Mais uma manifestação do Estranho quotidiano que J.L. Pio Abreu publicou no Destak de 12/3/2010. Deixo-vos com ela devidamente autorizado pelo seu autor. Ouçamos:
O clamor das virgens
"Em 1995, Bill Clinton, acossado por uma matilha de jornalistas, afirmou: “Eu nunca tive relações sexuais com essa mulher, a senhora Lewinski”. Bill Clinton já andava a ser perseguido por vários outros pecadilhos, mas desde que a “amiga” Linda Trip entregou gravações das conversas telefónicas com Mónica Lewinsky ao procurador Keneth Starr, o clamor das virgens não o largou mais.
Mentiu, disseram elas, e tinha antes mentido sob juramento. Perjúrio, clamaram elas. Elas, as virgens transparentes que nunca pregaram uma mentira, que nunca omitiram um facto da sua vida, que não tiveram relações impróprias com ninguém, não falando já, evidentemente, de ter tido relações sexuais. O clamor das virgens não largou mais o presidente, de tal modo que, meses a fio, a nação americana esqueceu tudo o resto para se concentrar na questão semântica: o que significa ter relações sexuais? Clinton acabou por admitir que teria tido relações impróprias com Lewinsky, mas não relações sexuais. Não havia assim mentira nem perjúrio. O clamor das virgens sossegou.
O clamor das virgens anda agora por Portugal, embora seja diferente a sua virgindade. As virgens portuguesas são aquelas que, como se tem visto, nunca dizem senão a verdade. São aquelas que nunca tentaram influenciar a opinião pública, nunca compraram ninguém e, sobretudo, não se venderam. São as que ganham honestamente pelo valor do seu trabalho útil e nada receberam do Estado. Andaram descalças por este país minado e nem sequer sujaram os pés. Milagres da virgindade!"
O clamor das virgens
"Em 1995, Bill Clinton, acossado por uma matilha de jornalistas, afirmou: “Eu nunca tive relações sexuais com essa mulher, a senhora Lewinski”. Bill Clinton já andava a ser perseguido por vários outros pecadilhos, mas desde que a “amiga” Linda Trip entregou gravações das conversas telefónicas com Mónica Lewinsky ao procurador Keneth Starr, o clamor das virgens não o largou mais.
Mentiu, disseram elas, e tinha antes mentido sob juramento. Perjúrio, clamaram elas. Elas, as virgens transparentes que nunca pregaram uma mentira, que nunca omitiram um facto da sua vida, que não tiveram relações impróprias com ninguém, não falando já, evidentemente, de ter tido relações sexuais. O clamor das virgens não largou mais o presidente, de tal modo que, meses a fio, a nação americana esqueceu tudo o resto para se concentrar na questão semântica: o que significa ter relações sexuais? Clinton acabou por admitir que teria tido relações impróprias com Lewinsky, mas não relações sexuais. Não havia assim mentira nem perjúrio. O clamor das virgens sossegou.
O clamor das virgens anda agora por Portugal, embora seja diferente a sua virgindade. As virgens portuguesas são aquelas que, como se tem visto, nunca dizem senão a verdade. São aquelas que nunca tentaram influenciar a opinião pública, nunca compraram ninguém e, sobretudo, não se venderam. São as que ganham honestamente pelo valor do seu trabalho útil e nada receberam do Estado. Andaram descalças por este país minado e nem sequer sujaram os pés. Milagres da virgindade!"
[J. L. Pio Abreu]
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