sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Fraternidade



Com a autorização do autor, publico o texto do J.L.Pio Abreu, "Fraternidade" que saiu hoje no Destak. É de algum modo um diálogo com o Alberto Martins. Conversa entre velhos amigos.

Fraternidade

"Com a queda do muro de Berlim, acabou o fundamentalismo de Estado; com crise actual, acabou o fundamentalismo de Mercado". Foi assim que o Dr. Alberto Martins, na Assembleia da República, assinalou o fim das soluções radicais para as aspirações humanas. O fundamentalismo de Estado tentou promover a igualdade à custa da liberdade. O Mercado, sem contenção, promove a liberdade mas também a desigualdade.

Liberdade e igualdade fazem parte dos ideários utópicos desde a Revolução Francesa. No entanto, podem ser antagónicas. Muito sabiamente, os revolucionários tiveram de lhes acrescentar a fraternidade para resolver a contradição. Não o conseguiram, como logo se percebeu pelo uso excessivo da guilhotina.

Ernst Friedrich Shumacher, autor de Small is Beautiful, escreveu no seu último livro, Um Guia Para os Perplexos, que os problemas humanos são tipicamente divergentes e levam a soluções contraditórias. Para os resolvermos, teremos de subir a outro nível e elevarmo-nos um pouco mais na nossa humanidade.

A fraternidade é um valor de nível superior que concilia liberdade e igualdade. Nem os franceses revolucionários nem os sistemas seguintes foram capazes de subir a esse nível. Sabendo dos enganos, seremos nós capazes de o fazer?

A resposta pode estar na tecnologia da globalização que o capital aproveitou desde a primeira hora. O capital não é fraterno. Mas cada pessoa pode agora usar a mesma tecnologia para promover a fraternidade.

J. L. Pio Abreu

2 comentários:

JM Correia Pinto disse...

Meu Caro

Para completar, interessará esclarecer que as palvras iniciais de AM são de Joseph Stiglitz (e que polémica elas levantaram na direita americana!), que ele se esqueceu de citar...
CP

Anónimo disse...

RN disse:

O que dizes está documentado neste mesmo blog, por intermédio de um texto de Stiglitz, editado nos finais do passado mês de Setembro.