1. Um conjunto de papagaios , alguns dos quais de luxo, resolveram debitar doutas considerações sobre a necessidade de implantar uma central nuclear em Portugal.
Por uma vez, seráficas figuras públicas, conhecidas pela sua falta de imaginação política e pela sua ortodoxia economicista, pareceram identificar-se com um dos traços comuns que o capitalismo mais sôfrego partilhou com o velho colectivismo de Estado de matriz soviética, a implantação de centrais nucleares. E nem a convergência com a teocracia iraniana parece incomodá-los...
É claro, que só os mais toscos, ou os que aceitam desempenhar o papel de tropa de choque dos sofisticados investidores , defendem já a energia nuclear. Julgando-se subtis, ou revelando-se pusilânimes, os mais calculistas dizem que, por agora, apenas querem discutir a criação de centrais nucleares em Portugal. Discutir, coisa inofensiva e muito racional.
E discutir agora porquê? Ó triste matilha de sôfregos, que, ao falar agora, mostra claramente querer aproveitar-se do alarme social que a crise económica está a levantar, para tentar fazer engolir aos portugueses o que em circunstâncias normais eles nunca admitiriam.
E, no entanto, o recurso à energia nuclear, na mais ambiciosa das hipóteses, nunca poderá atingir mais do que uma pequena fatia do total de energia de que precisamos, pelo que apenas poderá aspirar objectivamente a desempenhar um papel coadjuvante na solução do problema da sua escassez . A procura de outras fontes, na área das energias renováveis, continuaria a ser indispensável , mesmo que se optasse pelo recurso à energia nuclear. Desse modo, não seríamos aliviados desse problema, mas seríamos sobrecarregados com um imenso risco que se prolongaria por gerações.
Por outro lado, estaríamos perante uma solução cara, de duração limitada, que imporia custos ainda maiores, quando cada central tivesse que ser desmantelada, o que não levaria muitas dezenas de anos.
Há poderosos investidores que querem fazer negócio com o nuclear, usando o nosso país como terreno de caça. Há mercenários que lhes fazem a propaganda. Há idiotas úteis que lhes fazem o jogo. Mas sabemos que com este Governo não haverá centrais nucleares. E se há partidos que queiram mudar essa política que o digam abertamente na próxima campanha para as eleições legislativas. E não nos venham com a ladainha do “vamos discutir”. Digam sem ambiguidades o que tencionam fazer. E, já agora, digam aonde iriam instalar a central nuclear. Estou certo que conquistariam logo o entusiasmo das populações vizinhas e dos respectivos municípios.
2. Os arautos e os negociantes do nuclear estiveram na toca alguns anos, inibidos pelo desastre de Chernobyl. Julgando-o esquecido, voltaram sorrateiramente à carga, nos anos mais recentes. E nos últimos dias julgaram poder mostrar-se completamente.
Para tornar brutalmente ostensivo o significado objectivo do que nos querem impingir, vou recordar algumas das consequências do acidente de Chernobyl numa central nuclear, ocorrido na Ucrânia, em 1986. Não vou falar de um extenso território que ficou inabitável, nem dos mortos directos ou indirectos causados, vou recordar apenas algumas chocantes imagens do sofrimento causado pelo acidente a tantos e tantos seres humanos.
Que estes 22 anos não tenham sido aproveitados para se ter acabado com essas centrais assassinas em todo o mundo, é algo que só pode envergonhar uma comunidade internacional que se diz civilizada. E uma das coisas, de que nos podemos orgulhar como país e como povo, é o facto de não sermos um dos países que, criminosamente, continuam a apostar no nuclear.
3. Viram, nas imagens que acima foram mostradas, uma ínfima parte dos muitos casos que materializaram as consequências da fantástica solução semelhante à que uns tantos irresponsáveis nos querem fazer engolir. Não consentiremos.
Li algures que alguns deputados iam visitar uma central espanhola, o que em si é já um começo de mistificação, pois o principal problema das centrais nucleares não está no seu funcionamento normal , mas no risco gravíssimo representado por qualquer acidente.
Por uma vez, seráficas figuras públicas, conhecidas pela sua falta de imaginação política e pela sua ortodoxia economicista, pareceram identificar-se com um dos traços comuns que o capitalismo mais sôfrego partilhou com o velho colectivismo de Estado de matriz soviética, a implantação de centrais nucleares. E nem a convergência com a teocracia iraniana parece incomodá-los...
É claro, que só os mais toscos, ou os que aceitam desempenhar o papel de tropa de choque dos sofisticados investidores , defendem já a energia nuclear. Julgando-se subtis, ou revelando-se pusilânimes, os mais calculistas dizem que, por agora, apenas querem discutir a criação de centrais nucleares em Portugal. Discutir, coisa inofensiva e muito racional.
E discutir agora porquê? Ó triste matilha de sôfregos, que, ao falar agora, mostra claramente querer aproveitar-se do alarme social que a crise económica está a levantar, para tentar fazer engolir aos portugueses o que em circunstâncias normais eles nunca admitiriam.
