quarta-feira, 24 de agosto de 2011

IMAGINAR UM HORIZONTE SOCIALISTA

Prossigo com a divulgação do Manifesto para uma Renovação Socialista . Hoje, vou difundir a parte do Manifesto que identifica algumas das áreas políticas essenciais para darem consistência à imaginação de um horizonte socialista. não há preocupação de estabelecer um elenco exaustivo dos tópicos relevantes, mas apenas a ideia de sublinhar alguns dos mais importantes.

Tal como ficou dito nos comentários anteriores:"Quem desejar conhecer o texto integral do documento e a lista dos seus subscritores iniciais, pode clicar sobre a imagem que se situa na coluna lateral deste mesmo blog, já que desse modo poderá aceder ao blog do próprio Manifesto. Quem, sendo militante do PS, quiser subscrever o Manifesto, basta deixar nesse outro blog um comentário em que afirme a vontade de ser um dos subscritores, o nº de militante e o concelho a que pertence". Hoje, é transcrita a oitava parte:


******************************


8. Algumas das áreas políticas essenciais na imaginação de um horizonte socialista


Vamos, por fim, sem a preocupação de sermos exaustivos, pronunciarmo-nos sobre algumas das áreas políticas estruturantes de um horizonte socialista, as quais irão ser no futuro objecto de um trabalho sistemático, por parte dos subscritores deste manifesto. Apostamos nestas áreas como espaços prioritários de afirmação desse horizonte. Em tópicos muito sintéticos, vamos procurar identificar o sentido geral porque se deverão pautar as políticas respeitantes a cada uma dessas áreas.

8.1.Trabalho

A repartição da riqueza produzida entre o capital e o trabalho tem de passar para o primeiro plano da concertação social e ser explicitada com transparência nos programas políticos dos socialistas. Não podemos continuar a consentir que o trabalho vivo seja instrumentalizado, completa e grosseiramente, pelo “trabalho morto”. E para sair desta subalternidade estrutural o primeiro caminho a percorrer há-de levar-nos a uma justa repartição do trabalho, do lazer e dos rendimentos. O capital, enquanto “coisa”, tem de se converter num instrumento de humanização do trabalho, para assim deixar de ser um factor de “coisificação” das pessoas. “Coisificação” resultante do facto de se sujeitar o trabalho à lógica linear e irrestrita da reprodução do capital.

8.2. Ambiente

Os seres humanos são seres vivos que fazem parte da Terra, mas o modo de produção social universalmente dominante na actualidade, o capitalismo, se continuar movido sem peias pelos seus automatismos suicidários conduzirá, seguramente, à extinção da espécie humana. As políticas ambientais não podem ser, por isso, meros enfeites secundários de programas políticos, sendo imperioso que passem a ser um vector nuclear da estratégia socialista. Não adianta, de facto, imaginar futuros para uma humanidade que se condene a si própria ao desaparecimento. Por isso mesmo, tem que ser assumido como o direito humano primordial, o direito a políticas ambientais que revertam as derivas suicidárias em curso, restituindo à humanidade uma esperança fundada de futuro.

8.3.Educação

A educação é um processo de transformação das pessoas, através do conhecimento, é um factor de integração social, hoje indispensável para a impregnação cultural dos seres humanos. Sendo o direito à educação um direito humano fundamental, a aprendizagem ao longo da vida é um elemento integrante do processo de repartição do trabalho, do lazer e do rendimento, um campo central da transformação da sociedade. Como agente dessa transformação, o Estado é o responsável por um sistema público de educação, o qual é um elemento estruturante de qualquer democracia como factor insubstituível do seu reforço e como índice da sua qualidade.

8.4. Saúde

A garantia do direito à saúde implica um processo permanente de absorção, pelas estruturas do Serviço Nacional de Saúde, das inovações científicas, tecnológicas e organizativas, que a evolução da humanidade vá suscitando. Esse direito, naturalmente, só pode ser garantido pela responsabilização directa do Estado, nos termos da Constituição, a qual se há-de robustecer através de uma íntima conexão com o processo de desenvolvimento social no seu todo.

