A verdade não é este silêncio,
amargo, plano, sufocado.
A verdade não é este deserto,
sem gestos , sem luz e sem ideias.
A verdade não fica neste exílio,
neste castelo antigo, abandonado.
A verdade não vive na tristeza
destas palavras soltas sem
sentido.
Verdade é este vento que regressa,
enorme, desmedido, sem pecado.
Verdade é teres um sonho em tuas
mãos,
à espera que o decidas semear.
A verdade semeia-se e renasce
como gesto de amor incendiado,
abrindo-se às palavras que
hão-vir,
num íntimo pudor de ter ideias.
Só é verdade o sonho que não para,
no medo, na amargura, nas
fronteiras.
Só é verdade cada primavera
conquistada, vivida, palmo a
palmo.
A verdade não é este silêncio,
destas palavras podres repetidas,
destas palavras ditas sem sabor,
sem lábios, sem vigor e sem saudade.
A verdade não para, não se rende,
não fica neste exílio degredada.
Mistura-se na vida, vai em frente,
nascida de novo, em cada dia.
[ Rui Namorado]
2 comentários:
Um belo poema. Parabéns.
Belo e profundo. Parabéns!
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