quinta-feira, 17 de julho de 2008

A grande timoneira


1. A sondagem divulgada recentemente, realizada sob responsabilidade da Universidade Católica, foi o desenlace expressivo do lançamento falhado da nova esperança do PSD.

Na verdade, o máximo que a Dr.ª Ferreira Leite conseguiu foi manter-se nos 32% que o Dr. Menezes obteve na sondagem anterior. O PS continua a pairar nos 40%, o PP de Portas parece ter-se deixado aprisionar nos 3% da aflição. O PCP e o BE continuam a somar 17%, embora o primeiro pareça começar a destacar-se dentro de um conjunto que vinha tendendo para o equilíbrio entre os dois pólos.

É certo que o PS não tem apenas motivos para exultar com esta sondagem, embora ela venha confirmar as que o colocam bem à frente do PSD e se contraponha à que o situou pouca acima do partido rival. Na verdade, parecendo distante do patamar da maioria absoluta, não tem sabido evitar uma crispação crescente das suas relações com os partidos correspondentes aos outros 17% de eleitores de esquerda.

No fundo, a actual direcção do PSD parece dispor de um único trunfo, verdadeiramente forte, o das dificuldades do PS em chegar a uma nova maioria absoluta. De facto, se olharmos para a diferença que separa os 32% mais 3% que o PSD mais o PP conseguem, verificamos que muito lhes falta para chegarem a uma maioria de direita.


2. Tudo isto se agrava mais, pelo facto de o PSD parecer mais um vulcão desorientado, ainda que adormecido, do que um lago tranquilo. Na verdade, movem-se, no grande palco mediático a que o PSD tende a reduzir-se, várias personagens politicas que parecem ainda hesitar, quanto aos papéis que realmente vão desempenhar. Não é ainda claro que peça vai ser representada. Por vezes, é um drama que se promete; paira outras vezes a sufocante sombra das tragédias; espreita mais raramente o risco da comédia.

O frondoso Jardim, sob a tradicional trovoada antigovernamental, desferiu um venenoso golpe à sua máxima dirigente, ao afirmar que a verdadeira oposição a Sócrates estava na Madeira.

O ressentido Menezes saiu episodicamente da sua amargura e, depois de resmungar protestos de não-beligerância, em face da dama de cinza, apelou para a necessidade de apressar os investimentos públicos decididos pelo governo. Assumindo a face de ostensivo campeão do bom povo de Gaia, enterrava assim bem fundo o acerto e a oportunidade política de tudo o que a nova liderança do PSD pregou nas últimas semanas.

O discreto Dias Loureiro, emergindo sorrateiramente de um outro planeta, sentou-se placidamente no lançamento editorial de um livro sobre Sócrates e elogiou-o profusamente, como se distraidamente quisesse tirar o tapete aos primeiros balbucios anti-socráticos da Dr.ª Ferreira Leite.

No Porto, Rui Rio e Marco António brindaram-nos com alguns gestos e algumas palavras que parecem apenas querer dizer que a Dr.ª Ferreira Leite manda alguma coisa , mas não manda tudo ( pelo menos no Porto).

3. Mas para amarrar as esperanças, dos que sonharam com uma dama providencial que salvaria o PSD, ao pelourinho das desilusões, basta recordar o que Dr.ª Ferreira Leite disse aos deputados do PSD, segundo o DN: "Nós não somos o Governo sombra deste Governo, somos oposição".
E acrescentou com entusiasmo: “ Somos oposição e é nessa posição que nos vamos manter”.

Realmente, o PSD vai manter-se na oposição, guiado pelo cinzentismo atávico da sua “Dama de Cinza”: foi ela que o disse.


1 comentário:

Anónimo disse...

Acrescente-se que os 6% de votos brancos ou nulos revelados na referida sondagem distribuem-se na prática por todos os restantes partidos em função das suas percentagens.
Assim, o PS terá mais 2,4% e estará muito próximo da maioria absoluta e com o trabalho que Sócrates vem fazendo junto de países como Venezuela, Argélia, Angola e pensa ir ao Irão para fomentar exportações portugueseas e conseguir contratos especiais ou descontos como conseguiu no gás argelino, pde ser que ele começa a encontrar uma saída para o problema português em que só se vai a alguma parte com muito trabalho e nunca com o echar portas porque não há dinheiro.

Sócrates quando comprou os helicópteros Kamov à Rússia fez de Portugal o primeiro comprador deste tipo de aparelhos entre os países da Nato. Com isso melhorou as relações com a Federação Russa que vai implentar um sistema europeu d helicópteros e aviões bombeiros para funcionarem no verão no Sul da Europa na época dos fogos.
Enfim, a política externa do Sócrates é das melhores que Portugal alguma vez teve; sem criar inimizades com uns e outros, está a relacionar-se bem com países que não são do agrado dos EUA.
DD