quarta-feira, 17 de maio de 2017

Um novo governo em FRANÇA



Está constituído o primeiro governo Macron .Numa primeira análise, pode dizer-se que tem o perfil esperado. Não é uma explosão de novidade, nem é um flop. Não é um sinal exuberante de um próximo êxito nas legislativas de junho, mas também não é chumbo que prenuncie afundamento.

Numa perspetiva distante de quem não conhece em detalhe os meandros da política francesa, mistura ex-socialistas hollandistas, ex-gaullistas, inclui o velho centro ao mais alto nível, consegue um ecologista mediático prestigiado e incorpora naturalmente alguns macronianos de raiz.

Embora já tenham sido dados alguns sinais, não é ainda conhecida a reação dos socialistas, por um lado, dos gaullistas, por outro. Agirão disciplinarmente contra os trânsfugas ostensivos? Conjugarão desistências em casos especiais? Que resultado advirá do comportamento adotado no que respeita à respetiva coesão interna? Assumirão ou não uma exterioridade plena em face de uma maioria presidencial, por enquanto apenas ainda desejada?

Na extrema –direita  e na outra esquerda, promete-se  desde já uma oposição frontal. Mélanchon acena mesmo com uma possível coabitação com Macron, hipoteticamente advinda de uma vitória sua nas legislativas. Mas em nenhum destes dois blocos há tranquilidade plena na preparação das listas candidatas às legislativas.

O novo governo não torna mais claro se estamos à beira de uma mutação profunda na paisagem político-partidária em França, que a possa duravelmente oxigenar rumo à promessa de uma salvadora sexta república, ou se apenas estamos a assistir a um canto do cisne político que melancolicamente traga no seu bojo uma caricatura da defunta quarta república.


Só as eleições de junho e o subsequente perfil do poder político que daí resultar nos dirão quanto a isso alguma coisa mais clara.

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