terça-feira, 1 de maio de 2012

MAIO




MAIO

Este mês começa perseguido
pelo perfume triste do dinheiro.

Por isso, a luz que corre nessas ruas,
num mar de sofrimento verdadeiro,

é justa, mesmo sendo cólera,
é fria, mesmo sendo esperança.

Aqui não mora medo ou desespero
nem as raivas pequenas e banais.

Aqui apenas mora uma palavra
e ao dizê-la nós somos liberdade.

Nas sílabas do vento, voam alto
as asas mais abertas da justiça.

Os lábios do que somos dizem lágrimas,
palavras que nasceram de silêncios

e nos lugares rasgados pela cólera
as ruas são da gente que não esquece.

É tempo de sair desta tristeza
que nos cerca em todas as cidades

e em cada hora sermos infinito,
a terra inteira ser um só lugar.

[Rui Namorado]

1 comentário:

Anónimo disse...

Político, cooperativista, humanista, coimbrão, gajo porreiro, sabia que eras, agora poeta só agora fiquei a saber.
Abraço
Raimundo Narciso