No passado dia 30, apresentei aqui o Manifesto para uma Renovação Socialista do qual reproduzi a introdução. Hoje, vou transcrever mais outra das suas partes, a que destaca a necessidade de apontar para um horizonte socialista como referência estratégica da identidade socialista.
Tal como ficou dito no comentário anterior:"Quem desejar conhecer o texto integral do documento e a lista dos seus subscritores iniciais, pode clicar sobre a imagem que se situa na coluna lateral deste mesmo blog, já que desse modo poderá aceder ao blog do próprio Manifesto. Quem, sendo militante do PS, quiser subscrever o Manifesto, basta deixar nesse outro blog um comentário em que afirme a vontade de ser um dos subscritores, o nº de militante e o concelho a que pertence". Eis o excerto hoje transcrito:
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Tal como ficou dito no comentário anterior:"Quem desejar conhecer o texto integral do documento e a lista dos seus subscritores iniciais, pode clicar sobre a imagem que se situa na coluna lateral deste mesmo blog, já que desse modo poderá aceder ao blog do próprio Manifesto. Quem, sendo militante do PS, quiser subscrever o Manifesto, basta deixar nesse outro blog um comentário em que afirme a vontade de ser um dos subscritores, o nº de militante e o concelho a que pertence". Eis o excerto hoje transcrito:
2. Para um horizonte socialista.
2.1. Todo esse processo de renovação implica a necessidade de um horizonte identificador que seja o sinal estratégico que o orienta, um horizonte socialista.
2.2. A aceleração do tempo histórico e do progresso tecnológico é um factor sociopolítico decisivo, mas nada tem a ver com qualquer ficção de modernidade, construída a partir de uma compressão do tempo que absorva o futuro, através de uma aleatória sucessão de imprevisibilidades que tornem tudo aparentemente efémero, provisório e relativo. De facto, os socialistas não podem consentir que uma aparente vertigem de mudança do que é superficial na sociedade oculte o imobilismo do que é essencial. Por isso mesmo, têm que aprender a pensar o longo prazo com serenidade, sem deixarem de ser ágeis e céleres no combate aos flagelos que atormentam o presente.
2.3. Se o socialismo quer ser a imagem da esperança e da transformação social tem que se radicar num pensamento crítico, que reflicta os movimentos emancipatórios da história da humanidade, em especial o movimento operário e os movimentos socialistas.
Os socialistas têm, por isso, que ser capazes de uma dupla avaliação das suas orientações políticas que tenha em conta não só o funcionamento corrente da sociedade, mas também a sua força propulsora rumo a um horizonte socialista.
2.4. É grande a complexidade dessa dupla abordagem, mas o colapso do modelo soviético estimulou uma consciência mais aguda da sua dificuldade. Ficou então claro que ele foi um colectivismo produtivista de Estado, globalmente distinto do socialismo, que, em vez de ter gerado um futuro libertador, acabou por confiscá-lo.
2.5. O simples exercício do poder político num determinado Estado não nos aproximará, por si só, decisivamente, de um horizonte socialista, o qual só será alcançável se a sociedade, no seu todo, aprender a caminhar duravelmente para ele.
Esse horizonte é a referência de uma ambição guiada pelos valores do socialismo, em permanente construção crítica, no quadro de uma atitude prospectiva. Renunciar a esse horizonte é correr o risco de perder a identidade socialista.
2.6. O colapso do modelo soviético e a transformação da sua variante chinesa num capitalismo selvagem mostraram como era ilusória a ideia de que por vias diferentes eram o único rosto realmente possível do pós-capitalismo.
Durante décadas, os socialistas democráticos pareceram condenados a esperar por uma possível mutação virtuosa desse modelo para o poderem reconhecer como futuro. Contudo, hoje é evidente que o modelo soviético não foi um socialismo imperfeito, mas uma simples pausa na evolução do capitalismo. Não é um elemento a ser inscrito no nosso futuro, mas uma experiência falhada.
2.7. Nos últimos anos, essencialmente nos países da União Europeia, consumou-se também o colapso da chamada terceira via. E a sua versão moderada, ainda hegemónica no PSE, não tem dado frutos visíveis.
