domingo, 7 de março de 2010

Uma sondagem, o PS e as oposições.


Uma recente sondagem da Intercampus , segundo informação do blog Margens de Erro, apresentou os seguintes resultados depois da repartição dos indecisos:

PS - 40,36.
PSD -34,35.
BE - 10,05.
CDS- 7,82.
CDU - 6,28.
Se compararmos estes números com os resultados eleitorais de Outubro passado, verificarmos que :

O PS subiu desde Outubro de 36, 55 para 40,36 [+ 3, 81].

O PSD subiu de 29,11 para 34,35 [+ 5,24].

O BE subiu de 9,82 para 10,05 [+ 1,23].

O CDS desceu de 10,43 para 7,82 [- 2, 61].

O PCP desceu de 7,82 para 6,28 [- 1,54].


Fico sem saber explicar por que razão as variações não se compensam . Aos outros partidos são atribuídos 0,8% dos votos, o que corresponde a menos do que o MRPP teve sozinho, em Outubro passado. Estará na desconsideração dos partidos não parlamentares a razão da referida discrepância?

Feita esta chamada de atenção, no pressuposto da comparabilidade das duas séries de dados, podemos verificar que o PS muito mais de que resistiu, em termos de preferências eleitorais, à grande campanha universal pela sua destruição.

O PSD, a contas com uma crise sucessória, cometeu uma verdadeira proeza, ao ter conseguido reforçar o apoio eleitoral estimado.

O BE solidificou a sua dimensão, tendo até visto aumentar ligeiramente o seu peso eleitoral.

O CDS foi abandonado por cerca de um quarto dos seus eleitores.

O PCP viu deslizar um pouco mais para baixo o seu frágil quinto lugar.

Em termos agregados, PSD +CDS passaram de 40, 54 para 42, 17. No entanto, estão agora à frente do PS por 1,81%, quando nas eleições de Outubro ficaram com 3,99 % de vantagem.

Paralelamente, o BE +PCP passaram de 17, 68 para 16,33, o que sendo uma inflexão ligeira não deixa de representar uma perda de quase 10% desse eleitorado.

Se fossem realizadas novas eleições com resultados correspondentes aos desta sondagem, politicamente, tudo ficaria na mesma com um travo amargo para o CDS e para o PCP e com uma vitória moral do PS que teria resistido à guerra santa que lhe tem movido, quer os “cruzados” quer os “infiéis”.

O PS que tem sido obrigado, pela actual relação de forças, a uma atitude defensiva constataria que havia conseguido resistir sem estragos. A oposição de direita teria pela frente a angústia de não saber o que fazer com um resultado nem carne nem peixe como o que lhe saíra. As outras oposições por certo se preocupariam pelo sinal de subalternidade política estratégica que esses resultados sublinhariam.

Pelo que percebi, a “rafeiragem” anti-PS ficou um pouco mais raivosa com esta sondagem, excedendo-se ainda mais numa campanha negra que começa a descredibilizar mais aceleradamente os seus promotores do que os seus alvos. Parecem esquecer, em particular todos os partidos da oposição, que a sua atitude de atacarem o governo do PS, mas não o derrubarem é uma cobardia política que, não produzindo os efeitos que almejam, os vai desqualificando e destruindo. E atinge, principalmete,não o PS, mas, antes dele, a qualidade da democracia e a credibilidade do país. De facto, cada vez mais é insuportável a hipocrisia objectiva das oposições que atacam o governo como se o quisessem derrubar, mas fogem como o diabo da cruz de o fazer. No máximo, num estilo fanfarrão, os candidatos à liderança do PSD ameaçam com um “qualquer dia”.

Aliás, se nos recordarmos como os barões do PSD discutem a possibilidade de derrubar o actual governo, é curioso ver-se que falam como se tivessem maioria absoluta, cabendo-lhes decidir sózinhos se derrubam ou não o governo.


Não podia haver indício mais claro, do modo como o PSD encara os outros partidos da oposição relativamente a ele próprio: são estrategicamente subalternos. Que o Dr. Paulo Portas queira ser um cordeiro sacrificial do PSD, é uma eventualidade que não me tira o sono. Verificar que as análises que apontam para a subalternidade politica estratégica do BE e do PCP, em face da direita, são assim tão exuberantemente confirmadas, apenas sublinha o que tenho defendido.

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