1. O abalo mundial destas últimas semanas, ao tornar ostensiva a inviabilidade estrutural do modelo capitalista neoliberal, trouxe para a praça pública mais um indício da inviabilidade da sobrevivência da humanidade (ou, pelo menos, de sociedades que não sejam pesadelos), num contexto capitalista.
É certo que não foi lavrada nenhuma escritura que assegure o fim do capitalismo e a correspondente eclosão de novos amanhãs que cantem. Mas foi inequivocamente aberta uma nova era de responsabilidade e risco para os Partidos da Internacional Socialista.
Pelo menos na Europa, eles têm que se tornar em partidos muito diferentes daquilo que hoje são, se quiserem estar em condições de desempenhar um papel impulsionador, numa via reformista que apresse a saída do capitalismo tal com ele é, remediando, porém, desde já as injustiças e desigualdades sociais mais gritantes, de modo a tornar realista a aspiração a que o provável despontar de um pós-capitalismo tenha o rosto socialista.
Esta é uma questão estratégica, de longo prazo, que não pode ficar de fora das preocupações de cada socialista, individualmente considerado. E, por isso mesmo, se qualquer movimentação colectiva, dentro dos partidos socialistas, ocorrer à margem desta nova problemática, dificilmente não se está perante uma simples e inócua rotina que, parecendo ser acção, pode não ser mais do que um mero sonambulismo político.
Todos os que estiveram atentos à campanha interna, que decorreu até ontem na Federação de Coimbra do PS, terão podido constatar que a exuberância de eventos, de declarações de apoio e de textos de opinião que procuraram mostrar o músculo político dos candidatos, só muito ao de leve deixaram penetrar nesse círculo de ferro a atmosfera agitada do mundo em que vivemos.
Esta é uma questão estratégica, de longo prazo, que não pode ficar de fora das preocupações de cada socialista, individualmente considerado. E, por isso mesmo, se qualquer movimentação colectiva, dentro dos partidos socialistas, ocorrer à margem desta nova problemática, dificilmente não se está perante uma simples e inócua rotina que, parecendo ser acção, pode não ser mais do que um mero sonambulismo político.
Todos os que estiveram atentos à campanha interna, que decorreu até ontem na Federação de Coimbra do PS, terão podido constatar que a exuberância de eventos, de declarações de apoio e de textos de opinião que procuraram mostrar o músculo político dos candidatos, só muito ao de leve deixaram penetrar nesse círculo de ferro a atmosfera agitada do mundo em que vivemos.
2. O resultado do acto eleitoral que ontem decorreu, fazendo fé no site do Diário de Coimbra, foi de quase 60%, para Victor Baptista (VB) e de pouco mais de 40%, para Mário Ruivo (MR), não tendo a soma dos votos em ambos superado a barreira dos 50% dos eleitores, em condições de votar, que, segundo dados oficiosos, era de 7000 inscritos.
De facto, de acordo com a referida fonte, VB teve 2054 votos e MR 1376, o que somando apenas 3430, ficou abaixo de metade de 7000. Portanto, VB teve 29,3% de apoio relativamente ao universo dos possíveis votantes e MR teve o apoio de 19,6 % desse mesmo conjunto. Constata-se, também, que ambos os candidatos não conseguiram ter os votos correspondentes ao número de militantes que anunciaram como seus apoiantes, ou como participantes na soma dos seus jantares e reuniões. Houve pois uma larga fatia de militantes socialistas que não se sentiram motivados a manifestar uma opção expressa nesta consulta, embora o tenham feito, com toda a probabilidade, por razões entre si muito diversas.
Deve sublinhar-se, aliás, que o problema do fraco índice de mobilização dos inscritos no PS em eleições internas, nem é um problema novo, nem é um problema que se circunscreva a Coimbra, mas é claramente um problema que hoje existe na Federação de Coimbra. Será sempre um problema que justifica que se procure minorá-lo, mas é um índice particularmente preocupante, quando se está à beira de uma decisiva série de eleições.
Na verdade, dificilmente se atingirão nessas eleições os resultados de que o PS precisa, para prolongar com estabilidade o ciclo da sua hegemonia político-institucional, se ele não conseguir mobilizar e transmitir ao seu eleitorado um novo entusiasmo. E será improvável consegui-lo, se não partir para as lutas eleitorais com os seus militantes mobilizados e dispostos a baterem-se realmente.
