sexta-feira, 16 de abril de 2010

O Oráculo Torcido

Espanto!

O Prof. Louçã, no seu tom exuberante e sacro, estrondeou na RTP, em recente entrevista de grande porte, que uma das “malfeitorias”, atribuível ao PS, ao governo ou a ambos, era um poderoso indício de fim de regime. Ou seja, o Prof. Louça já não se deixa fechar na modéstia de uma simples oposição feroz ao governo, nem sequer na banalidade de uma cruzada contra o PS. O Prof. Louçã quer mais, quer a pele do regime. Grande ambição - dirão alguns . Talvez, mas, temo dizer, que algo estranha para uma garganta que quer gritar à esquerda.

Na verdade, eu já ouvi, muitas vezes, expoentes intelectuais da nossa mais ressequida direita, ou papagaios mediáticos de uso corrente, cantarem a ladainha do fim de regime. Sempre tomei essa surda ameaça de uma pós-democracia musculada de recorte indefinido, mais como farronca novecentista do que como ideia. E até tenho, por vezes, procurado entender a raiva histórica da direita portuguesa mais trauliteira, contra o vento de Abril que soprou para bem longe as cinzas cansadas de um salazarismo decrépito. Compreendo até a pobreza de espírito de alguns tontos, politicamente desvitalizados, que se penduram na ideia de fim de regime como um macaco em árvore que sonha de bananas.

Mas faltava-me ver um luzido vestígio da revolução permanente empoleirar-se na peregrina ideia de um fim de regime, como se estivesse a prever o resultado de um “derby” futebolístico. Ou será que tão enérgico pregador está convencido que, uma vez derrotado o regime que constitucionalizou Abril, como sonha a direita, o Prof. Louçã e o seu BE serão olimpicamente convidados, por ela, para enfeites de uma hipotética nova ordem pós-abrilista?

Não sei. Mas julgo que, ou o Prof. Louçã foi atropelado pelas suas próprias palavras, ou de tanto se enfurecer na sua cruzada contra o PS e o governo, se deixou afunilar nessa sua obsessão, esquecendo tudo o que possa existir para além disso.

É certo também que a aparente escorregadela, deste novo Robespierre de baixa intensidade, se vem somar a outras inconsistências ideológicas oriundas da mesma área, fazendo-nos por vezes duvidar, não que o Bloco o seja de facto, mas que consistentemente seja de Esquerda.

4 comentários:

b m disse...

Meu Caro Rui,

Guarda o teu talento e as tuas diatribes para a direita!

E a propósito,como disse então o HP, o mediático Mário da sic é mesmo um escarafunchoso. Aqui fica a m/ auto cítica. Reconheço que tardia.
Um abraço do teu

bento

RN disse...

Caro Bento:

1.Quando os "bloquistas" fizerem isso, conta com a minha reciprocidade.

2.Saber se um rafeiro é muito ranhoso ou pouco ranhoso não é uma divergência relevante.

Rui Namorado

NR disse...

Se aprender a escrever português talvez o consigamos entender. Assim é difícil.

Invista na sintaxe e na ortografia.

RN disse...

Um tal NR quer-me ensinar a escrever português, porque não me percebe.

Não é o meu estilo , meu caro NR, é o seu miolo que é fraco.