As flores de abril
já são conchas de pedra
debruçadas no tempo,
violinos cansados
pelos dedos antigos
ou alarmes caindo
pelas escarpas do medo.
Mas os olhos em riste
que desejam futuro
continuam escavando
sem os braços caídos.
Não deixemos que abril
seja folha caída
que o cortejo dos meses
vai deixando para trás.
Não deixemos que abril
seja o tempo que passa,
de si próprio perdido
por não querer regressar.
Não deixemos que esqueça
sua própria guitarra
nem que fuja das ruas,
nem que seja saudade.
[ Rui Namorado – 25 de abril de 2015]
2 comentários:
A bílis negra de Hipócrates.
Obrigado pelo poema. Guardei.
Amén!
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