domingo, 19 de abril de 2009

Economia Mundial e Condições de Trabalho

Uma vez mais, o Júlio Mota enviou-me o texto que abaixo transcrevo, assinalando a continuação da série de conferências e debates que têm vindo a materializar uma iniciativa, cuja importância, de dia para dia, se torna mais evidente.


" O grupo de docentes da FEUC dinamizador e organizador (com a colaboração dos estudantes do Núcleo de Estudantes de Economia da FEUC e com o apoio da Coordenação do Núcleo de Economia) do Ciclo Integrado de Cinema, Debates e Colóquios na FEUC vem com a presente informar que irá decorrer, a 27 de Abril, a nona sessão do ciclo temático Economia Global, Mercadorização e Interesses Colectivos: Pessoas, Mercadorias, Ambiente e Paraísos Fiscais.

Esta sessão debruça-se sobre um tema que está agora na ordem do dia, uma vez que é uma das principais causas da crise que atravessamos, mas que lamentavelmente é um tema pertinente desde há vários anos: Economia Mundial, Direitos Fundamentais e Condições de Trabalho.

As condições de trabalho e salariais na China são altamente perturbadores dos mercados de trabalhos nos outros países, não apenas porque produzem os bens salariais que os países industrializados produziam outrora como são concorrentes e fortemente em tudo o que são indústrias mediamente intensivas em trabalho, mesmo que tecnicamente evoluídas. Porque se trata de um “capitalismo neoliberal de características chinesas”, na expressão de um dos mais importantes teóricos da Nova Esquerda na China, assente numa dinâmica de forte desigualdade de rendimentos e de minimização dos direitos do trabalho, a questão dos direitos fundamentais não poderia estar fora do Ciclo deste ano. Um filme sobre a China e uma conferência sobre os mercados de trabalho em tempo de crise, com a China como suporte, proferida pela professora Stephanie Luce, da Universidade de Massachusetts, constituirão assim a nossa nona sessão do Ciclo.


Esta foi a linha escolhida para esta sessão, porque se entende que a China é um dos vectores centrais da crise da economia real à escala mundial. Esta crise, de forma resumida, pode ser caracterizada pelos disfuncionamentos das grandes economias à escala mundo: a Europa, com as suas políticas de austeridade orçamental e de desigualdade na repartição, a China com uma política de desigualdade na repartição e de excedentes comerciais assentes nesta mesma desigualdade, enquanto os Estados Unidos seguiram uma política de desigualdade na repartição e de défices comerciais, em troca de títulos de crédito sem valor.

A importância do tema e da conferencista justificam a sua divulgação, razão pela qual vimos dar conhecimento desta iniciativa e para a qual contamos com o vosso apoio.






Programa - Sessão 9

Economia Mundial, Direitos Fundamentais e Condições de Trabalho

27 Abril

Hora: 16 horas
Local: Faculdade de Economia, Sala Keynes

Conferência de:
Stephanie Luce (Labor Relations and Research Center, Universidade de Massachusetts, Amherst): Mercados de Trabalho em tempo de crise

Comentários de:
João Amado (FDUC)
Maria da Conceição P. Ramos (FEP)

Filme e Debate

Hora: 21 horas e 15 minutos
Local: Teatro Académico de Gil Vicente

Filme/Documentário: China Blue, Micha X. Peled, 2007

Comentários e Debate:
Stephanie Luce
João Amado
Maria da Conceição P. Ramos

No Teatro Académico de Gil Vicente será disponibilizada gratuitamente uma brochura sobre a temática ligada ao filme, ligada às condições políticas, económicas e sociais da China, com particular relevo para o mercado de trabalho. Centrados pois na China, com a brochura pretende-se analisar a evolução política e económica na China, as linhas de força políticas que emergem com a nova China, as imagens dos Jogos Olímpicos de Pequim, a situação económica da China e dos Estados Unidos como elementos centrais da crise económica actual e, por fim, examinar os custos salariais em termos nominais e de paridade de poder de compra da indústria transformadora na China, concluindo-se com a análise das condições de trabalho e de remunerações numa das fábricas que produz para a Adidas e para a Reebock, entre outras.

Nesta brochura é de destacar a visão dos políticos da chamada Nova Esquerda, dos quais publicamos mesmo um texto, de um dos seus líderes mais representativos, um dos homens que foi um dos últimos a abandonar a praça Tiananmen na defesa dos estudantes massacrados. Curiosamente, a visão que esta linha de pensamento crítico pretende dar desta luta é que esta expressa o descontentamento dos chineses face ao neoliberalismo que se estava a implantar. Mas, com o esmagar desta contestação ao regime, quem perdeu com o massacre foram os críticos do neoliberalismo, quem ganhou foram as forças que defendem e implantam na China o capitalismo neoliberal. Sendo considerada a China um dos vectores centrais da crise da economia real de hoje, de acordo com análises económicas publicadas na brochura, afinal, quem perdeu não foram apenas os críticos do neoliberalismo chineses mas todos aqueles que hoje sentem os resultados do modelo neoliberal.

São ainda de salientar textos de dois economistas chineses, Minqi Li, autor de um recente livro, The Rise of China and the Demise of the Capitalist World-Economy (Pluto Press, 2008) e de Andong Zhu, economista a residir em Pequim.

Certos do vosso apoio a esta iniciativa e certos que tudo farão para a sua divulgação, o que antecipadamente agradecemos, queiram aceitar os nossos cumprimentos".

[Pela Comissão Organizadora - Júlio Marques Mota]

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