Um cidadão atento, que se informasse sobre a conjuntura política autárquica de Coimbra, perceberia rapidamente que o PSD só poderá conservar a liderança da autarquia, se o PS prolongar a sesta política, por que parece estar estranhamente seduzido.
Da facto, incompreensivelmente, o PS parece determinado a prolongar, quase até ao excesso da ousadia, a sua modorra política, como se quisesse experimentar a vertigem de, numa corrida para si decisiva, dar um substancial avanço ao adversário, para tentar alcançá-lo sobre a meta, num esforço desesperado.
É claro que, quando me refiro a modorra política, não imputo aos responsáveis concelhios uma inércia total. Pelo contrário, têm ocorrido iniciativas regulares, pelo menos duas das quais muito interessantes, relacionadas com a temática autárquica. Noutras circunstâncias, talvez essas actividades exprimissem adequadamente o que se pode esperar da actividade política de um partido, no plano concelhio. Na actual conjuntura, porém, acabam por ficar com a imagem de meros artifícios que, independentemente, do seu conteúdo, parecem simples cortinas destinadas a disfarçar a inércia política dominante.
É como se procedêssemos à laboriosa invenção de um deserto, que depois tivéssemos que atravessar. O que, naturalmente, causa perplexidades tanto maiores, quanto, cada dia que passa, se torna mais evidente que o seu resultado quase certo é o prejuízo para o candidato do PS, seja ele qual for.
Descontada a inusitada promoção de uma inesperado pré-candidatura independente, que nem de longe suportaria a comparação com, pelo menos, uma dezena de militantes do PS que aspirassem ao mesmo, garantindo assim, seguramente, a derrota e cavando mais fundo a fragmentação política interna que tem atormentado o PS, a sério a sério, há duas hipóteses de candidatura em equação: a do Henrique Fernandes e a do Luís Marinho.
Todavia, esta dualidade de hipóteses é mais aparente do que real. De facto, a hipótese do Luís Marinho só surgiu e só foi conquistando espaço e apoios, porque o Henrique Fernandes lhe transmitiu um impulso inicial, estimulando deste modo o próprio a pensar numa hipótese que há muito tinha por completamente afastada. E não apenas lhe transmitiu esse impulso inicial como, uma e mais vezes, a continuou a alimentar. Além disso, mesmo as dificuldades que podiam ser esperadas, quanto a essa solução, no plano distrital, acabaram por não surgir.
Era uma hipótese difícil de imaginar há uns meses atrás? Certamente. É uma hipótese com grandes potencialidades politicas positivas? Sem dúvida.
De facto, o PS apresentaria assim um candidato com um amplo currículo político nacional e europeu, o que objectivamente ilustrava a importância atribuída pelo Partido ao combate autárquico em Coimbra, constituindo, por isso, de per si, um relevante trunfo político. Não havendo vitórias nem derrotas antecipadas, o PS teria assim um candidato que tornava verosímil uma vitória. Na verdade, assim parecia possível desencadear uma campanha forte que conseguisses envolver, entusiasmar e corresponsabilizar, não só a larga maioria do partido, mas também personalidades e sectores que lhe são exteriores.
Mas uma candidatura destas, gerada nos termos em que o foi, teria também, previsivelmente, efeitos muito positivos na pacificação interna do partido, levando muito provavelmente a novas formas de relacionamento, entre as várias sensibilidades internas, de modo a que as diferenças naturais e desejáveis, actualmente existentes, encontrassem terrenos de cooperação mais férteis e formas de competir entre si mais saudáveis.
Os ruídos de fundo, as rosnadelas da praxe, os receios por imaginárias perdas de almejados lugares em listas, devem ser encarados com bonomia e serenidade, mas não podem ser alcandorados ao imerecido plano de argumentos políticos. Pelo que não devem sequer ser tidos em conta.
Por isso, custa a compreender a razão pela qual Henrique Fernandes hesita ainda em tornar pública a sua opção por Luís Marinho. Cada dia que passa, é um dia a menos, no combate que tem que ser travado. Começa a tornar-se tarde.
É claro que nem me passa pela cabeça que, contra toda a racionalidade política, Henrique Fernandes ceda às pressões difusas, que têm procurado exercer sobre ele, pelo menos através da comunicação social, e se deixe empurrar para uma candidatura que, verdadeiramente, parece não desejar.