E, no entanto, o recurso à energia nuclear, na mais ambiciosa das hipóteses, nunca poderá atingir mais do que uma pequena fatia do total de energia de que precisamos, pelo que apenas poderá aspirar objectivamente a desempenhar um papel coadjuvante na solução do problema da sua escassez . A procura de outras fontes, na área das energias renováveis, continuaria a ser indispensável , mesmo que se optasse pelo recurso à energia nuclear. Desse modo, não seríamos aliviados desse problema, mas seríamos sobrecarregados com um imenso risco que se prolongaria por gerações.
Por outro lado, estaríamos perante uma solução cara, de duração limitada, que imporia custos ainda maiores, quando cada central tivesse que ser desmantelada, o que não levaria muitas dezenas de anos.
Há poderosos investidores que querem fazer negócio com o nuclear, usando o nosso país como terreno de caça. Há mercenários que lhes fazem a propaganda. Há idiotas úteis que lhes fazem o jogo. Mas sabemos que com este Governo não haverá centrais nucleares. E se há partidos que queiram mudar essa política que o digam abertamente na próxima campanha para as eleições legislativas. E não nos venham com a ladainha do “vamos discutir”. Digam sem ambiguidades o que tencionam fazer. E, já agora, digam aonde iriam instalar a central nuclear. Estou certo que conquistariam logo o entusiasmo das populações vizinhas e dos respectivos municípios.
2. Os arautos e os negociantes do nuclear estiveram na toca alguns anos, inibidos pelo desastre de Chernobyl. Julgando-o esquecido, voltaram sorrateiramente à carga, nos anos mais recentes. E nos últimos dias julgaram poder mostrar-se completamente.
Para tornar brutalmente ostensivo o significado objectivo do que nos querem impingir, vou recordar algumas das consequências do acidente de Chernobyl numa central nuclear, ocorrido na Ucrânia, em 1986. Não vou falar de um extenso território que ficou inabitável, nem dos mortos directos ou indirectos causados, vou recordar apenas algumas chocantes imagens do sofrimento causado pelo acidente a tantos e tantos seres humanos.
Que estes 22 anos não tenham sido aproveitados para se ter acabado com essas centrais assassinas em todo o mundo, é algo que só pode envergonhar uma comunidade internacional que se diz civilizada. E uma das coisas, de que nos podemos orgulhar como país e como povo, é o facto de não sermos um dos países que, criminosamente, continuam a apostar no nuclear.
3. Viram, nas imagens que acima foram mostradas, uma ínfima parte dos muitos casos que materializaram as consequências da fantástica solução semelhante à que uns tantos irresponsáveis nos querem fazer engolir. Não consentiremos.
Li algures que alguns deputados iam visitar uma central espanhola, o que em si é já um começo de mistificação, pois o principal problema das centrais nucleares não está no seu funcionamento normal , mas no risco gravíssimo representado por qualquer acidente.
Mas espero sinceramente que se a Assembleia da República quer tomar contacto físico com o problema, não mande os seus deputados fazer turismo a Espanha, mande-os sim visitar Chernobyl.
2 comentários:
Concordo quase na totalidade com o que o Rui Namorado escreveu, mas julgo que os dois grandes argumentos de fundo que ele próprio evocou, são:
1. A energia nuclear só poderia vir a resolver o problema numa pequena parte da falta energética nacional;
2. Os custos com a implementação de tal solução seriam muito superiores aos investimentos que já estamos a fazer e que deveríamos incentivar ainda mais nas emergias limpas (exemplos: eólica e mesmo marítima uma vez que temos como metade da nossa fronteira, o mar.)
É evidente que há também os perigos enormes com acidentes nucleares, mas infelizmente para Portugal, já estamos no raio de acção das centrais nucleares espanholas.
RN em conversa:
1. Não podemos admitir que se reduza a questão do nuclear a uma contida troca de argumentos.
Nunca esqueçamos que qundo estão em causa vidas humanas não tem sentido relativizar os riscos. É uma vergonha civilizacional que mesmo depois de Chernobyl não se tenham desmantelado as centrais nucleares existentes; e cúmulo da desfaçatez se tenham feito algumas novas.
2. Quanto á falácia que procura justificar a instalação de centrais nucleares em Portugal com o argumento que elas já existem em Espanha, é algo que mergulha no pensamento pré-lógico. Mesmo que fosse exactamente a mesma coisa, cada nova central multiplica o risco, pelo que o facto de já existirem algumas nunca poderá por si justificar que se instalem outras.
O que talvez seja de lamentar é a inércia relativa dos governos portugueses das últimas décadas quanto ao risco nuclear que portugal corre por causa das centrais espanholas.
3. De uma coisa estejam certos: os investidores que gostariam de ganhar dinheiro com a central não tencionam ir viver para a respectiva vizinhança.
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