Chegou a haver, em simultâneo, governos hegemonizados por membros do PSE numa dúzia de países da União Europeia. Deixaram a Europa como quando a encontraram, mostrando que se a conseguiram gerir não a souberam transformar. Hoje, perante o ataque especulativo dos poderes de facto do capitalismo internacional, contra diversos países europeus, entre os quais Portugal, à inércia criminosa dos Estados europeus dominados pela direita somou-se a inércia e a impotência dos partidos socialistas europeus.
2.8. Tudo isto mostra bem que é imprescindível que cada partido socialista ouse inovar estrategicamente, para poder contribuir para um sobressalto europeu que coloque de novo o PSE no cerne da política europeia. Por isso, além de ser um partido institucional, presente em todos as instâncias do poder político democrático, tem que se deixar absorver pelo tecido social, através dos protagonistas que contribuem para a sua transformação.
2.9. Está, de facto, em causa um processo de amadurecimento social que deve contar com um importante protagonismo do Estado, mas que está muito longe de lhe ficar circunscrito.
E o envolvimento do Estado neste processo implica não só uma renovada atenção sobre as suas responsabilidades reguladoras e uma dinâmica reformadora da administração pública, mas também um novo tipo de relacionamento com os movimentos sociais, assumindo-se como instância que os estimula e apoia.
2.10. Neste contexto, percebe-se que a estatização dos meios de produção não seja encarada como etapa central e ponto de partida imprescindível numa evolução socialista. Está agora mais nítido o seu carácter instrumental, bem como o risco de, por si só, não ser suficiente fazer atingir os objectivos que a justificavam.
No entanto, também não parece sustentável querer substituir-se um fundamentalismo económico de pendor estatizante, por um fundamentalismo privatizador, radicado no neo-liberalismo como numa verdadeira religião do mercado.
2.11. Num processo de globalização, em si própria contraditória, só pode interferir-se com êxito com base num pensamento crítico. As modificações dentro do próprio capitalismo não devem ser ignoradas. De facto, por si sós, elas podem implicar profundas alterações na luta política.
Isto não significa que encaremos o capitalismo em termos simplistas e redutores, mas que o consideramos insusceptível de eliminar a pobreza e a exclusão social, de suscitar uma vida humana digna, bem como a melhoria da qualidade de vida, generalizada e sustentadamente, dado o facto de ter inscrita no seu código genético uma natureza predominantemente predatória e desumanizante, que o marca decisivamente.
2.12. Nesta medida, é imperativo revitalizar e articular, numa visão coerente da sociedade e do mundo, os valores socialistas. Destaquem-se, entre outros, os da liberdade, da justiça, da igualdade, da fraternidade, da solidariedade, do respeito por uma natureza de que fazemos parte, da cooperação, da mutualização dos riscos humanos maiores, da criatividade cultural, da inovação tecnológica e organizacional, sem deixar de os submeter a uma permanente reactualização crítica, que os possa enriquecer.
2.1. Todo esse processo de renovação implica a necessidade de um horizonte identificador que seja o sinal estratégico que o orienta, um horizonte socialista.
2.2. A aceleração do tempo histórico e do progresso tecnológico é um factor sociopolítico decisivo, mas nada tem a ver com qualquer ficção de modernidade, construída a partir de uma compressão do tempo que absorva o futuro, através de uma aleatória sucessão de imprevisibilidades que tornem tudo aparentemente efémero, provisório e relativo. De facto, os socialistas não podem consentir que uma aparente vertigem de mudança do que é superficial na sociedade oculte o imobilismo do que é essencial. Por isso mesmo, têm que aprender a pensar o longo prazo com serenidade, sem deixarem de ser ágeis e céleres no combate aos flagelos que atormentam o presente.
2.3. Se o socialismo quer ser a imagem da esperança e da transformação social tem que se radicar num pensamento crítico, que reflicta os movimentos emancipatórios da história da humanidade, em especial o movimento operário e os movimentos socialistas.
Os socialistas têm, por isso, que ser capazes de uma dupla avaliação das suas orientações políticas que tenha em conta não só o funcionamento corrente da sociedade, mas também a sua força propulsora rumo a um horizonte socialista.
2.4. É grande a complexidade dessa dupla abordagem, mas o colapso do modelo soviético estimulou uma consciência mais aguda da sua dificuldade. Ficou então claro que ele foi um colectivismo produtivista de Estado, globalmente distinto do socialismo, que, em vez de ter gerado um futuro libertador, acabou por confiscá-lo.