É que uma candidatura de Henrique Fernandes, nas circunstâncias actuais, pouco tem a ver com uma candidatura de Henrique Fernandes, anunciada como se chegou a prever no último Congresso do PS. Se tivesse arrancado então, teria podido fasear as iniciativas e melhorar as condições políticas da sua própria afirmação. Mas, como tal não aconteceu (e não aconteceu, por livre decisão do próprio Henrique Fernandes, como Presidente da Concelhia que vai decidir em última instância), a sua candidatura, se avançasse agora, avançaria com muitíssimo menos probabilidades de vitória, do que aquelas que teria tido na outra hipótese.
De facto, se essa infeliz ideia se viesse a concretizar, tudo se passaria como se o próprio Henrique Fernandes tivesse ocupado os últimos meses a fragilizar a sua própria candidatura, para só depois disso a apresentar, o que nos deslocaria da política para o teatro do absurdo.
Por isso, não valorizo muito os ruídos mediáticos que parecem querer empurrar neste sentido. E quero crer que, sendo fácil ao PS de Coimbra chegar a uma boa solução, ele não optará pela proeza de alcançar, à custa de um enorme esforço, uma má solução.
Mas, se assim for, ou se protelarmos muito mais a solução, podemos cair numa situação em que seja apropriado dizer-se, quanto ao que se está a passar no PS de Coimbra, no plano autárquico: “O suicídio segue dentro de momentos…”
Os ruídos de fundo, as rosnadelas da praxe, os receios por imaginárias perdas de almejados lugares em listas, devem ser encarados com bonomia e serenidade, mas não podem ser alcandorados ao imerecido plano de argumentos políticos. Pelo que não devem sequer ser tidos em conta.
Por isso, custa a compreender a razão pela qual Henrique Fernandes hesita ainda em tornar pública a sua opção por Luís Marinho. Cada dia que passa, é um dia a menos, no combate que tem que ser travado. Começa a tornar-se tarde.
É claro que nem me passa pela cabeça que, contra toda a racionalidade política, Henrique Fernandes ceda às pressões difusas, que têm procurado exercer sobre ele, pelo menos através da comunicação social, e se deixe empurrar para uma candidatura que, verdadeiramente, parece não desejar.
É que uma candidatura de Henrique Fernandes, nas circunstâncias actuais, pouco tem a ver com uma candidatura de Henrique Fernandes, anunciada como se chegou a prever no último Congresso do PS. Se tivesse arrancado então, teria podido fasear as iniciativas e melhorar as condições políticas da sua própria afirmação. Mas, como tal não aconteceu (e não aconteceu, por livre decisão do próprio Henrique Fernandes, como Presidente da Concelhia que vai decidir em última instância), a sua candidatura, se avançasse agora, avançaria com muitíssimo menos probabilidades de vitória, do que aquelas que teria tido na outra hipótese.
De facto, se essa infeliz ideia se viesse a concretizar, tudo se passaria como se o próprio Henrique Fernandes tivesse ocupado os últimos meses a fragilizar a sua própria candidatura, para só depois disso a apresentar, o que nos deslocaria da política para o teatro do absurdo.
Por isso, não valorizo muito os ruídos mediáticos que parecem querer empurrar neste sentido. E quero crer que, sendo fácil ao PS de Coimbra chegar a uma boa solução, ele não optará pela proeza de alcançar, à custa de um enorme esforço, uma má solução.
Mas, se assim for, ou se protelarmos muito mais a solução, podemos cair numa situação em que seja apropriado dizer-se, quanto ao que se está a passar no PS de Coimbra, no plano autárquico: “O suicídio segue dentro de momentos…”
20 comentários:
...mas não será o primeiro.
Estes meus camaradas envergonham-me. Agarrados ao poder de tal forma, que preferem matar uma vitoria quase de mão beijada do que ceder ás suas necessidades de sobrevivência pessoal no plano politico. E depois são tão ignorantes que nem se apercebem que até eles se estão a matar.
Não sei do que estão à espera, para avançarem já com o LM. Eu se fosse o LM, já os tinha era mandado passear.
