sábado, 28 de abril de 2012

SEGUNDO COLÓQUIO DO MANIFESTO

1. O “CLUBE MANIFESTO – para uma renovação socialista”, está a promover uma série de colóquios, realizando-se o próximo, mais uma vez, em Coimbra.
Tal como o anterior, este Colóquio é abertos a todos os cidadãos interessados. Isto não nos impede de convidar muito especialmente os militantes do PS a participarem nele.




2. Este segundo colóquio vai ter lugar, no dia 5 de Maio, sábado, às 14 h e 30 m, no Hotel D. Luís, em Coimbra.
O tema do colóquio será: “Reformar a política autárquica: inovação e território”.
A interveniente convidada será Maria Manuel Leitão Marques, Professora Catedrática da FEUC e Secretária de Estado no anterior Governo.
O interveniente membro do Clube Manifesto será Nuno Filipe.
O debate será moderado por Romero de Magalhães.
Como se pode ver pela sua leitura, o nosso “Manifesto” sublinhou a necessidade de uma “qualificação equilibrada dos territórios “, defendendo que:”O território, como espaço onde se conjugam iniciativas e protagonismos nele enraizados, é o ponto de partida e a referência básica para o desenvolvimento local. As sinergias entre processos geograficamente articuláveis são um poderoso factor de propulsão de uma expansão democraticamente vivida de todos eles. E serão especialmente potenciadas por uma diversificação dos patamares de decisão democraticamente legitimados, permitindo uma adequada descentralização de competências, indutora de uma maior agilidade do poder político e de um acréscimo da sua racionalidade.”
É nesta perspectiva que devemos encarar todo o processo de reforma administrativa em curso, cientes de que o nível de aprofundamento que conseguirmos alcançar na sua análise e a qualidade da respectiva reflexão política que formos capazes de colectivamente protagonizar, vão determinar até onde chegaremos nas próximas eleições autárquicas. Este colóquio pretende ser uma etapa nesse processo de reflexão, para o qual, necessariamente, está convocado todo o povo socialista.


Pelo “CLUBE MANIFESTO – para uma renovação socialista”,


Rui Namorado

sexta-feira, 20 de abril de 2012

CONTRA UMA REPÚBLICA DE MAGISTRADOS - 2



Opinar sobre a qualidade dos candidatos à ocupação das vagas surgidas no Tribunal Constitucional é um acto normal. Como seria normal que qualquer agente do poder judiciário ao fazê-lo em público, à sombra de uma qualquer instituição, tivesse alguma contenção.

Mas que um juiz, investido da qualidade de dirigente de uma associação sindical, transforme uma opinião desfavorável quanto ao mérito dos referidos candidatos (ou de alguns deles), num repúdio pelo envolvimento da Assembleia da República na escolha, acrescentado-lhe a correspectiva reivindicação de que tal escolha coubesse por completo aos juízes, parece-me de uma inacreditável desfaçatez. E para carregar mais nas tintas do dislate, ei-lo a assumir-se como oráculo iluminado de todos os portugueses, para afirmar que todos nós seguimos carneiristicamente a sua iluminada opinião e a sua sôfrega reivindicação. Qualquer velha raposa da vulgata política não faria diferente, não diria melhor, o que corresponde a que se passe ao douto magistrado um atestado merecido de agilidade dentro do universo cansativo da potitiquice mais barata.

Ou seja, uns quantos técnicos do direito, dispensados por completo do filtro democrático de qualquer eleição, iam substituir a sua incontrolada vontade, à opinião periódicamente escrutinada dos representante eleitos dos portugueses. Que milagre ungiu os juízes de todas as virtudes e carregou os deputados eleitos de todos os defeitos? Por que razão se haveria de preferir outorgar um poder vitalício incontrolado a uma categoria profissional, retirando-o das mãos de representantes eleitos por todos nós, periodicamente removíveis?

De facto, esses senhores juízes estão mesmo a precisar não só de uma bússola de bom senso político, mas também de um banho prolongado de cultura democrática e de frugalidade institucional.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

SEGURANÇA SOCIAL- dois escândalos!


