O Manuel Alegre despediu-se ontem da Assembleia da República. Como é seu timbre, despediu-se olhando para o futuro. É tempo de homenagem. Por mim, vou transcrever um o poema que lhe dediquei e que foi publicado em 2003, no meu livro “Nenhum Lugar e Sempre”.
“A terceira rosa”
para Manuel Alegre
No íntimo de um gesto foi colhida,
a primeira, e logo se perdeu.
Só sabemos ainda que a segunda
é o luar de todos os segredos.
Mas uma de si própria renasceu,
flor da claridade e da memória.
Terceira, por ser antes do princípio
e estar além de tudo, além do fim:
a que se deu inteira a cada cor
e traz em si o cheiro do futuro.
Uma rosa por todos inventada:
foi essa que lançaste a meio da praça,
num gesto de amor e de combate.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
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2 comentários:
É tempo de homenagem , sim.
Singelamente:
Rosa sem tempo
para Manuel Alegre
Foi a voz das puras madrugadas
no tempo
em que o tempo nos mordia
Foi o rosto das caras levantadas
quando
a liberdade
em parto
nos doía
Foi o grito de revolta
redentor
no hora d'ideais entorpecidos
Agora
no momento da precoce despedida
ei-lo
de novo
na grelha de partida
A dar sentido à vida
Caro Gustavo:
Não podia aspirar a um melhor comentário.
Tentei converter o comentário em texto do corpo do blog, mas não consegui sem transformar o poema numa prosa encavalitada. Já me tem acontecido isso com textos meus. mas não sei como evitá-lo, quando tal acontece.
Um abraço
Rui Namorado
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