A "Caixa de Pandora" aberta pelos conspiradores que derrubaram
Dilma e querem impedir Lula de disputar as presidenciais de 2018, não mostra sinais de poder ser fechada. A política antipopular do governo Temer, aliás, mostra bem quem realmente são e o que querem os golpistas instalados no poder no Brasil.
O seu golpe foi uma operação sofisticada que começou longe e
ainda está em curso. Não seguiu o modelo
de outros tempos: tanques nas ruas, polícia nas casas, militares no poder e povo
nas prisões. Foi tecido com a participação de juízes e outros magistrados, de políticos, de
polícias, de empresários e da grande comunicação social. Mas uma orquestra de indignidades, por mais subtil que seja, não
dispensa um maestro, um estado-maior competente que meça os golpes a dar, que escolha os
ritmos, que decida as pausas, que doseie o ruído, que gradue os estímulos que hão de encher as ruas. Era bem mais fácil no tempo dos militares: tudo simples,
brutal e linear. Para o comando bastavam alguns generais.
Mas com o novo tipo de golpe a história é outra. Vários
tipos de protagonistas têm que ser coordenados, articulados, postos em sinergia.
Falei numa orquestra, mas verdadeiramente são várias. Conjugá-las potencia a
dificuldade que há para reger cada uma delas.
Os maestros deveriam ser subtis e estar consonantes entre
si.
Ora, nós vimos ao vivo na televisão, quando se decidiu o impeachment de Dilma no Congresso brasileiro, que noventa por cento dos seus
membros, eram verdadeiras nulidades políticas. Eles seriam incapazes de reger sequer um conjunto de pífaros. A única coisa para que parecem habilitados é para dizerem meia-dúzia de alarvidades reaccionárias.
É o protagonismo de gente dessa que faz com que hoje assistamos ao estrangular acelerado de um grande país. Uma clique de direita , politicamente analfabeta e eticamente desqualificada dispara e foge em todas as direcções. O processo golpista descarrilou. As hienas que protagonizaram o golpe mordem-se agora umas às outras.
Os chefes golpistas sentindo-se acossados tendem a entre devorar-se.
Os núncios atacam os mandantes. Os subalternos derrubam os chefes. Os narradores já não sabem o que hão de narrar, de calar
e de gritar. Os cães viram-se contra os donos. A sinfonia golpista que se julgava triunfante tornou-se num ruído insuportável
de recriminações e renúncias.
Há uma lição brasileira que começa a ser esboçada: quem não
sabe música não deve cantar ópera.
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