Alguns sectores do grande capital, eventualmente as grandes seguradoras multinacionais, resolveram utilizar os seus megafones governamentais para lançarem uma campanha mistificatória sobre a segurança social, com ameaças de privatização e com falsificações grosseiras. Um escândalo!
Apesar do coro da comunicação social mais acéfala, que ampliou o dislate governamental, mesmo à direita, fizeram-se ouvir críticas frontais a essa operação de ilusionismo interessado, como aconteceu , por exemplo, com Manuela Ferreira Leite e com Bagão Félix. Houve até uma reputada instituição internacional integrante da "troika"que teve o cuidado de traçar um panorama da sustentabilidade da segurança social portuguesa que nada tem a ver com o cenário pessimista proclamado pelo actual governo.


E, quando se esperaria que o Partido Socialista tomasse uma posição clara e contundente, contra a vigarice ensaiada, exigindo, eventualmente, a demissão dos agentes políticos responsáveis pela encenação embusteira, verificámos com espanto que, pifiamente, uma vez mais se limitou a pedir explicações. Outro escândalo, digo eu, como militante socialista.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Homenagem ao 17 de Abril, sempre

Cada ano regressa o mesmo dia,
Também ele escrevendo-se em Abril
E em nós com o estilete da memória.

Voltamos ao princípio do que fomos,
Ao gesto que fizemos, quando erguemos
A própria nudez da liberdade.

E ali ficámos quando a noite veio,
Como a primeira hora de outro dia,
Uma hora do sonho e da verdade.

Alguém nos desenhou com esse mês,
Novos braços de um vento desregrado,
Sabendo ser irmãos e sermos nós.

Por isso, descobrimos esses dias,
Esquecendo a flor da mágoa, da saudade
E a sombra já esbatida de outras horas.

Mas não ficámos presos nesse tempo,
Castelos pelo musgo corroídos,
Cercados pelos espectros da glória.

Fomos portas abertas ao que vinha,
Colhendo as asas do que mais voasse,
Sementes do incerto em movimento.

Tatuagem do tempo em todos nós,
Palavra sempre escrita no futuro,
Guardemos o perfume desse dia.


[Rui Namorado]

segunda-feira, 16 de abril de 2012

EVOCAR O 17 de ABRIL DE 1969.

Amanhã, à noite, em Coimbra, no Café Santa Cruz, tertúlia comemorativa dos 43 anos do início da crise univeristária de 1969 .

PS - metamorfose ou estagnação ?

[Mesa do colóquio - Alberto Martins, Araújo Barbosa e Rui Namorado]


O “CLUBE MANIFESTO – para uma renovação socialista”, promoveu no passado sábado, dia 14 de Abril, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, o primeiro de uma série de colóquios .

O tema foi: “Partido Socialista – metamorfose ou estagnação?”. A sessão foi aberta por Araújo Barbosa que, após uma breve saudação em nome do clube, deu a palavra a Rui Namorado, que sublinhou a urgência de uma metamorfose do PS. Encerrando as intervenções , Alberto Martins, deputado e membro do Secretariado Nacional PS, apresentou um amplo painel dos problemas que o PS tem pela frente em Portugal e os socialistas europeus na Europa.

Abriu-se depois um animado debate, no decurso do qual ficou clara a necessidade de se conseguir que o PS caminhe, com decisão, rumo à sua completa transformação, de modo a adquirir uma robustez que lhe permita resistir aos cercos que o têm envolvido e vão continuar a envolver.


Repetindo um excerto do “Manifesto”, fundador do nosso Clube, permito-me sublinhar , uma vez mais , que : “o PS tem que viver uma metamorfose conducente a um novo tipo de partido, com uma nova atitude perante a sociedade, orientações políticas renovadas nos aspectos propulsores da transformação social, novo tipo de protagonismo na construção europeia e um forte activismo em todas as instâncias internacionais que procurem um horizonte socialista”.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Os MILHAFRES DO MEDO

Os milhafres do medo desabaram
Nas palavras não ditas nos olhares
Nos gestos mais ausentes e perdidos

Nas palavras mais tristes
No hálito gelado do inverno
Os milhafres do medo regressaram

Só no manto da noite desenharam
Uma cólera íntima mortal

Levanta pois a voz que não desiste
E deixa amanhecê-la livre e justa

Congelado o silêncio nas palavras
Deixa agora que sejam o teu grito

Nunca fiques cansado rente ao chão
A vida em debandada e sem futuro

Deixa a luz que perdeste regressar

Sem dor e sem limites



[Rui Namorado]

terça-feira, 10 de abril de 2012

O SEGUNDO APAGÃO

Desta vez , foi apenas simbólico:
O leão espirrou, os lampiões apagaram-se!

