A verdade de um falso relatório
A nuvem mediático-política
que serviu a “troika” e dirige a
direita portuguesa, contrariando a sua habitual circunspeção nas questões
militares e de defesa, resolveu aproveitar (ou inventar) o assalto de Tancos,
para enterrar politicamente o Ministro da Defesa. Mas o seu inicial fogo-de-artifício
traduziu-se afinal em pouco mais do que um pirilampo político.Com as eleições
autárquicas à porta, a escassez pretextos para a atacar o Governo,
tornou-se-lhe insuportável.
Vai daí , na área mediática
da nuvem “troikista” inventou-se um
relatório que, a pretexto do caso de Tancos, atacava o Governo, apoucava o exército
e demolia o Ministro da Defesa. Lançada dissimuladamente essa bomba de mau cheiro pela seção plumitiva
da direita , as suas seções partidárias apressaram-se a gritar que cheirava
mal; e que, claro, a culpa era do Governo. Inventado um robusto relatório “oficial”
os próprios urdidores da mentira fingiram julgar que estavam perante uma
verdade que gritaram estridentemente.
Bastou, todavia, uma
ligeira brisa de verdade para que a urdidura mentirosa do relatório, que afinal
não existiu, ficasse completamente nua em praça pública. No entanto, as seções
partidárias da direita, em vez de pedirem civilizadamente desculpa pelo excesso
de imaginação e, pela ligeireza da repetição, continuaram a regougar dislates
contra o Ministro, culpando-o do terrível erro de ser citado num relatório
inventado pelos regougadores , mas que afinal não existiu. Ou seja os
agressores acusam a vítima pelo facto de ter sido agredida por eles.
Edificante. Ridículo.
Isto nos leva a pensar
que as seções partidárias da direita portuguesa são dirigidas por ficções de
políticos. Terem transformado questões militares e de defesa em episódios de
capoeira, próprios de galinhas e coelhos, é verdadeiramente tão sintomático
como deplorável.
Talvez isso os enfraqueça.
Mas não devemos rejubilar com isso , uma vez que, mais do que o enfraquecimento
da credibilidade política dos partidos que eles lideram, o que está em causa é
o desprestígio das instituições democráticas.
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