sexta-feira, 30 de maio de 2008

A Crise nos Mercados de Trabalho


Ciclo Integrado de Cinema, Debates e Colóquios

FEUC

- 2007-2008 -

Integração Mundial, Desintegração Nacional:

A Crise nos Mercados de Trabalho.

Teatro Académico Gil Vicente

Sexta-feira - 30 de Maio - às 21h e 15min


Transcrevo a mensagem que acabo de receber do Júlio Mota, dando conta de mais um episódio de uma notável iniciativa de que foi um dos promotores, com a virtuosa agravante de ser reincidente, para não falar da feliz ameaça de continuar a reincidir.

Caros Amigos :

Os docentes da disciplina de Economia Internacional, em colaboração com os alunos do Núcleo de Estudantes de Economia da AAC e com o apoio da Coordenação do Núcleo de Economia, estão a realizar o Ciclo Integrado de Cinema, Debates e Colóquios na FEUC de 2007-2008 com o tema Integração Mundial, Desintegração Nacional: A Crise nos Mercados de Trabalho.

Com o presente e-mail, vimos comunicar o programa da próxima sessão, a sessão 13 deste ciclo, a realizar no dia 30 de Maio, no Teatro Académico Gil Vicente com início às 21h e 15min e com o seguinte programa:

Sessão 13

Cinema e Debate

Local: Teatro Académico Gil Vicente

21h 15min - 21h 40min
Filme/Documentário:
México: os deportados da Tierra de Nadie
De Gwen Le Gouil, Jean-Laurent Bodinier e Anne Vigna
França, 2008

21h40min - 23.00h
Filme/Documentário:
Welcome Europa
de Bruno Ulmer
França, 2006

23h 10min
Debate com:
Ana Gomes, Eurodeputada
João Maria André (FLUC)
Rui Pena Pires (ISCTE)


No Teatro Académico Gil Vicente será disponibilizada uma pequena brochura produzida pelos docentes da disciplina de Economia Internacional, com textos utilizados no próprio filme, cedidos pela produtora Helène Badinter, e com pequenos artigos sobre as tensões na Europa e as migrações.
Tratam-se de dois documentários exibidos pela primeira vez em Portugal que abordam um tema que está na ordem do dia dos telejornais e da agenda política da Comissão Europeia. Documentários sobre a tragédia da dimensão social do humano, dimensão esta que, desde Aristóteles e passando por Adam Smith, Marx, Max Weber, está estreitamente ligada e constantemente tecida pelas relações laborais, pela dimensão, afinal, social que o trabalho confere a cada um de nós. Documentários que nos mostram também até onde o sofrimento do homem pode chegar para alcançar a sua estatura de homem, conferida por um posto de trabalho. Documentários belos e trágicos, onde se mostra que, mesmo no fim da linha, para estes homens, existe sempre uma ligação social única, indestrutível, o sentido de pertença a uma nação, em suma o conceito de nacionalidade, sentido numa Europa, que se quer uma Europa das nações, do mundo.

Três eldorados de referência, os Estados Unidos, a Europa e a África do Sul. Esta, lamentavelmente, está à nossa mesa nos telejornais, mostrando homens, mulheres e crianças espancados até à morte porque algures, neste país, procuraram dar um sentido à vida, procuraram um posto de trabalho. Quanto aos outros dois, serão passados pelo crivo dos cineastas dos dois documentários que nos levam a aperceber melhor uma das tragédias dos tempos modernos: num mundo de riqueza, milhões de desempregados procuram entrar nestes eldorados e percorrem milhares e milhares de quilómetros à procura da configuração social das suas vidas, o posto de trabalho. E isto enquanto se apregoa e se grita alto e a bom som nas Universidades, nos Governos, nos centros de decisão e de “aconselhamento” internacionais, que só há mais empregos se houver mais despedimentos, que qualquer política da imigração tem que distinguir cada vez mais a imigração “sofrida” (os sem papéis, os não qualificados) da imigração “escolhida” (dos qualificados)

Num momento em que a Europa se vai sentar à mesa para discutir uma directiva sobre a imigração, a 4 de Junho no Parlamento Europeu e logo a seguir, a 5 de Junho, no Conselho da UE para uma adopção em primeira leitura, estarão em Coimbra para falar destes problemas, a Eurodeputada Ana Gomes e os professores Rui Pena Pires (ISCTE) e João Maria André (FLUC).


Sinopse dos documentários:

México: os deportados da Tierra de Nadie
Diariamente, autocarros americanos cheios de migrantes ilegais vêm descarregar as suas cargas de clandestinos no posto fronteiriço de Tijuana. Chamam-lhes os “deportados”. Estes são depositados nesta cidade de traficantes sem qualquer processo e sem nenhum lado para onde irem. São numerosos assim os que falham na "Tierra de nadie", a Terra de ninguém. É um imenso terreno vago, encurralado entre o muro-fronteira americano e a zona Norte de Tijuana. Ao longo de um canal já seco amontoam-se centenas de migrantes ilegais expulsos dos Estados Unidos para o México.
Indesejáveis em território americano, muito pobres ou muito doentes para voltarem para as suas terras no México ou na América Central, tentam sobreviver neste “no man’s land” à espera de dias melhores. Alguns chegam mesmo a instalarem-se debaixo da terra, nos canos de esgoto, para escapar às rusgas quotidianas da polícia municipal.

Welcome Europa
Milhares de imigrantes clandestinos calcorreiam as metrópoles europeias à procura de um emprego ou de um golpe de sorte do destino. Só se fala deles no Telejornal quando 10 deles morrem num contentor ou 150 são expulsos "em voo charter". Citam-se apenas números, não nomes. Welcome Europa acompanha o percurso caótico de oito jovens curdos, marroquinos e romenos que tentam chegar a Paris, Amsterdão ou a Madrid. Sozinhos, sem vistos, lutam diariamente pela sobrevivência. A única sorte que podem ter é um chuveiro e a uma refeição quente. A pobreza ou a repressão política levam-nos ao exílio, para que as suas famílias possam sobreviver nos seus países de origem. Mas o sonho de um Eldorado europeu dissipa-se logo que entram na Europa. Na rua, sem referências familiares, entregues a si mesmos, as estratégias de sobrevivência contam-se pelos dedos duma mão: mendicidade, tráfico de droga, roubo. E acabam por colocar a questão: prostituir-se ou não? Para estes homens heterossexuais, frequentemente pais de família, o dilema é devastador. Os que caem nem sempre se levantam. Os que sobrevivem interrogam-se se são ainda homens.
“Compreendi isso muito bem: para que alguns vivam, outros devem morrer”. A última frase do filme, pronunciada como uma sentença de morte por Mehmet, jovem curdo, retido em Calais, incapaz de alcançar a Inglaterra, depois de milhares de provações de sobrevivência que, dia após dia, o obrigam a abandonar-se um pouco mais.


Informamos que o programa do ciclo, bem como todos os documentos até aqui produzidos, podem ser consultado no sítio: http://www4.fe.uc.pt/ciclo_int.

Sem outro assunto e certos da vossa atenção e aguardando a vossa presença nestas sessões assim como a divulgação deste evento cultural, apoio este que antecipadamente agradecemos, apresentamos os nossos cumprimentos.

Pela Comissão Organizadora

Júlio Mota

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