Há duas almas, uma sombra e muitos espíritos, na raiz do Bloco de Esquerda. Uma alma trotskista, uma alma maoista, uma sombra do fantasma de um MDP desaparecido e muitos espíritos generosos e inquietos à procura de uma esquerda perdida, ou talvez apenas transviada. Há depois a complicação de um eleitorado excessivo, hesitante entre o simples castigo contra o sítio de onde veio e a vertigem de assentar arraiais num terreno novo aparentemente movediço.
As duas almas têm vindo a digerir-se com apreciável êxito. Nem a memória da morte trágica de Trotsky às mãos de um simples núncio de uma das mais sólidas referências dos maoistas parece perturbar uma tão suave harmonia.
Um episódio da actualidade política abriu-me, no entanto, uma janela de espanto. Perante a visita de Hu Jintao, Presidente da República Popular da China ao nosso país, foi tornado público que o BE não estará presente no Parlamento uma vez que o regime chinês é «uma ditadura com créditos firmados na violação dos Direitos Humanos». Sublinhando um dos seus dirigentes, que : «A nossa posição tem a ver com uma avaliação muito crítica que fazemos do Estado em causa, uma ditadura que tem créditos firmados na violação de Direitos Humanos, de direitos individuais e sindicais». Ele compreendia «que o Estado português tenha relações diplomáticas com a China e que haja momentos de discussão formal dessas relações». Mas não podia deixar de sublinhar : «Entendemos, contudo, que na Assembleia da República, que é a casa mãe da Democracia devemos dar um sinal de distanciamento relativamente a regimes como o da República Popular da China».
Será que a alma maoista do BE abandonou o seu código genético e se conformou com o imperativo de renegar as suas raízes ? Ou terá sido afinal submersa por uma inesperada vaga de socialismo democrático, transportada para o seu seio no bojo oculto da alma trotskista ou nas almas simples dos seus eleitores?
Incrédulo quanto ao milagre de uma tal conversão, deambulei pela internet e chegando a Alcanena tive uma surpresa, quando li , num escrito oficial do BE aquando da inauguração de uma sede, o seguinte naco de discurso: “ Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta.”
Era pois verdade, todas as almas e todas as inquietações fundadouras do BE estavam agora fundidas no Socialismo Democrático. Como militante do PS, só posso congratular-me com a chegada ao socialismo democrático de mais um partido político. É certo que em muitos aspectos do seu dia a dia político ele ainda não parece adequadamente integrado na área a que diz pertencer, mas para tudo há um caminho e para percorrer qualquer caminho há um tempo a gastar.
As duas almas têm vindo a digerir-se com apreciável êxito. Nem a memória da morte trágica de Trotsky às mãos de um simples núncio de uma das mais sólidas referências dos maoistas parece perturbar uma tão suave harmonia.
Um episódio da actualidade política abriu-me, no entanto, uma janela de espanto. Perante a visita de Hu Jintao, Presidente da República Popular da China ao nosso país, foi tornado público que o BE não estará presente no Parlamento uma vez que o regime chinês é «uma ditadura com créditos firmados na violação dos Direitos Humanos». Sublinhando um dos seus dirigentes, que : «A nossa posição tem a ver com uma avaliação muito crítica que fazemos do Estado em causa, uma ditadura que tem créditos firmados na violação de Direitos Humanos, de direitos individuais e sindicais». Ele compreendia «que o Estado português tenha relações diplomáticas com a China e que haja momentos de discussão formal dessas relações». Mas não podia deixar de sublinhar : «Entendemos, contudo, que na Assembleia da República, que é a casa mãe da Democracia devemos dar um sinal de distanciamento relativamente a regimes como o da República Popular da China».
Será que a alma maoista do BE abandonou o seu código genético e se conformou com o imperativo de renegar as suas raízes ? Ou terá sido afinal submersa por uma inesperada vaga de socialismo democrático, transportada para o seu seio no bojo oculto da alma trotskista ou nas almas simples dos seus eleitores?
Incrédulo quanto ao milagre de uma tal conversão, deambulei pela internet e chegando a Alcanena tive uma surpresa, quando li , num escrito oficial do BE aquando da inauguração de uma sede, o seguinte naco de discurso: “ Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta.”
Era pois verdade, todas as almas e todas as inquietações fundadouras do BE estavam agora fundidas no Socialismo Democrático. Como militante do PS, só posso congratular-me com a chegada ao socialismo democrático de mais um partido político. É certo que em muitos aspectos do seu dia a dia político ele ainda não parece adequadamente integrado na área a que diz pertencer, mas para tudo há um caminho e para percorrer qualquer caminho há um tempo a gastar.
1 comentário:
Rui.
"O medo é o mais ignorante, o mais injusto e o mais cruel dos conselheiros".
( Edmund Burke )
- contra-capa da Vértice qu tu divulgaste neste teu blog.
Parto desta tua citação para "reivindicar" o que há muito venho dizendo.
Que os fantasmas do passado não passam disso mesmo.De fantasmas.
Que Lenine, Estaline, Trotsky e outros estão mortos e sepultados.
Mas o BE está vivinho "da silva" e não se confunde com "almas" penadas, por mais eloquentes e sábias que tenham sido.
Assim como espero, e estou convicto, que o PS, um certo PS, não se dilua em qualquer saudosismo de ex-maoistas ou trotskistas, que por lá os há, e não são poucos, alguns agora travestidos de neo-liberais...
Vivamos no presente!
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