O Sr. Santos escreveu mais um livro. Por profissão é megafone de televisão: diz notícias nos telejornais e faz perguntas parvas aos senhores que se sentam à sua frente para dizerem umas tantas sábias larachas, sobre assuntos de que se dizem especialistas.
O Sr. Santos baseou-se nas vidas do vô-vô e da vó-vó que namoraram sem autorização. Gente antiga, vivente nos anos trinta do século passado, em pleno salazarismo.
Ora, do alto dos seus romances o Sr. Santos quis dizer-nos como eram toscos os democratas que espalharam a lenda de uma desafeição dos portugueses, quanto ao Dr."Botas" de Santa Comba. E, luminoso, esclareceu-nos, dizendo que o povo estava farto da primeira república e, por isso, considerou o salazarismo um verdadeiro bálsamo. O Sr. Santos esqueceu-se de que essa novidade era afinal, simplesmente, a lenga-lenga repetida pela propaganda oficial do regime fascista, ao longo de dezenas de anos.E assim não se terá apercebido que apenas levianamente estava a ressuscitar a versão oficiosa do salazarismo sobre Salazar.
Se o que Sr. Santos afirmou, tivesse sido verdade, poderia ter-se dito: Pena terá sido que o Dr. Salazar não tivesse sabido dessa grande novidade. De facto, se na época ele desconfiasse que tinha esse apoio acrisolado do povo português não teria certamente hesitado: teria feito eleições livres e decentes, uma vez que era certo ganhá-las. Como julgava o contrário, o nosso Ditador não fez tal coisa.
Pois é . Ficámos a saber que, ao contrário do que ele próprio julgava, o Dr. Salazar tinha afinal o apoio do povo português.
É pelo menos o que pretende o inefável Sr. Santos, mostrando uma infeliz verdade: o facto de se terem escrito dois, três ou mesmo quatro romances, mesmo lidos por muita gente, não vacina contra o dislate.
Sugiro um título para o novo romance do Sr. Santos: "Um Santos contra a república" ou "D. Salazar I, o bem-amado".
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