Cada ano regressa o mesmo dia,
Também ele escrevendo-se em Abril
E em nós com o estilete da memória.
Voltamos ao princípio do que fomos,
Ao gesto que fizemos, quando erguemos
A própria nudez da liberdade.
E ali ficámos quando a noite veio,
Como a primeira hora de outro dia,
Uma hora do sonho e da verdade.
Alguém nos desenhou com esse mês,
Novos braços de um vento desregrado,
Sabendo ser irmãos e sermos nós.
Por isso, descobrimos esses dias,
Esquecendo a flor da mágoa, da saudade
E a sombra já esbatida de outras horas.
Mas não ficámos presos nesse tempo,
Castelos pelo musgo corroídos,
Cercados pelos espectros da glória.
Fomos portas abertas ao que vinha,
Colhendo as asas do que mais voasse,
Sementes do incerto em movimento.
Tatuagem do tempo em todos nós,
Palavra sempre escrita no futuro,
Guardemos o perfume desse dia.
[Rui Namorado]
terça-feira, 17 de abril de 2012
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1 comentário:
Belo!
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