6 . [1965]
Os mosaicos de argila esperam
a luz fria dos olhos.
Um finíssimo gume,
azul de raiva,
azul de raiva,
inventa a amargura.
As arestas acordam
o sopro das palavras.
o sopro das palavras.
Prisioneiros do tempo,
provisórios,
neste lugar perdido do universo,
somos vento que sopra
devagar.
Na mais funda caverna das palavras,
prometem-se os poemas.
7. [ 1967] Soldado *
está em áfrica entre a terra e o sol
a mão ainda leve jaz cansada
a perna segue o corpo docemente
amigos longe e a mãe
cultiva amargamente
o seu jardim de angústia
mandaram-no fazer ali a guerra
trouxe-o de longe a arma ali perdida
guardou rios florestas mitos ouro
está morto longe dos rios familiares
longe dos corações que o vão chorar
* Uma versão curta deste poema foi publicada
na "Lírica do Silêncio"(1973).
[Rui Namorado]
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