terça-feira, 15 de maio de 2012

MENSAGENS DAS ELEIÇÕES ALEMÃS

1. Os resultados das recentes eleições no mais populoso e mais rico  Estado Federado da Alemanha , a Renânia do Norte/Vestefália, acentuaram a decadência política da coligação CDU/FDP (democratas-cristãos /liberais) que detém, em Berlim, o poder federal.  Na verdade, de um empate em 2010, entre os dois maiores partidos (CDU/CSU e SPD), com a pequena vantagem de uma décima para os democratas cristãos, passou-se, dois anos depois, para uma vantagem do SPD de quase treze pontos percentuais (39/26).Os liberais progrediram dois por cento e os verdes regrediram quase um por cento, mas mantiveram cerca de três por cento de vantagem sobre aqueles. A Esquerda (Die Linke), que tinha entrado tangencialmente para o parlamento estadual há dois anos ( 5,4%), tendo eleito 11 deputados, perdeu agora  mais de metade do eleitorado; e desta vez ficou excluída.O Partido Pirata, há dois anos escolhido por menos de dois por cento ( e assim excluído do parlamento estadual), foi agora a grande surpresa, tendo conquistado 7,8% dos votos, o que fez com que elegesse 20 deputados.
Este conjunto de resultados permite folgadamente a instituição de um governo vermelho/verde ( Sociais-democratas/ Verdes), presidido pelo SPD.

2. Olhando para este panorama, são visíveis algumas novidades. Na actual coligação governamental, ao contrário do que vinha acontecendo em eleições anteriores, o mais penalizado foi o partido da Srª Merkl, tendo os liberais, também ao contrário do que vinha acontecendo, resistido melhor.
Do outro lado, desta vez, o SPD teve um crescimento muito relevante e foram os Verdes a murchar. A Esquerda teve um importante revés simbólico, ao ficar fora do parlamento estadual. O Partido Pirata, afirmou-se, em consonância com sondagens nacionais recentes, como uma força emergente que pode introduzir uma inesperada  imprevisibilidade no xadrez político alemão.
Podemos pois dizer que os resultados destas eleições adensaram o risco de uma derrota nacional para a Srª Merkl dentro de dezasseis meses, embora  as sondagens nacionais não apontem ainda inequivocamente nesse sentido.
No entanto, deve sublinhar-se que,  até agora, se podia admitir como forte a hipótese de uma vitória relativa da CDU/CSU, com descalabro dos seus aliados liberais, o que podia conduzir a uma nova grande coligação com um  SPD, nesse caso, eventualmente, com menos votos do que a CDU/CSU. Mas estes resultados tornaram essa hipótese muito mais remota.  Assim , se a paisagem política evoluir no sentido por eles revelado, começa a ser uma probabilidade forte a vitória do centro-esquerda na Alemanha no próximo ano. E esta possível evolução da política alemã não pode deixar de influenciar desde já o xadrez político europeu.

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