Está constituído o primeiro governo Macron .Numa
primeira análise, pode dizer-se que tem o perfil esperado. Não é uma explosão
de novidade, nem é um flop. Não é um sinal exuberante de um próximo êxito nas
legislativas de junho, mas também não é chumbo que prenuncie afundamento.
Numa perspetiva distante de quem não conhece em
detalhe os meandros da política francesa, mistura ex-socialistas hollandistas,
ex-gaullistas, inclui o velho centro ao mais alto nível, consegue um ecologista
mediático prestigiado e incorpora naturalmente alguns macronianos de raiz.
Embora já tenham sido dados alguns sinais, não é
ainda conhecida a reação dos socialistas, por um lado, dos gaullistas, por outro.
Agirão disciplinarmente contra os trânsfugas ostensivos? Conjugarão desistências
em casos especiais? Que resultado advirá do comportamento adotado no que
respeita à respetiva coesão interna? Assumirão ou não uma exterioridade plena
em face de uma maioria presidencial, por enquanto apenas ainda desejada?
Na extrema –direita e na outra esquerda, promete-se desde já uma oposição frontal. Mélanchon
acena mesmo com uma possível coabitação com Macron, hipoteticamente advinda de
uma vitória sua nas legislativas. Mas em nenhum destes dois blocos há
tranquilidade plena na preparação das listas candidatas às legislativas.
O novo governo não torna mais claro se estamos à
beira de uma mutação profunda na paisagem político-partidária em França, que a
possa duravelmente oxigenar rumo à promessa de uma salvadora sexta república, ou se apenas
estamos a assistir a um canto do cisne político que melancolicamente traga no
seu bojo uma caricatura da defunta quarta república.
Só as eleições de junho e o subsequente perfil do
poder político que daí resultar nos dirão quanto a isso alguma coisa mais
clara.
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