Acabo de ler no site do DN um texto sobre uma sondagem recente que abaixo transcrevo:
"A distância entre os dois principais partidos nas sondagens é cada vez menor, mas ambos estão a perder potenciais votos e o número de indecisos é cada vez maior. Um estudo da Eurosondagem dá 33% aos socialistas e 31 aos sociais-democratas.
Estes valores representam um empate técnico, pois a margem de erro máxima da sondagem, realizada para a SIC, Expresso e Rádio Renascença, é de 3,04%. Há um mês, outra sondagem da mesma empresa dava 35,1% ao PS e 33% ao PSD, ou seja, ambos perderam cerca de dois por cento de intenções de voto.
À queda do Bloco Central corresponde uma subida do Bloco de Esquerda (10%, mais 0,4) e do CDS-PP (8,5%, mais 1,1). A CDU caiu (9,4%, menos 0,3)."
Estes valores representam um empate técnico, pois a margem de erro máxima da sondagem, realizada para a SIC, Expresso e Rádio Renascença, é de 3,04%. Há um mês, outra sondagem da mesma empresa dava 35,1% ao PS e 33% ao PSD, ou seja, ambos perderam cerca de dois por cento de intenções de voto.
À queda do Bloco Central corresponde uma subida do Bloco de Esquerda (10%, mais 0,4) e do CDS-PP (8,5%, mais 1,1). A CDU caiu (9,4%, menos 0,3)."
Continuamos enfiados num alegado empate técnico com uma vantagem ligeira para o PS. É o meu empate preferido: o que dá vantagem ao PS. Mas não deixa de ser empate, conquanto apenas técnico. No mês anterior, a posição relativa dos dois partidos era a mesma, embora num patamar dois por cento acima. Mais indecisos, diz-se.
Os analistas correntes dirão: aumenta a probabilidade de um resultado final que reproduza esta paisagem, ou seja, uma ligeira vantagem para um dos dois maiores partidos. Sem descartarem esta hipótese, analistas menos lineares alegam que o aumento da indecisão pode apontar noutra direcção: o eleitorado apresta-se para pender para um lado ou para o outro. Por isso, qualquer dos dois partidos pode ainda vir a ter uma vitória ou uma derrota folgadas.
Verifica-se que o conjunto BE/CDU continua instalado em torno dos 20%. E, por outro lado, a subida do PP ao corresponder praticamente à descida do PSD, faz permanecer a direita, no seu todo, à volta dos 40%, patamar onde chegou nas eleições europeias e onde tem estado estacionada.
Razão suficiente para que o PS clarifique, desde já, a sua posição para o caso de a direita ficar abaixo da maioria absoluta, sendo embora o PSD o partido mais votado. E essa posição só pode ser uma: o PS rejeitará qualquer governo de direita, seja ele de um ou de dois partidos. Rejeitará, sublinho; ou seja, não o deixará passar.
Depois, deve desafiar o BE e o PCP a dizerem, desde já, o que farão nessa hipótese. Se o seguirem, mesmo que o PSD seja o partido mais votado, desde que somado ao PP não chegue à maioria absoluta, o Presidente da República deixará de ter legitimidade política para poder nomear um governo minoritário de direita, já que está prévia e publicamente anunciada a sua rejeição na Assembleia.
Se o PS fizer isto, deixará a Drª Ferreira Leite bem mais longe de qualquer sonho de poder e esvaziará a conspiração que, pouco a pouco, se está a tecer à sua volta, no sentido de, se for preciso, o atrairem para a armadilha fatal de se deixar converter numa muleta parlamentar de um governo de direita, constituído pelos que há anos o têm vindo a insultar dia após dia e a combatê-lo pelos mais sujos meios.
Dir-se-á que essa posição tem a desvantagem de implicar que o PS admita que pode não ser o partido mais votado. A isso respondo: a luta política não é um campeonato de futebol e o leader de um partido não é um treinador que tenha que dizer sempre que vai ganhar. Comentar honestamente os vários cenários pós-eleitorais não pode ser encarado como um risco de perder eleitores. Pelo contrário, ser transparente quanto àquilo que pensa fazer, em cada circunstância, é uma obrigação cívica de todos os partidos.
E seguramente que tudo ficaria mais claro. Os eleitores ficariam a dispor de um cenário completo. Depois das eleições as pressões deixariam de fazer sentido. Todos ficariam a saber que o PS seria governo se os eleitores lhe dessem maioria e que se oporia a qualquer governo de direita. Quanto à hipótese de a direita ser minoritária, sendo embora o PSD o partido mais votado, não podendo este formar governo no cenário que defendemos, a possibilidade de ser o PS a formar governo dependeria do Presidente da República e dos outros partidos, devendo o PS estar disponível para essa hipótese mediante um conjunto de condições políticas que certamente poria.
Não fazer isto, é dar campo de manobra aos adeptos do pantanoso bloco central, é atrair sobre si a sofreguidão de todas as pressões, é despediçar uma oportunidade efctiva de recuperar uma parte do apoio eleitoral que se perdeu dentro da esquerda. E, não o esqueçamos, é correr o risco de, num eventual cenário pós-eleitoral ambíguo, trazer para dento do PS o "olho do furacão".