Os dois estarolas

O percuciente Sr. Bush recebeu a visita do discreto Sr. Berlusconi. Bem enraizado na circunstância vivida actualmente, na qual, por detrás da sombra de uma crise com a qual o Sr. Bush, evidentemente, nada teve a ver, emerge a luminosidade dos êxitos obtidos no Afeganistão e no Iraque, países onde a paz, como todos sabemos, floresce pujantemente, o estadista italiano, olhando para as lonjuras do seu futuro, ribombou:

" A história demonstrará que Bush foi um grandíssimo presidente".

Ao que este, saboreando essas sábias palavras como um doce rebuçado e dando asas à sua proverbial lucidez, não foi capaz de deixar de dizer, referindo-se a Berlusconi:

" É um homem sincero, capaz de falar com palavras claras e sinceras, capaz de manter a sua palavra...".

E assim se vê como em política se produz, por vezes, um involuntário e irresistível humor. Tanto mais irresistível, quanto mais involuntário. De facto, bem se pode dizer que políticos como estes dois Senhores Bês, quanto mais se levem a sério, mais provável é que nos façam rir.