Para isso, há condições políticas a preencher que têm natureza nacional; mas, não deixa de haver outras com dimensão distrital. Nomeadamente, pode ser verdadeiramente devastador pensar-se que basta a repetição aplicada das rotinas para se abrirem novas portas, tal como é necessário.
E, particularmente, quer as federações distritais, quer as estruturas concelhias, podem ser decisivas no êxito dos combates autárquicos. Mais uma vez, fazendo o que é preciso fazer para que se lancem grandes movimentos populares de apoio aos candidatos do PS e evitando deixarem-se encerrar no “tricot” dos pequenos poderes, das pequenas ambições, das pequenas carreiras, que, por mais humanamente compreensíveis que sejam, podem ser nesta conjuntura um erro fatal.
3. Um balanço completo desta campanha e das virtualidades e limitações envolvidas pela conjuntura saída desta pugna interna do PS só tem sentido depois de realizado o Congresso federativo. Por enquanto, são apenas possíveis considerações introdutórias como as que acabo de fazer.
3. Um balanço completo desta campanha e das virtualidades e limitações envolvidas pela conjuntura saída desta pugna interna do PS só tem sentido depois de realizado o Congresso federativo. Por enquanto, são apenas possíveis considerações introdutórias como as que acabo de fazer.
7 comentários:
Conclusão: O Luís Marinho seria a solução, obteria os restantes votos e ganharia a Federação.
Ridículo, camarada Rui, ridículo...
Escrevam outro delicioso artigo em conjunto...
Este camarada sonha com o LM.Problema mal resolvido, de má consciencia...trate-se,senão ainda acaba com insonia cronica.
RN é forçado a responder num tom compreensível aos interlocutores:
Estes dois cromos anónimos que julgam que estão a responder ao texto que comentam, apenas revelam que não percebem o que se está a passar no mundo em que vivem e no partido em que julgo que militam.
Reajem a factos como se fossem argumentos e colocam-se num registo que roça o insulto próprio de quem não é capaz de algo mais racional ou de um pouco mais elaborado.
É por causa deste tipo de discurso infra-político que a actividade política por vezes perde
credibilidade.
Como queria gente desta qualidade simbolizar uma renovação fosse do que fosse.
O PS com liderança destas não vai alado nenhum. Mas cada partido tem o lider que merece e os melitantes que Deus lhe deu.
Com este lider, lá vai o PS ganhar as 17 Câmaras do distrito de Coimbra. Lá isso vai!
Um abraço ao meu amigo Rui e parabens pelo trabalho que tens feito. Não deixes de seres quem és pois a verdade custa muito a ouvir e só tu tens a coragem e sabedoria para enfrentar todas estas tempestades.
Os dois primeiros postadores reflectem de forma inequívoca o rídiculo e a insónia - as expressões são deles - que tomaram conta do PS Coimbra há mais de meia década.Os seus comentários reflectem de forma inequívoca o baixo nível e o trauliteirismo deste PS,ou melhor desta gente, que de facto não ganha juízo. Tudo se passa como se nada se tivesse passado. Parece que não há memória.Mas esses postadores são a "marca" da forma de pensar do PS Coimbra. E é a (não) pensar desta forma que o PS se afundará cada vez mais. Tarefa quase impossível para tornar a ser credível junto da sociedade de forma a conseguir passar as mensagens e propostas necessárias de forma a que essa mesma sociedade se possa voltar a ever nas lideranças concelhias e distritais do PS.Não sei se o LM seria a solução. O que sei certamente é que nenhum desses senhores o é ou será. Ridículo é o que tem acontecido no PS Coimbra. O problema é que algumas pessoas perderam a noção completa da realidade e é essa justamente a razão pela qual já não conseguem perceber o quão rídiculas são.E ainda bem que escrevem artigos em comum. Pelo menos não os têm de encomendar, isto é, ão precisam de bater à porta de ninguém para os escrever.Sonhar é bom. Muito bom! Seja pelo e sobre o que for. Maus são os pesadelos, como os de termos as lideranças que temos e os das derrotas eleitorais consecutivas no Distrito de Coimbra. Essas são as verdadeiras insónias crónicas. São as que me preocupam mas que ao que parece passam ao lado da maioria dos militantes do PS em Coimbra.Força Rui.Continua a escrever e sobretudo a pensar. O bom pensamento é neste momento um bem escasso neste PS.Estarei sempre por perto. Um abraço.
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