terça-feira, 22 de setembro de 2015

COELHO no churrasco da segurança social


COELHO  no churrasco da segurança social

Nos últimos tempos, Coelho tem dado passos de gigante na rota da mentira e da mistificação. Sôfrego, não se dá sequer ao cuidado de apurar se a sua galga matinal não choca com especial despudor alguma posição pública recente de um dos seus. Um exemplo. Um vulto do PSD entendeu por bem defender recentemente no jornal  Expresso o plafonamento das pensões de reforma . A sua linha de argumentação assentava na ideia de que era necessário aliciar os quadros mais qualificados, e por isso mais bem remunerados, dando-lhes oportunidade de descontarem para um seguro privado a partir de um certo montante, em vez de os obrigar a integrar por completo  o sistema público de segurança social, com a sua relativa carga de solidariedade. Aliciá-los, para que não fugissem para outros países. Generosidade para com gente vive bem, muito bem. E nada mais. Involuntariamente sincero? Talvesz.
Eis se não quando Coelho num tom pedagógico e quase intimista , em face de uma oportuna pergunta de um jornalista sobre plafonamento das pensões, confessa ao perguntador que o que está em causa é retirar ao Estado a obrigação de pagar  pensões “milionárias”. Ou seja, está em causa um verdadeiro ato de amor para com a segurança social pública. Desvanecedor, mas completamente hipócrita.
Na verdade, o Dr. Coelho esqueceu-se de dizer que a segurança social deixava de ter que pagar pensões” milionárias”, mas deixava também de receber as correspondentes  contribuições “milionárias”. Ou seja, na globalidade não havia qualquer vantagem para o sistema público de SS, havia sim para as companhias de seguros que se encarregariam da gestão daquilo que antes cabia ao sistema público.
Com uma agravante enorme: a SS pública deixaria desde já de receber as contribuições “milionárias”, mas continuaria a ter que pagar as pensões “milionárias” correspondentes às contribuições já recebidas. Durante muito tempo, esse plafonamento traduzir-se-ia na prática numa descapitalização da segurança social pública, para além de ficar anulada qualquer solidariedade para como os beneficiários mais pobres. Ou seja, fingindo preocupar-se com a sustentabilidade da Segurança Social, o que o Dr. Coelho realmente pretende é oferecer um chorudo negócio às companhias de seguros, mesmo sabendo que atinge essa sustentabilidade no imediato. Hipocrisia, incompetência, leviandade.
Outra coisa muito diferente, da qual a direita foge como o diabo da cruz, seria  a de um plafonamento das pensões num patamar elevado, mas sem qualquer plafonamento das contribuições. Este caminho é que  beneficiaria direta e claramente a SS Pública, traduzindo-se numa solidariedade real e efetiva  dos que aufeririam pensões “milionárias” para com os destinatários de pensões sociais.  Era no fundo um tributo pago pelos que mais têm em benefício dos que mais precisam. 

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