quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Os cossacos do Dão


Malta, o BE é mesmo de esquerda! Ele até vai votar contra o Orçamento Rectificativo.

Sim senhor. Podem crer: eles é que são a verdadeira esquerda.

Se os deixarem, eles fazem mesmo a revolução. Se não os deixarem, não fazem. Mas hão-de continuar a mostrar, com todo o rigor, como é que ela se deveria ter feito.

Vê-se bem que continuam fieis ao velho slogan dos estalinistas alemães dos anos 30 do século passado: "Enterrar o nazismo, sob o cadáver da social-democracia."

É tempo de se proclamar :"Força, força camarada Louçã! Nós seremos a muralha vã!!"

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Rui Namorado,
Esta posta não é habitual neste seu blogue: é provocatória e mesmo insultuosa!

O Rui Namorado sabe muito bem que o BE não é estalinista.

O Rui Namorado sabe muito bem que o BE não reinvidica, para si, o estatuto de qualquer "vanguarda" nem pretende ser "a" esquerda.

NO caso do orçamento rectificativo, o Rui Namorado também sabe o que é que ele significa: é a prova do que tem sido a política económica e financeira do governo PS, particularmente enquanto teve a maioria absoluta!

Porque é que será que a esquerda do PS prefere atacar o Bloco em vez de se afirmar lutando para que o PS se afirme com politicas de esquerda e à esquerda. Por exemplo, como fazem os socialistas franceses agrupados na corrente "Democratie & Socialisme" que o Rui Namorado tem entre os seus "links"?
João Pedro Freire
Aderente do BE
Editor de Tribuna Socialista

Rui Namorado disse...

Começo por salientar que o tenho como um interlocutor intelectualmente honesto, com quem vale a pena trocar ideias. Que elas sejam diferentes, apenas aguça o interesse dessa troca.Vamos ao assunto.


1. Reconheço que o meu texto é provocatório. Mas se ele é insultuoso, não o é seguramente mais do que o são muitos e muitos textos provenientes do BE, a propósito do PS. Aquilo que sentiu ao ler este pequeno texto é o mesmo que sentem os militantes do PS quanto a textos simétricos. Subjectivamente, cada um de nós pode julgar que os ataques que faz são merecidos e que os que recebe são insultuosos. Objectivamente, como nenhum de nós é dono da verdade, eles valem o mesmo.
De qualquer modo, está longe de mim qualquer ideia de apoucamento pessoal de qualquer visado que se possa sentir atingido pelo que escreva. Por mim, está em causa apenas a tentativa de uma crítica política.

2. Mas a intenção de fundo é chamar a atenção para o significadp estrutural de certo tipo de posições, para as suas consequências em termos de médio prazo, para as suas consequências profundas na relação de forças esquerda-direita,bem como para o seu contributo para tornar ainda mais difícil qualquer futura cooperação entre todas as componentes da esquerda.

3. O BE não se assume como estalinistas, nem de um modo genérico se comporta como tal. É certo. Mas não se deve escamotear que uma das suas mais fortes raízes (a UDP) é uma organização historicamente ligada á tendência maoista. E basta consultar a iconografia do comunismo chinês, para aí enconrtrar a figura do "glorioso pai dos povos".Mas o essencial é que a atitude que os partidos de esquerda (e neste caso , particularmente o BE) comportam-se como se seguissem o velho slogan estalinista que citei.

4. Que o BE não se comporte muitas vezes como se fosse uma vanguarda que concentra o essencial da autenticidade da esquerda, é que não me parece que corresponda à verdade.

5. Basta consultar a imprensa do princípio deste ano, pare se perceber o alarme que grassava sobre a gravidade da crise que o capitalismo atravessava. Imaginar que daí não adviriam consequências automáticas nas receitas fiscais é um mergulho directo no mais estéril irrealismo.Ora, o exacerbar da crítica ao Governo, numa sofreguidão de oposição, esquecendo o que acabo de dizer, acaba por absolver indirectaemnte o capitalismo. Não é ele que está em crise, é o malandro do Governo socialista o causador de todos os males.Talvez, por isso, a propósito da questão do Orçamento Rectificativo, os argumentos dos quatro partidos da oposição quase se poderiam considerar como fungíveis entre si.

4. Neste momento, não acho que a direcção política de qualquer dos partidos da esquerda em Portugal, incluindo a do PS, esteja em verdadeira consonância estratégica com os objectivos últimos que identificam cada partido. Mas, usando uma metáfora simplificadora, o pior que pode acontecer ao PS, mantendo-se dentro dos parâmetros actuais, é andar aos tropeções num caminho que existe e tem saída; mas, se também se mantiveram dentro dos sesu parãmetros actuais, o melhor que pode acontecer aos outros partidos de esquerda é terem uma marcha impecável num beco sem saída.
Estarei equivocado? É disso que estou convencido.