sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Naufrágios e borboletas


Ouvi há pouco na televisão fiapos de um debate, entre representantes dos cinco partidos parlamentares. Ainda ungidos pelo passageiro privilégio da juventude, percebe-se que todos eles se acham brilhantes.

Sorriem quase sempre, superiores, quando os outros os atacam. O representante do PS tem uma sobrecarga particular: os outros quatro malham nele impiedosamente.

Quem se deixasse embalar pela solenidade dos discursos, quem aceitasse ajoelhar-se perante a majestade dos gestos contidos, talvez, pudesse sentir-se iluminado por uma luz poderosa, como se dali brotasse pensamento político, quase em estado puro

Infelizmente, lavrado pelos anos e pelo peso de muitos invernos que frustraram primaveras, não foi esse o meu caso. Perplexo, só consegui ver cinco frágeis borboletas, voando dentro de um frasco e imaginando-se livres. E, no entanto, uma e outra vez, iam cedendo frágeis, perante força inultrapassável das paredes do frasco.

E, apesar de tudo, as cinco borboletas insistiam em dizer-nos como se deveria voar livremente.

3 comentários:

António Horta Pinto disse...

Este post eh premonitorio, assumindo mais actualidade depois do anuncio da candidatura de Manuel Alegre!

andrepereira disse...

são andorinhas cansadas e artificiais... um pouco enjoativas, sobretudo - para mim- a pombinha de cara linda que por lá vai expondo a sua suposta superioridade... tão aborrecida.

Anónimo disse...

São, não andorinhas que essas anunciam a Primavera, imagens vivas do que de pior há nas juventudes dos Partidos. Estão convencidos que são "catedráticos" em todas as matérias. Coitados...