Dito de outra maneira:

Levantaram voo como águias, aterrararm como galinhas.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

ILUSIONISMOS - a modernidade

Moderno é uma palavra que, em política, se transforma, quase sempre, num passe de magia. Mas isso não acontece desde ontem. Recordo ainda o meu discreto sorriso interior, quando há uns tempo atrás, lendo um texto do século XIX, aí vi afixada a designação fatal.
De facto, uma figura, cujo nome me fugiu, pugnava aí acirradamente pelo “socialismo moderno”. Ficou desde então gravado na minha memória um inesperado alerta: os modernos afinal são muito antigos.
Confesso que não deixei de me interrogar. Que razão levará alguém a recorrer a um carimbo tão gasto pela usura do tempo, com a aparente candura de quem nos oferece uma novidade ?
Uma hipótese me atravessou o espírito: quando desconfia que a proposta que nos apresenta tem um perfume demasiado intenso a ligá-la a outros territórios ideológicos e é, por isso, indispensável que esse incómodo odor se perca numa ilusão de novidade.
Ou uma outra, menos subtil: quando as características substanciais do que se apresenta, sendo distantes do que deveriam ser, impedem que com verosimilhança se alegue para elas outro mérito que não seja a fugidia qualidade de serem modernas, isto é, de serem o próprio rosto da modernidade.
Por isso, tenho feito a mim próprio uma recomendação insistente: quando vires alguém usar paroxisticamente o carimbo da modernidade, observa-o com atenção . Provavelmente, em vez de estar a anunciar, realmente, a luz forte dos dias novos, está a fazer passar no bojo da palavra”moderno”o veludo perdido das noites sem regresso.

terça-feira, 3 de abril de 2012

OS COLÓQUIOS DO MANIFESTO

1. O “CLUBE MANIFESTO – para uma renovação socialista”, vai promover uma série de colóquios, realizando-se os dois primeiros em Coimbra.

Sublinhamos que os Colóquios são abertos a todos os cidadãos interessados. Isto não impede que convidemos muito especialmente todos os militantes do PS a participarem neles, já que, não sendo os únicos protagonistas relevantes das problemáticas abordadas, estão certamente entre os principais.

2. O primeiro dos colóquios vai ter lugar, no próximo dia 14 de Abril, às 15 horas, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Av. Dias da Silva, nº165).

O tema do colóquio será: “Partido Socialista – metamorfose ou estagnação?”
O interveniente convidado será Alberto Martins, deputado e dirigente nacional do PS.
O interveniente membro do Clube Manifesto será Rui Namorado.
O debate será moderado por Araújo Barbosa.

Como se pode ler na Introdução do nosso “Manifesto”, já divulgado em Junho de 2011: “o PS tem que viver uma metamorfose conducente a um novo tipo de partido, com uma nova atitude perante a sociedade, orientações políticas renovadas nos aspectos propulsores da transformação social, novo tipo de protagonismo na construção europeia e um forte activismo em todas as instâncias internacionais que procurem um horizonte socialista”.

É toda esta problemática que queremos discutir neste primeiro Colóquio, de modo a que a troca de ideias, que certamente ocorrerá, nos ajude a ir mais além. De facto, por vezes, é olhando um pouco mais para diante, que damos com mais segurança os próximos passos. Não queremos fugir ao imediato, mas sabemos que sem um horizonte de referência dificilmente podemos acertar na escolha do caminho

3. O segundo colóquio vai ter lugar, no dia 5 de Maio, às 14 h e 30 m, no Hotel D. Luís, em Coimbra.

O tema do colóquio será: “Reformar a política autárquica: inovação e território”.
A interveniente convidada será Maria Manuel Leitão Marques, Professora Catedrática da FEUC.
O interveniente membro do Clube Manifesto será Nuno Filipe.
O debate será moderado por Romero de Magalhães.

