Fiquei siderado. Estava eu refastelado no aconchego marxista, bebendo na memória teimosa as sábias ideias do incómodo filósofo, quando um relâmpago inesperado apagou o meu sossego.
De facto, ao falar a propósito da sua viagem de turismo religioso a Cuba, o Santo Padre deu a boa nova, comunicando para que constasse, a suprema novidade, fruto do que pareceu ser uma inesperada e íntima descoberta que lhe irrompeu na consciência: “ o marxismo já não serve”. Fiquei petrificado.
De facto, sendo público e notório que, até essa súbita revelação, este Papa era um denodado cultor do marxismo (aliás, na esteira de uma piedosa tradição da cúria romana e, nomeadamente, dos seus antecessores), é muito significativo, e devastador para a reputação do filósofo, que tão fiel seguidor tenha chegado a tão devastadora conclusão.
Ora, se um tão persistente e ostensivo cultor do marxismo chegou a tão sofrida conclusão, como poderão os marxistas restantes lidar com a perda de tão notável companheiro? Agora, que até Sua Santidade chegou à conclusão de que o marxismo já não serve, o que nos leva a crer que houve tempo em que para ele servia, é talvez tempo de seguirmos Marx,o velho filósofo, quando, prudentemente e desconfiando talvez dos Papas futuros, foi avisando à cautela: "Eu não sou marxista!".
sexta-feira, 23 de março de 2012
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