terça-feira, 2 de março de 2010

A Grécia e o comissário tonto


A direita grega estava no poder desde 2004 e em Outubro passado perdeu as eleições e o governo. Algumas semanas depois, o PASOK (socialista) formou governo. Ao apurar a situação financeira em que o país se encontrava, verificou que tinha atingido a situação difícil em que se encontra.

Assistiu-se então a uma curiosa manobra de hipocrisia europeia. De facto, a inefável Comissão Europeia, hegemonizada pelo Partido Popular Europeu, onde estão ancorados os nossos PSD e CDS, que dormira tranquila enquanto a direita grega ia arruinando paulatinamente o respectivo país, tornou-se rigorosa logo que a responsabilidade política passou para os socialistas gregos.

Aflitos e confinados aos estreitos horizontes, onde se têm deixado encerrar os partidos europeus da Internacional Socialista, os socialistas gregos obedeceram ao receituário neoliberal, retomado sem pudor pela burocracia de Bruxelas, logo que julgou passado o pior da crise. Os trabalhadores gregos perderam a paciência e desceram ás ruas. O governo do PASOK tem vindo a medir cada passo, procurando calibrar sacrifícios e abrir janelas. Os abutres da finança internacional resolveram aproveitar as dificuldades gregas para ganharem mais uns dinheiros. O circo montado pela combinação dos especuladores com as agências de rating, iniciou o espectáculo, ameaçando de contágio outros países, entre os quais o nosso.

Mas foi ontem na Televisão que deparei com o impensável: gregos, gregos e mais gregos, protestando nas ruas; greves de protesto em marcha ou em agenda, contra o excesso de austeridade ou contra o unilateralismo dos sacrifícios, ou contra o confisco de um futuro, que não seja de dificuldade e desespero. Contra o governo, por ter tomado medidas que os atingiam. E no mesmo dia , visitando a Grécia um comissário europeu dá ao governo grego a "solidariedade" assassina, um curto prazo cominatório para apertar, ainda mais, o garrote em torno do povo.

Ora, um responsável político europeu que diz isso, nas circunstâncias em que o fez, ou é um sádico perverso ou um puro e simples imbecil. Não me interessa qual das duas hipóteses é a verdadeira, interessa-me alertar para o risco de termos na União Europeia anões políticos desta canhestrice, em lugares de responsabilidade.

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