As recentes eleições parlamentares na Holanda abriram o caminho do poder a um partido liberal conservador ( 31 deputados) que há décadas não liderava nenhum governo. Os trabalhistas da Internacional Socialista, participantes secundários do governo cessante, ficaram em segundo lugar com menos um deputado (30), mas não deixaram de perder três lugares, relativamente ao seu fraco resultado anterior. De facto, o resultado agora obtido só foi negativamente superado uma vez desde 1946. Os democratas-cristãos que lideravam o governo cessante desceram de 41 para 20 lugares, tendo tido o seu pior resultado de sempre, desde que existem com a actual configuração, desde 1977, tendo descido do 1º para o 4º lugar. Mas, em terceiro lugar, com 24 deputados, ficou um partido de direita radical o Partido da Liberdade (PVV), que antes tivera apenas 9.
Mas o desaire relativo dos trabalhistas não foi aproveitado pelo Partido Socialista (um partido defensor de um socialismo democrático, à esquerda dos trabalhistas) que, pelo contrário, teve um resultado ainda pior, tendo recuado nove lugares, ao descer de 25 para 16 deputados. Em seguida, os Democratas 66 (defensores de um liberalismo social) tal como a Esquerda Verde ficam com 10 deputados cada um, o que significa que ambos subiram, já que antes o primeiro tinha 3 deputados e o segundo tinha 7. Assim, se estes quatro partidos se juntassem, ficariam com 66 deputados, longe dos 76 que precisariam de ter, para chegarem a uma maioria absoluta, já que o Parlamento Holandês (câmara baixa) tem 150 deputados [o Senado tem 75 senadores]. E no entanto, em 1998, embora com pesos relativos diferente [as maiores diferenças: trabalhistas – 45; socialistas -5], os mesmos quatro partidos haviam chegado aos 75 lugares.
Há dúvidas quanto ao tipo de coligação que vai surgir com base na nova relação de forças, embora sempre com o partido vencedor como eixo, sendo embora possível que se incline mais para a esquerda ou mais para a direita.
Tudo isso mostra como é evidente, fica claro que, também na Holanda, a Internacional Socialista continua a murchar. E contra o que antes acontecera não foram os socialistas de esquerda que ganharam com isso: pelo contrário, recuaram ainda mais do que os trabalhistas. E os grandes beneficiários da derrota estrondosa dos democratas-cristãos foram os liberais conservadores e a extrema-direita.
Para quando a declaração da Internacional Socialista e do Partido Socialista Europeu como tendo caído num estado de calamidade política? De facto, sem isso, pode recear-- se que os partidos nacionais desta família política não consigam sacudir o torpor que parece envolvê-los, de modo a que, em simbiose com um novo protagonismo do povo europeu de esquerda, consigam reverter o declínio que parece tê-los atingido.
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