Quando um político está paralisado pela perplexidade, perante acontecimentos que parecem abater-se sobre ele, um dos caminhos por que de imediato costuma enveredar é o da imaginação da acção. Ou seja, incapaz de agir, por não saber o que fazer, o político inventa uma iniciativa que, revestindo a aparência de uma acção, não se traduz em qualquer medida concreta com reflexos palpáveis, apenas provocando a ilusão de que não se está parado.
É o que, até certo ponto, parece estar acontecer com o nosso Governo, quanto ao preço dos combustíveis. Procurou esbater as consequências mais dramáticas, mas auto-paralisou-se no combate às causas. E, no entanto, ao propor à União Europeia que nela se discutisse o problema do preço dos combustíveis, em vez de ter deparado com uma amável complacência desinteressada, recebeu um caloroso elogio. Ou seja, a União Europeia está exactamente como o Governo Português: não sabe muito bem o que há-de fazer. E assim a ideia de tomar como medida a proposta de uma discussão revelou-se um verdadeiro balão de oxigénio.
E, no entanto, pelo menos em Portugal, parece claro que a única medida com alguma hipótese de produzir efeitos práticos é o controle político dos preços. Não será suficiente, é certo, exigindo-se também uma concertação internacional que pode começar pela União Europeia, mas será, provavelmente, indispensável.
E não venham balir os mansos adoradores da livre concorrência, considerando sacrilégio beliscar essa moderna divindade. Aliás, nem é de livre concorrência que se trata. Trata-se de escolher entre ser o poder político democrático a regular os preços, tendo em conta o interesse nacional, a justiça e a equidade; ou serem as oito grandes petroleiras , únicas associadas da estrutura que representa o sector. Deveremos deixar a economia portuguesa ser sangrada por essas oito grandes companhias, ou devem os representantes do povo cumprir o seu dever moral perante o povo e o país ?.
Impossível, dirão. Esse caminho contraria os dogmas da economia de mercado. Pois é, esse é o nó do problema. Os poderes instalados, alguns dos governos, os centros financeiros que sugam o mundo, estão a ver que não podem dominar esta desfilada selvagem de especuladores, sem romperem com os dogmas neoliberais.
De facto, por enquanto, parecem dispostos a pagar qualquer preço para salvarem o dogma, já que temem, mais do que tudo, que fique demasiado claro que nos têm impingido pseudo-verdades, que apenas representam as conveniências de alguns, mas que põem em risco a felicidade de todos.
Minoremos os sofrimentos dos mais fracos, cortemos os abusos, ponderemos cuidadosamente as medidas que forem sendo tomadas, mas acabemos com a paralisia perante os dogmas neoliberais, passando a encarar a lógica do mercado como um instrumento e um auxiliar, que deveremos relativizar sem esquecer e valorizar racionalmente. Encerremos o ciclo da religião neoliberal, para valorizarmos todos os factores que devem ser ponderados, pondo os seres humanos no centro das políticas.
Não podemos admitir no país ou no mundo sermos reféns de petroleiros e de especuladores.
É o que, até certo ponto, parece estar acontecer com o nosso Governo, quanto ao preço dos combustíveis. Procurou esbater as consequências mais dramáticas, mas auto-paralisou-se no combate às causas. E, no entanto, ao propor à União Europeia que nela se discutisse o problema do preço dos combustíveis, em vez de ter deparado com uma amável complacência desinteressada, recebeu um caloroso elogio. Ou seja, a União Europeia está exactamente como o Governo Português: não sabe muito bem o que há-de fazer. E assim a ideia de tomar como medida a proposta de uma discussão revelou-se um verdadeiro balão de oxigénio.
E, no entanto, pelo menos em Portugal, parece claro que a única medida com alguma hipótese de produzir efeitos práticos é o controle político dos preços. Não será suficiente, é certo, exigindo-se também uma concertação internacional que pode começar pela União Europeia, mas será, provavelmente, indispensável.
E não venham balir os mansos adoradores da livre concorrência, considerando sacrilégio beliscar essa moderna divindade. Aliás, nem é de livre concorrência que se trata. Trata-se de escolher entre ser o poder político democrático a regular os preços, tendo em conta o interesse nacional, a justiça e a equidade; ou serem as oito grandes petroleiras , únicas associadas da estrutura que representa o sector. Deveremos deixar a economia portuguesa ser sangrada por essas oito grandes companhias, ou devem os representantes do povo cumprir o seu dever moral perante o povo e o país ?.
Impossível, dirão. Esse caminho contraria os dogmas da economia de mercado. Pois é, esse é o nó do problema. Os poderes instalados, alguns dos governos, os centros financeiros que sugam o mundo, estão a ver que não podem dominar esta desfilada selvagem de especuladores, sem romperem com os dogmas neoliberais.
De facto, por enquanto, parecem dispostos a pagar qualquer preço para salvarem o dogma, já que temem, mais do que tudo, que fique demasiado claro que nos têm impingido pseudo-verdades, que apenas representam as conveniências de alguns, mas que põem em risco a felicidade de todos.
Minoremos os sofrimentos dos mais fracos, cortemos os abusos, ponderemos cuidadosamente as medidas que forem sendo tomadas, mas acabemos com a paralisia perante os dogmas neoliberais, passando a encarar a lógica do mercado como um instrumento e um auxiliar, que deveremos relativizar sem esquecer e valorizar racionalmente. Encerremos o ciclo da religião neoliberal, para valorizarmos todos os factores que devem ser ponderados, pondo os seres humanos no centro das políticas.
Não podemos admitir no país ou no mundo sermos reféns de petroleiros e de especuladores.
1 comentário:
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