, à esquerda do PS viu reduzido o seu peso conjunto de 23,1% para 22 %. A base tradicional de um governo de direita cresceu de 32,6 % para 34,6%, ficando 5 % abaixo de PS, quando em Novembro estava a 7,5%. A Coligação Canguru (os quatro partidos da oposição hegemonizados pela direita) subiu de 55,8%, para 56,7%. Ou seja, esta Coligação viu a sua vantagem alargada relativamente ao PS de 15 ,7 % para para 17,2 %.

Os dois maiores partidos tinham em Novembro 66,5% das intenções de voto e os outros três tinham 29,8%; agora, os primeiros têm 64,5 % e os outros três têm 31,7%.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

O capitalismo não é eterno

O texto que acabei de escrever, e que podem ler mais abaixo, é sublinhado pelo conteúdo da entrevista do prestigiado sociólogo americano Immanuel Wallerstein que fui buscar ao diário espanhol "EL País" [31/01/2009] e que vou transcrever na sua quase totalidade. Foi conduzida pelo jornalista Carlos Prieto, que nos recorda que IW : " predijo, en plena apoteosis de la Guerra Fría, que el bloque soviético se iba a derrumbar, algunos pensaron que estaba metiendo la pata hasta el fondo. Obviamente, eran ellos los que estaban equivocados. Y es que el sociólogo estadounidense lleva toda su vida académica estudiando las tendencias a largo plazo de los sistemas económicos mundiales desde el Centro Fernand Braudel (Universidad Estatal de Nueva York). "
A entrevista é encabeçada por este sugestivo título: "El capitalismo no existirá en 30 años". Ei-la:

Usted se ha especializado en el análisis a largo plazo del capitalismo y en su división, siguiendo los estudios de economistas como Kondratieff, en ciclos coyunturales. Según sus estudios, en la primera parte del ciclo actual (1945-1975), el beneficio lo generó la producción industrial. Ahora estamos en la segunda parte de ese ciclo. ¿Cómo situaría la crisis económica actual en ese contexto?

Lo que está ocurriendo ahora no es nada más que la fase final de un ciclo que se ha repetido muchas veces en los 500 años de historia del sistema capitalista. Ahora nos encontramos, en efecto, en la fase final de un ciclo de Kondratieff. En este sentido, la crisis que estamos viviendo no tiene nada de novedoso. La actual crisis, sobre la que todo el mundo discute como si fuera lo nunca visto, es similar a las ocurridas en otros momentos históricos, como la Gran Depresión o el periodo transcurrido entre 1893 y 1896. Es decir, se trata de un periodo que empieza con un endeudamiento masivo de las economías, sigue con una explosión de burbujas y acaba con una sucesión de quiebras. Así las cosas, lo que estamos viendo ahora es el colapso del periodo especulativo que arrancó en los años setenta. Hasta aquí, todo normal. Ahora bien, hay que saber distinguir entre los fenómenos cíclicos que se repiten y los cambios extraordinarios que ocurren sólo una vez, entre lo que es normal y lo que es extraordinario.
De hecho, usted sí cree que el capitalismo está viviendo un momento nunca visto hasta ahora ¿Qué tiene de extraordinario lo que le está ocurriendo al sistema desde hace unos años?

Lo extraordinario es que el ciclo coyuntural se agrava al enmarcarse dentro de otra crisis de mucho más largo recorrido que arrancó hace 30 años. Me refiero al fin del actual sistema-mundo capitalista y la consiguiente transición hacia otro sistema. Todavía no sabemos qué va a ocupar el lugar del capitalismo porque dependerá del resultado de una lucha política que aún se está dirimiendo.

¿No podemos estar ante el enésimo ciclo de caída y auge del sistema capitalista?
Definitivamente, no. Las posibilidades de acumulación del sistema han tocado techo. Podemos estar seguros de que en 30 años ya no viviremos bajo el sistema-mundo capitalista. Pero, ¿en qué sistema viviremos entonces? Podría ser un sistema mucho mejor o mucho peor. Todas las posibilidades están abiertas. La solución la encontraremos cuando se resuelva el conflicto entre lo que yo denomino el espíritu de Davos y el espíritu de Porto Alegre. Ahora bien, si no se afronta políticamente la cuestión del fin del capitalismo, es posible que lo que surja sea aún más extremo que el sistema actual, que en mi opinión es tremendamente injusto.

¿Qué papel puede jugar Obama en el actual contexto de crisis económica?

Todo el mundo ha recibido a Obama con los brazos abiertos. El mandato de Bush fue tan terrible que la gente aprecia la llegada de un hombre joven e inteligente al poder. Además, la llegada de un afroamericano a la presidencia es importante desde un punto de vista simbólico. Todo esto es positivo. Creo que es bueno que Obama haya llegado a la presidencia, pero no creo que vaya a ser capaz de cambiar fundamentalmente la situación. Y, aunque quisiera, tampoco tiene el poder para hacerlo. ¿Actuará Obama más inteligentemente que Bush? Por supuesto, pero eso tampoco significa gran cosa: el gobierno de Bush fue muy derechista. Su Administración actuó de un modo tan poco inteligente que aceleró el declive definitivo de EEUU como sistema dominante. Pero, ojo, Obama no puede revertir esa situación.

Al hilo de esto, también ha asegurado que la crisis se corresponde con el fin de un ciclo político, el de la hegemonía estadounidense. ¿Se trata de una decadencia irreversible?

Estados Unidos seguirá teniendo un peso importante, pero dudo de que pueda reconquistar su posición dominante debido a la multiplicación de centros de poder como China, Brasil, Europa, etc.