quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Matilha de Sombras


Ficaram com um tique de proprietários do país, quando lhes foi dado fruir uma década de poder político. Depois, dispersaram-se, preparando um regresso. Conseguiram-no relativamente, mas apenas para um alto poder, por vezes demasiado alto, talvez mais simbólico do que real. Mas, no fundo comportam-se ainda como se fossem os "donos da bola".

Uma inesperada curva da política pareceu abrir-lhes de novo a porta do paraíso. E, assim, embriagados pelo despontar brusco de uma hipótese de regresso ao poder, quando pouco antes molengavam, cumprindo calendário, sob a égide de uma das mais cinzentas sombras da sua década de glória, explodiram sofregamente em todas as direcções, numa girândola de inventonas, mentiras, calúnias e dislates.

Plantaram histórias mirabolantes de escutas e espiões. Vestiram apressadamente fatos melífluos de vítimas aflitas. Multiplicaram insinuações e não resistiram à voragem de se embrulharem em mentiras, cada vez mais improváveis; náufragos de si próprios cada vez mais desesperados. A sombra cansada do cavaquismo, porta voz do momento, na sua rabugice mais cinzenta, não hesitou em incendiar de acusações malévolas os adversários políticos mais directos, movida pela impulsiva tentação de fulminar quem a embaraça.

Mas, à simples e plebeia verdade, laica e honesta, bastou espreguiçar-se, de surpresa, para fazer em estilhaços a máscara de virtude que o PSD pusera a si próprio em milhares de cartazes que nos assombram por esse país fora. A enorme VERDADE de Manuela Ferreira Leite, proclamada ao mundo por mil trombetas, transformou-se num cortejo de pequenas mentiras. E a cólera dos “anjos da vingança” do PSD, as suas diatribes plenas de virtude esfumaram-se, como a brisa envergonhada que se descobre nua.

E foi assim que a enorme VERDADE ambulante, que tem assolado o país, se esvaziou sem remédio pelas bocas incautas dos que mais a proclamavam. Não era afinal uma GRANDE VERDADE ÉPICA, asfixiada pela mentira, que procurava irromper pelas ruas do nosso país. Era apenas um prosaico rosário de pequenas mentiras, simples percevejos políticos degradantes e sujos.

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