Há quem prefira ver o seu nome num lugar honroso de uma lista de derrotados, do que participar, sem a mesma notoriedade, na alegria colectiva de uma vitória.
O que foi publicado na implensa respeitante ao modo como o LM geriu todo este processo, quer na Figueira quer em Coimbra, não o fragilizou como candidato? O PS vem cometendo suicídios vários, começando pelo caso do Porto. Aquilo que as pessoas constatam pode não ser exactamente o que se passa nos "corredores" da decisão política, mas, entretando, a falta de sentido público e a inabilidade quanto à necessária separação entre interesses particulares e serviço público matam aquelas que poderiam ser as melhores propostas. Sendo assim, seja-nos permitido, pelo menos, colocar a pergunta: seriam, de facto, as mellhores propostas?
JG
1. Não conheço outras.
2. O LM não geriu processo nenhum. O LM foi envolvido em processos. Num caso como noutro não foi ele que se foi oferecer a ninguém como candidato. E no caso da Figueira só abusivamente é que o seu nome foi envolvido numa votação final sem o seu consentimento.
3.Aliás considerações moralistas gerais que põem no mesmo saco os que fazem o que é dito no texto e as sua vítimas, são uma forma, talvez involuntária , mas efectiva, de proteger os primeiros.
4. Que não haja dúvidas, tudo o que eu digo está sustentado em factos,que julgo conhecer, embora possa estar a omitir a referência a outros e a algumas inesperadas cumplicidades que também julgo conhecer. Se vier a ser preciso, quando for oportuno, não hesitarei em pôr tudo isso em pratos limpos.
É que no PS há quem caia na tentação de imputar aos outros o tipo de comportamento que afinal é o seu, colocando-se numa postura de angélica neutralidade para disfarçar uma tomada de posição ostensiva que no fundo sabe não ser compatível com as posições que tem assumido.
E devo dizer que não me estou a referir aos responsáveis oficiais pelo partido, já que quanto a eles o que neste caso tenho a dizer está dito nos textos deste blog. Estou-me a referir a alguns salvadores que afinal não parecem escapar á tentação de ficarem aprisionados na contemplação do próprio umbigo, como se o mundo girasse em volta deles.
5. De facto, este problema pode discutir-se objectivamente sem anjos nem demónios. O debate é entre soluções concretas e viáveis no tempo que temos, não pode ser uma maledicência contra tudo o que mexe.
Rui Namorado
Ao JG,
LM, não geriu nada. Envolveram-no em processos. O facto de se mostrar disponível para colaborar numa solução governativa na FF, não quer dizer que aceitasse ir a votos. Com a experiência que ele tem, é notório que via que não tinha condições para ser candidato (não por falta de competências politicas mas pelo facto dos dirigentes locais não gostarem dele no plano pessoal). O que se passou é que os seus apoiantes, excederam-se e para não dar "parte fraca" na dita reunião, avançaram com seu nome, sem seu consentimento. Não mediram as consequências que esse acto poderia advir para LM. De facto, esta situação fragiliza LM. Em Coimbra, o Presidente da concelhia, por incapacidade de liderança,anda a queimar o caminho a LM, que errou em dizer que estava disponível. Mas com tanto amadorismo politico da parte dos meus camaradas ainda vou vê-los escolher outro candidato e perdedor como o da FF!
Diz o Anónimo das 15 e 15 a propósito de LM:
"... errou em dizer que estava disponível".
Era então melhor esconder esse importante elemento informativo, por mero cálculo ou por simples hipocrisia política ?
Era. E não era hipocrisia.
Então o que era?
E por que razão havia de o esconder ?
Pois é. Mais uma vez navegamos nestas águas agitadas por jogos mais ou menos clandestinos, por pequenos ódios nunca resolvidos, por argumentos usados como balas neste processo de escolha dos candidatos (refiro-me a coisas que vêm a público). Vem à memória uma outra ideia na escolha dos candidatos, que temos discutido; mas essa ideia é demasiado cívica para um partido que - paradoxo dos paradoxos - deveria ser aquele que, dentro de si, deveria ser exemplo de democracia.
JG
Caro Zé Gama:
Bem - vindo ao debate.
