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O Sr. FMI , um sujeito esguio e bem vestido do qual brotam de vez em quando algumas doutas recomendações, resolveu fazer algumas a Portugal.
Segundo tal conselheiro, os portugueses são uns incorrigíveis gastadores, as empresas, pelo contrário, portam-se bem. Por seu lado, o Governo se estiver disposto a apertar bem o garrote a todos os que trabalham e a afagar com ternura os simpáticos detentores do capital, será objecto de um discreto encorajamento.
Mas há, entre os portugueses, um pequeno grupo que merece todos os elogios : os ricos. Por uma vez que fosse, não foram objecto de um único reparo crítico. Cumprem o papel que lhes destinou o FMI: gozam tranquilamente os seus privilégios. Ou seja, o Sr. FMI acha que os pobres, que são muitos, devem apertar o cinto, para que os ricos, que são poucos, possam fruir as suas eternas férias. O Sr. FMI é realmente muito competente.
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Tão competente, que não são poucos os seus admiradores que, religiosamente, exaltam para nós, as suas sábias palavras, sempre que esse oráculo tão puro de um tão cristalino neo-liberalismo lhes dá oportunidade.
Por isso, eu atrevo-me aqui a fazer um apelo aos portugueses: ouçam sempre o Sr FMI, porque ele é, sempre foi e há-de continuar a ser, um verdadeiro avesso do Robin dos bosques: rouba aos pobres para dar aos ricos.
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