É com um enorme enlevo que contemplo a fotografia acima publicada, por ela documentar inequivocamente um improvável "compromisso histórico". Um compromisso que, ainda ontem, qualquer português, com um mínimo de bom-senso, consideraria impossível. Estou a falar na comovente parceria entre essa figura cimeira da desfaçatez incivilizada da direita portuguesa, que é Alberto João Jardim, e um dos expoentes mais ferrabrazes do sindicalismo docente, síntese viva da previsibilidade repetitiva da CGTP de que é dirigente e da mais ortodoxa obediência ao cânone do Partido Comunista de que é militante, que é Mário Nogueira.
É certo que o trovejante sindicalista, sempre cioso de aproveitar qualquer oportunidade para continuar a sua implacável cruzada contra José Sócrates e o seu desaparecido Governo, já deixou deslizar, aqui e ali, a sombra de uma inesperada complacência para com o Ministro da Educação do actual governo, ele sim da direita realmente existente. É certo que esse perfume de tergiversação não é um tónico recomendado para quem nutra a ambição, ainda que vaga, de vir a ser o próximo líder da CGTP. Mas daí a ter permitido que Alberto João Jardim tenha inscrito na sua estonteante campanha eleitoral a inauguração de uma sede da FENPROF, com direito à benção de uma presença sorridente do grande dirigente Mário Nogueira, vai um passo de um gigante sem limites. Mas um passo colorido: na verdade, uma vez abençoado, por um jovem padre tartamudeante, um novo quilómetro de estrada; envolvido no coração grande de umas simpáticas velhinhas, pela graça de um novo lar de idosos; venerado pelo entusiamo de uma família feliz, a quem restituira a casa antes roubada pela intempérie; acossado pelos detalhes, alegadamente cubano-continentais, de uma dívida incómoda, Alberto João Jardim precisava de inventar uma verdadeira rábula.
E se bem o pensou, melhor o fez. Aproveitando a feliz cronologia de uma inauguração, plantou Mário Nogueira a seu lado, como quem capta um bom sacristão para a ajuda vigilante de uma breve missa. E usou-o sem rebuço. A cerimónia poder-se-ia ter limitado a um sorriso, mas deu até lugar a uns punhados de palavras. Palavras de padre, palavras de sacristão.
É certo que, nem um nem outro, apenas pela força de tão breve cerimónia, ascenderá ao céu da política, sendo também improvável que desça aos respectivos infernos. Mas todos nos passaremos a lembrar de uma célebre representação propagandística, no decorrer da qual um matreiro Jardim meteu no bolso um desminliguido Nogueira. Foi um golpe de ilusionismo, ousado e breve, mas suficiente para reduzir à modesta condição de figurante, o imponente sindicalista, afinal vocacionado para o triste papel de ser cortado em dois, pelo golpe imaginário do grande ilusionista, o agitado Jardim.
É muito possível que, passada esta rápida nuvem de humorismo político, através da atmosfera que respiramos, o manto do esquecimento tenda a cobrir tão pernóstico acontecimento, mas será dificil que, de cada vez que o tonitroante Nogueira assombre o espaço público com as suas enérgicas diatribes, não haja pelo menos uma voz que acabe por gritar: " Olha o sacristão do Jardim !"
É certo que o trovejante sindicalista, sempre cioso de aproveitar qualquer oportunidade para continuar a sua implacável cruzada contra José Sócrates e o seu desaparecido Governo, já deixou deslizar, aqui e ali, a sombra de uma inesperada complacência para com o Ministro da Educação do actual governo, ele sim da direita realmente existente. É certo que esse perfume de tergiversação não é um tónico recomendado para quem nutra a ambição, ainda que vaga, de vir a ser o próximo líder da CGTP. Mas daí a ter permitido que Alberto João Jardim tenha inscrito na sua estonteante campanha eleitoral a inauguração de uma sede da FENPROF, com direito à benção de uma presença sorridente do grande dirigente Mário Nogueira, vai um passo de um gigante sem limites. Mas um passo colorido: na verdade, uma vez abençoado, por um jovem padre tartamudeante, um novo quilómetro de estrada; envolvido no coração grande de umas simpáticas velhinhas, pela graça de um novo lar de idosos; venerado pelo entusiamo de uma família feliz, a quem restituira a casa antes roubada pela intempérie; acossado pelos detalhes, alegadamente cubano-continentais, de uma dívida incómoda, Alberto João Jardim precisava de inventar uma verdadeira rábula.
E se bem o pensou, melhor o fez. Aproveitando a feliz cronologia de uma inauguração, plantou Mário Nogueira a seu lado, como quem capta um bom sacristão para a ajuda vigilante de uma breve missa. E usou-o sem rebuço. A cerimónia poder-se-ia ter limitado a um sorriso, mas deu até lugar a uns punhados de palavras. Palavras de padre, palavras de sacristão.
É certo que, nem um nem outro, apenas pela força de tão breve cerimónia, ascenderá ao céu da política, sendo também improvável que desça aos respectivos infernos. Mas todos nos passaremos a lembrar de uma célebre representação propagandística, no decorrer da qual um matreiro Jardim meteu no bolso um desminliguido Nogueira. Foi um golpe de ilusionismo, ousado e breve, mas suficiente para reduzir à modesta condição de figurante, o imponente sindicalista, afinal vocacionado para o triste papel de ser cortado em dois, pelo golpe imaginário do grande ilusionista, o agitado Jardim.
É muito possível que, passada esta rápida nuvem de humorismo político, através da atmosfera que respiramos, o manto do esquecimento tenda a cobrir tão pernóstico acontecimento, mas será dificil que, de cada vez que o tonitroante Nogueira assombre o espaço público com as suas enérgicas diatribes, não haja pelo menos uma voz que acabe por gritar: " Olha o sacristão do Jardim !"
4 comentários:
São de facto o Padre e o Acólito.Completam-se.
Caro Rui Namorado.
Muito obrigado por um excelente texto. Extremamente oportuno.
Volta,Torres Couto.
Estás perdoado
Mário Nogueira em mais um combate pela Educação.
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