8.5. Segurança social

Um sistema público de protecção social é um vector estruturante das democracias modernas, nomeadamente, no que concerne a pensões de reforma, a subsídios de doença e de desemprego. A sua garantia reforça-se pela sua sustentabilidade financeira, sendo certo que o seu limite, em democracia e em última instância, é o da própria subsistência e reprodutibilidade do Estado no seu todo.

8.6. Qualificação equilibrada dos territórios

O território, como espaço onde se conjugam iniciativas e protagonismos nele enraizados, é o ponto de partida e a referência básica para o desenvolvimento local. As sinergias entre processos geograficamente articuláveis são um poderoso factor de propulsão de uma expansão democraticamente vivida de todos eles. E serão especialmente potenciadas por uma diversificação dos patamares de decisão democraticamente legitimados, permitindo uma adequada descentralização de competências, indutora de uma maior agilidade do poder político e de um acréscimo da sua racionalidade.

8.7. Agricultura

O incremento da produção agrícola tem vindo a reemergir lentamente como um imperativo nacional, quer como elemento central de uma maior auto-suficiência alimentar, quer como factor decisivo de uma reversão do processo de desertificação dos campos portugueses. O regresso a uma agricultura de subsistência, também em áreas urbanas, bem como o incentivo à agricultura biológica, são alguns dos caminhos a percorrer, todos eles em articulação com um pleno aproveitamento das vantagens suscitadas pela nossa geografia.

8.8. Recursos marítimos

A parcela de mar em que é reconhecida a soberania económica portuguesa faz com que os recursos marítimos ocupem um lugar de relevo entre as actividades económicas a desenvolver. Aproveitá-los implica não só reanimar sectores de actividade, radicados na nossa posição geográfica, nos quais já fomos relativamente fortes, mas também apostar em sectores tecnologicamente inovadores de grande potencial diferenciador e futurante.

8.9. Cultura

A cultura é uma condição da liberdade. E no mundo de hoje é a principal instância geradora do espírito crítico indispensável a uma filtragem rigorosa do manancial de informação posto, dia a dia, ao nosso dispor. Ser culto é também uma condição necessária para um autoconhecimento efectivo, um ponto de partida para a criação literária e artística bem como para acordar em cada um de nós, um interesse continuado na fruição de bens culturais. Por último, se a política é também uma imaginação sustentada do futuro, a cultura é um factor de qualidade dessa imaginação. Por isso, a actividade cultural e a política cultural hão-de inscrever-se no cerne das nossas preocupações.Um dos eixos estruturantes dessa política será a valorização da lusofonia, através de uma estratégia de sistemática de cooperação com os outros países de língua portuguesa, o que nos colocará em posição de estreitar laços culturais e linguísticos com a Espanha, rumo a um grande espaço ibero-afro-americano mundialmente relevante.

8.10. Energia

É necessário intensificar o fomento das energias renováveis e limpas, como vector decisivo de qualquer política económica, potenciando assim as políticas de protecção ambiental; e conjugar esta política com estratégias sistemáticas e continuadas de poupança energética, alargando ao máximo a independência energética.

2 comentários:

Anónimo disse...

MUITO BOM ESSE TEXTO,ME FEZ LEMBRAR QUE NÃO É IMPOSSÍVEL RESPIRAR UMA ATMOSFERA SOCIALISTA,DESDE QUE PASSEMOS A OBSERVAR O PODER QUE TEMOS NAS MÃOS.

KATIUCE RIBEIRO disse...

MUITO BOM ESSE TEXTO,ME FEZ LEMBRAR QUE NÃO É IMPOSSÍVEL RESPIRAR UMA ATMOSFERA SOCIALISTA,DESDE QUE PASSEMOS A OBSERVAR O PODER QUE TEMOS NAS MÃOS.