1. Estas vicissitudes ilustram bem a vantagem política de eleições primárias , onde a competição pode ser aberta e entre programas que valorizem protagonistas e não entre protagonistas que sejam dispensados de ter ideias. Mas nesse aspecto, o LM, como muitos de nós, sustentou publicamente, quando se candidatou à Federação, a preferência por esse modo de escolher candidatos. Não é a ele que pode ser imputada a aus~encia desse método.
2. Mas tendo-se seguido a via que seguiu. O que há é salientar é que :
1º LM não se pôs em bicos de pés para ser candidato a candidato, foi instado a sê-lo pelas lideranças oficiais.
2º A sua candidatura integra em si a verosimelhança de uma vitória.
3º A sua candidatura , pelo modo como surgiu e pelo contexto em que foi alvitrada, pode ter efeitos positivos na vida interna do partido e na sua reconciliação com a parte do seu eleitorado autárquico hoje desmobilizado ou desiludido.
4º O LM dispõe de um curriculum polítco suficientemente relevante para que pelo simples facto de se candidatar mostara que objetivamente o PS atribui uma grande importãncia à disputa autárquica em Coimbra.
5º A sua avaliação relativa não pode compará-lo a arquétipos de candidatos e o modo como surgiu o seu nome a um arquétipo de um processo de escolha. Tem que ser comparado com os outros noms surgidos á luz das actuais circunstãncias, tendo-se presente que não dependeu dele o modo como se caminha e o ritmo a que se caminha, para a escolha do candidato.
Rui Namorado
Não interessa se geriu mal ou bem, se é hipocrisia ou não! o que interessa realmente é que ele é um bom candidato, tem experiência politica e um vasto conchecimento que poderá colocar ao serviço do PS e de Coimbra. Ele é mais um, que neste partido e nesta cidade é mal aproveitado. E digo mais, a camara de coimbra até é pouco para as suas capacidades
Não sou militante do PS, mas às vezes sou seu eleitor.
Espero, todavia, que não pensem que me arrastam a votar num candidato qualquer.
Se recusarem o Dr. Luís Marinho estão politicamente obrigados a apresentar como candiato alguém do seu nível.
Mas se cairem na asneira de optar por qualquer dos outros dois nomes que vieram a público com mais insistência, digam adeus ao meu voto.
Não está em causa o meu apoio ao Luís Marinho. Reconheço que é um óptimo candidato. Valorizo os argumentos do Rui. Oxalá o PS de Coimbra chegue a uma boa solução. Não podemos esquecer o estado a que isto chegou e que alguns dos nossos camaradas parecem ignorar
JG
Isso é outra coisa. Quanto a isso estou de acordo.
A última coisa que me viria à cabeça, é a ideia de que, mesmo uma possível candidatura do Luís Marinho, teria um êxito garantido antecipadamente.
Só muito trabalho, muita imaginação e o envolvimento pleno do partido, em todas as suas instâncias, permitiriam, mesmo nesse caso, dar verdadeiramente luta à direita instalada.
Mas uma candidatura com menos força corre o risco de exigir um esforço tão grande para ser vencedora que torna a vitória muuito menos provável.
RN
Calculo que já seja um pouco tarde para avançarmos com qualquer solução. Lembro que há 4 anos acusaram o Batista, a seis meses das eleições, de já ir tarde. E agora? Estamos a entrar em Junho, depois não se faz campanha em férias. O que é que nos resta? Setembro e Outubro? Sinceramente de que esperam?
Eu digo do que estamos a espera: que o Sr governador arranje o lugar na lista de deputados ou noutro sítio par depois de estar garantido avançar com o "suicida" que já vai atrasado e que não pode fazer milagres. Meus amigos, se perderemos a culpa é dele.
Será que o Anónimo das 20 e 59 tem razão ?
É que começa a tornar-se evidente que as motivações, de quem detem o poder concelhio no PS de Coimbra, longe de serem reflexo de convicções, apenas espelham conveniências e ambições pessoais.
Como eleitor do PS começo a ficar farto!!!!
Afinal o suicída já apareceu. Com a alegria estampada de um condenado à pena capital. Mas foi apenas indigitado, assim não perde o cargo no governo civil.
Ele há cada uma, nunca pensei alguma vez assistir a este espectáculo deprimente. Parece que o episódio ainda não está concluído. Ainda acho que vai o Marinho.
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