2.5. O simples exercício do poder político num determinado Estado não nos aproximará, por si só, decisivamente, de um horizonte socialista, o qual só será alcançável se a sociedade, no seu todo, aprender a caminhar duravelmente para ele.
Esse horizonte é a referência de uma ambição guiada pelos valores do socialismo, em permanente construção crítica, no quadro de uma atitude prospectiva. Renunciar a esse horizonte é correr o risco de perder a identidade socialista.
2.6. O colapso do modelo soviético e a transformação da sua variante chinesa num capitalismo selvagem mostraram como era ilusória a ideia de que por vias diferentes eram o único rosto realmente possível do pós-capitalismo.
Durante décadas, os socialistas democráticos pareceram condenados a esperar por uma possível mutação virtuosa desse modelo para o poderem reconhecer como futuro. Contudo, hoje é evidente que o modelo soviético não foi um socialismo imperfeito, mas uma simples pausa na evolução do capitalismo. Não é um elemento a ser inscrito no nosso futuro, mas uma experiência falhada.
2.7. Nos últimos anos, essencialmente nos países da União Europeia, consumou-se também o colapso da chamada terceira via. E a sua versão moderada, ainda hegemónica no PSE, não tem dado frutos visíveis.
Chegou a haver, em simultâneo, governos hegemonizados por membros do PSE numa dúzia de países da União Europeia. Deixaram a Europa como quando a encontraram, mostrando que se a conseguiram gerir não a souberam transformar. Hoje, perante o ataque especulativo dos poderes de facto do capitalismo internacional, contra diversos países europeus, entre os quais Portugal, à inércia criminosa dos Estados europeus dominados pela direita somou-se a inércia e a impotência dos partidos socialistas europeus.
2.8. Tudo isto mostra bem que é imprescindível que cada partido socialista ouse inovar estrategicamente, para poder contribuir para um sobressalto europeu que coloque de novo o PSE no cerne da política europeia. Por isso, além de ser um partido institucional, presente em todos as instâncias do poder político democrático, tem que se deixar absorver pelo tecido social, através dos protagonistas que contribuem para a sua transformação.
2.9. Está, de facto, em causa um processo de amadurecimento social que deve contar com um importante protagonismo do Estado, mas que está muito longe de lhe ficar circunscrito.
E o envolvimento do Estado neste processo implica não só uma renovada atenção sobre as suas responsabilidades reguladoras e uma dinâmica reformadora da administração pública, mas também um novo tipo de relacionamento com os movimentos sociais, assumindo-se como instância que os estimula e apoia.
2.10. Neste contexto, percebe-se que a estatização dos meios de produção não seja encarada como etapa central e ponto de partida imprescindível numa evolução socialista. Está agora mais nítido o seu carácter instrumental, bem como o risco de, por si só, não ser suficiente fazer atingir os objectivos que a justificavam.
No entanto, também não parece sustentável querer substituir-se um fundamentalismo económico de pendor estatizante, por um fundamentalismo privatizador, radicado no neo-liberalismo como numa verdadeira religião do mercado.
2.11. Num processo de globalização, em si própria contraditória, só pode interferir-se com êxito com base num pensamento crítico. As modificações dentro do próprio capitalismo não devem ser ignoradas. De facto, por si sós, elas podem implicar profundas alterações na luta política.
Isto não significa que encaremos o capitalismo em termos simplistas e redutores, mas que o consideramos insusceptível de eliminar a pobreza e a exclusão social, de suscitar uma vida humana digna, bem como a melhoria da qualidade de vida, generalizada e sustentadamente, dado o facto de ter inscrita no seu código genético uma natureza predominantemente predatória e desumanizante, que o marca decisivamente.
2.12. Nesta medida, é imperativo revitalizar e articular, numa visão coerente da sociedade e do mundo, os valores socialistas. Destaquem-se, entre outros, os da liberdade, da justiça, da igualdade, da fraternidade, da solidariedade, do respeito por uma natureza de que fazemos parte, da cooperação, da mutualização dos riscos humanos maiores, da criatividade cultural, da inovação tecnológica e organizacional, sem deixar de os submeter a uma permanente reactualização crítica, que os possa enriquecer.
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