O “Manifesto” sublinhou também a necessidade de uma “qualificação equilibrada dos territórios “, defendendo que:”O território, como espaço onde se conjugam iniciativas e protagonismos nele enraizados, é o ponto de partida e a referência básica para o desenvolvimento local. As sinergias entre processos geograficamente articuláveis são um poderoso factor de propulsão de uma expansão democraticamente vivida de todos eles. E serão especialmente potenciadas por uma diversificação dos patamares de decisão democraticamente legitimados, permitindo uma adequada descentralização de competências, indutora de uma maior agilidade do poder político e de um acréscimo da sua racionalidade.”

É nesta perspectiva que devemos encarar todo o processo de reforma administrativa em curso, cientes de que o nível de aprofundamento que conseguirmos alcançar na sua análise e a qualidade da respectiva reflexão política que formos capazes de colectivamente protagonizar, vão determinar até onde chegaremos nas próximas eleições autárquicas. Este colóquio pretende ser uma etapa nesse processo de reflexão, para o qual, necessariamente, está convocado todo o povo socialista.

Pelo “CLUBE MANIFESTO – para uma renovação socialista”,
Rui Namorado

segunda-feira, 2 de abril de 2012

A DOENÇA COMO LUXO, A VIDA COMO DESPESA

O ministro chegou. Grave, como nas grandes ocasiões, martelando com energia frases secas. Ofereceu-nos a notícia. Ia ser reduzido o montante a pagar pelas baixas por doença. E num olhar de espada acrescentou:“ Para desencorajar as fraudes!”


E assim mostrou o seu pragmatismo cristão: se não se conseguem detectar e punir os prevaricadores, castigam-se todos os doentes, sejam ou não culpados de fraude. É certo que podem ser atingidos uns quantos inocentes, mas temos que reconhecer que, pelo menos, não escapa um único falsário. É o que, na ética piedosa do actual governo, se pode traduzir na estratégia de fazer pagar o justo pelo pecador. Isto sim, é coragem! Nem a lendária “troika” teve tal ousadia.
Mas o que me desvaneceu, realmente, neste rasgo político foi o facto de não estarmos perante uma actuação casuística, vinda de um esporádico acesso de genialidade. Nada disso. Trata-se, pelo contrário, de uma via bem inserida na política de saúde do governo.
Assim, ao dissuadirem-se os trabalhadores de adoecerem, além de se incentivar a produtividade, gera-se uma apreciável diminuição dos gastos na saúde. E, é claro, diminui-se a pieguice dos nossos doentes, quiçá habituando-os ao um novo estoicismo, que os poderá levar a sofrerem e calarem, domesticando as bactérias mais ousadas e os vírus mais insistentes, de modo a que, também eles, fiquem bem cientes de que este governo está muito atento, não se dispondo à mínima complacência perante qualquer micróbio despesista, perante qualquer doença relapsa.
Aliás, será, certamente, um novo êxito a somar a tantos outros. Nomeadamente, a somar-se à retumbante vitória contra as despesas em saúde, cujos eloquentes resultados foram tão imaginativamente ilustrados com o acréscimo de milhares de mortos, por força das virtuosas poupanças na saúde e do desregrado frio que nos assolou.
Como muito bem disse o célebre chefe índio Extraviado na Carreira: “Não basta dizer que os portugueses têm que apertar o cinto, por terem vivido há décadas como autênticos nababos, bem acima das suas possibilidades. É também indispensável, falando-lhes com verdade, dizer-lhs sem hesitação que eles têm vivido muito mais tempo do que aquilo que deveriam. É por isso indispensável, por uma questão de racionalidade económica, que passem a morrer muito mais cedo. É tempo de lhes cortar esse insuportável luxo de continuarem vivos.”


De facto, nestas frases tão sugestivas e simples, desse arguto filósofo político, tão senilmente genial, fica expressa, lapidarmente, o mais fundo da lógica que impregna o comportamento do actual Governo: “extinguir os portugueses, para salvar Portugal! "