O Ministro Relvas foi apanhado na curva de uma grosseira
agressão à liberdade de imprensa. Melífluo, negou a proeza, mas, numa genuflexão
do espírito, pediu desculpa.
Isto é, ou estamos perante uma individualidade masoquista, que pede desculpa por algo que não fez, ou perante um mentiroso. Diga-se, em abono da
verdade, que a primeira hipótese está carregada de improbabilidade. O mais verosímil
é que o homem tenha mentido.
Portanto, temos no âmago do núcleo duro de um governo uma
figura alérgica à liberdade de imprensa que, ainda por cima, cultiva o pecado
da mentira. Essa dupla qualidade excede o necessário para que um governante deixe
de o ser. Bastaria que fosse apenas um atropelador da liberdade de imprensa ou
um mentiroso oficial, para que qualquer primeiro-ministro o despedisse de
imediato.O actual assobia para o lado. Por enquanto.
E, mesmo a nossa comunicação social, de uma maneira
geral, apesar de visada no âmago da sua deontologia, espreguiça-se numa indignação
comedida, pouco mais que ronronante. Até ver. Se o escândalo crescer, não
escapará ao imperativo de ser mais enérgica, sob pena de perder a face e a
credibilidade.
Por mim, como ex-leitor do jornal agredido, atrevo-me a
deixar um conselho ao ministro: “Vossa Excelência devia ter telefonado ao Sr. Engenheiro”.
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