A minha posição quanto às eleições para os órgãos da
Federação Distrital de Coimbra do PS pode ainda vir a alterar-se. No entanto,
de momento, não apoio qualquer das duas candidaturas já anunciadas. Mas, tal
como aconteceu nas eleições anteriores, estarei disponível para cooperar com os
futuros órgãos eleitos, na medida das minhas possibilidades e da utilidade que
esses órgãos vejam nessa cooperação.
Guiando-me apenas pelos reflexos públicos da contenda, tenho
a impressão de que a campanha está a ser menos crispada do que as anteriores. E
isso é um bom sinal. Já foi gasta, noutras ocasiões, demasiada energia
política, esgrimindo-se a propósito de questões menores. Instituíram-se
clivagens por fidelidades e compromissos pessoais, mais do que a partir de
ideias políticas estruturantes e relevantes. O que podia ter sido sinal de um
pluralismo saudável e mutuamente enriquecedor reduziu-se, muitas vezes, a uma
troca de diatribes mutuamente desgastantes. O que podia ser um combate político
com ecos prestigiantes na base social do PS, era quase só uma girândola de
pequenas acusações pessoais que só podiam corroer a imagem do PS junto dos seus
eleitores.
É bem certo que quando se não é capaz de identificar as
divergências de fundo realmente determinantes dos caminhos políticos que se
pretendem ou se recusam, se corre o risco de se ficar prisioneiro de pequenas
querelas que apenas degradam quem nelas se envolve.
Por isso, repito, só pode ser positivo que o clima da actual
campanha interna não padeça da crispação das anteriores.
No entanto, até agora os temas avançados parecem-me muito
presos a aspectos apenas funcionais da organização do partido, substancialmente
pouco ousados, ideologicamente assépticos, politicamente lineares, algo
repetitivos e demasiado previsíveis. A energia e a generosidade que tantos e
tantos camaradas põem na sua militância quotidiana mereciam uma implicação mais
profunda e mais informada no enfrentar dos grandes problemas que afligem os
portugueses e na procura de caminhos novos susceptíveis de nos fazerem chegar a
um tempo verdadeiramente nosso.
Pode ser que durante o resto da campanha surjam factos novos
que me levem a mudar de posição. Por enquanto, apesar da consideração pessoal
que tenho por ambos os candidatos, como disse acima: não apoio qualquer das
duas candidaturas já anunciadas.
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